Primeira cirurgia de DBS programável à distância do Nordeste transforma a vida de pacientes com Parkinson
Inovação que chega ao Recife possibilita a realização do procedimento à distância, com o médico e o paciente conectados digitalmente
O Nordeste deu um grande passo na neurocirurgia com a realização da primeira cirurgia de Estimulação Cerebral Profunda (DBS, do inglês Deep Brain Stimulation) programável à distância. Essa técnica inovadora representa um avanço significativo no tratamento da doença de Parkinson e abre novas perspectivas para a área.
No Brasil, estima-se que 200 mil pessoas sofram com a doença de Parkinson, de acordo com o Ministério da Saúde. No Nordeste, no período de 2015 a 2018, foram registradas 616 internações pela enfermidade. Os dados são do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde e do Departamento de Tecnologia da Informação do SUS (DATASUS).
Na região, a doença é mais incidente entre pessoas de 65 a 69 anos. No período analisado, foram registrados 28 óbitos no Nordeste, atrás apenas do Sudeste.
Cirurgia de DBS
A equipe do neurocirurgião Antônio Marco, do Hospital Jayme da Fonte, foi a responsável por realizar o procedimento, utilizando o aro de estereotaxia de tecnologia alemã, importante para melhores resultados da cirurgia.
O DBS consiste num tratamento que usa estímulos gerados pelos eletrodos e é controlada por um aparelho semelhante a um marca-passo que é implantado sob a pele na região do peito do paciente. A cirurgia, que é bem estabelecida, segura e eficaz, também pode ser realizada à distância.
“O procedimento à distância não requer que o paciente compareça ao consultório médico, possibilitando a realização no conforto da casa do paciente. Do meu laptop eu faço a programação diretamente do aparelho DBS do paciente”, explica o médico.
O neurocirurgião ressalta que a qualidade da internet é essencial para a realização da cirurgia: “Desde que tenha uma internet adequada, nós temos a capacidade de fazer essa programação sem nenhum problema. E, de acordo com a própria resposta do paciente, nós podemos diminuir e aumentar a corrente elétrica, podendo fazer a programação diferente de todas formas.”
Para realizar o procedimento, Antônio afirma que é necessário uma equipe médica composta por neurocirurgiões treinados em neurocirurgia funcional, um anestesista, uma instrumentadora e um técnico que ajuda a fazer os cálculos.
O neurocirurgião explica também como é realizado o procedimento. “Antes de se realizar a cirurgia na cabeça do paciente, é feita digitalmente toda a programação cirúrgica na própria sala de cirurgia. Com o laptop, visualizamos a trajetória, o alvo a ser implantado e confirmamos tudo isso. Esses dados são transmitidos para a estereotaxia, que é um aparelho com precisão milimétrica para se alcançar o alvo cirúrgico.”
Após a colocação do implante, é necessário que o paciente seja submetido a um acompanhamento permanente, para a regulação do implante às possíveis alterações do quadro.
Em relação ao futuro da neurocirurgia, Antônio se mostra otimista: “Com a experiência e avanço da tecnologia, nós vamos precisar de um menor tempo para realizar as cirurgias, com maior segurança, menores riscos para os pacientes e com confirmação da precisão dessas técnicas.”
Jayme da Fonte
Além de ter realizado a primeira cirurgia de DBS programável à distância do Nordeste, o Hospital Jayme da Fonte se destaca pelo uso de tecnologia de ponta que permite cirurgias e tratamentos com alto nível de complexidade e precisão.
A instituição também conta com reconhecidos especialistas, além de um moderno centro diagnóstico por imagem.