Só havia 2 PMs na cidade de São João no momento da chacina que deixou 5 mortos

Dez pessoas foram atingidas por tiros, na noite dessa quinta-feira (26), no município de São João. Cinco delas, incluindo uma bebê, morreram
Raphael Guerra
Publicado em 27/01/2023 às 9:34
Chacina deixou cinco pessoas mortas em São João, no Agreste de Pernambuco Foto: REPRODUÇÃO/WHATSSAPP


Só havia dois policiais militares fazendo a segurança do município de São João, no Agreste de Pernambuco, na noite dessa quinta-feira (26), enquanto ocorria uma chacina. No ataque a tiros, cinco pessoas foram mortas - entre elas uma bebê de 2 anos. 

A Coluna Segurança teve acesso à escala de plantão da PM. Nela, constam os nomes de um sargento e de um soldado para o plantão finalizado às 8h desta sexta-feira (27). 

O documento é uma prova do que há muito vem sendo denunciado pela população, principalmente quem vive nas cidades do interior: falta policiamento nas ruas para garantir a segurança. 

Segundo a Polícia Militar de Pernambuco, faltam 10.950 profissionais na corporação. Deveriam ter 27.672 PMs na ativa, mas só há 16.722. Os dados foram atualizados em julho de 2022.

A coluna solicitou resposta da PM sobre a falta de policiamento na cidade de São João e ainda aguarda retorno.

GUERRA DO TRÁFICO DE DROGAS NO AGRESTE

A chacina no município de São João é uma tragédia anunciada. O crescimento dos assassinatos na região vem sendo observado pela polícia desde o final de 2021. E a guerra entre grupos rivais pelo domínio do tráfico de drogas é a principal motivação para tantos crimes. 

São João tem cerca de 23 mil habitantes, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Só no ano passado, oito assassinatos foram somados pela polícia. Desse total, quatro foram no último mês de dezembro - o que já chama a atenção para a tendência de avanço da criminalidade e necessidade de mais reforço de policiamento.

O município de Garanhuns, vizinho a São João, também apresentou crescimento de homicídios. Foram 65 assassinatos em 2022. Ao longo de todo o ano de 2021, foram 46 mortes. Lá, como a polícia mesmo já confirmou, o problema está na disputa por território para venda de drogas. 

Na região do Agreste de Pernambuco, 841 homicídios foram registrados no ano passado. Já em 2021, foram 771. Operações de repressão qualificada foram realizadas pela polícia ao longo de 2022, mas, como se vê, não foram suficientes para diminuir a violência e evitar a chacina ocorrida nessa quinta-feira. Resta saber quais novas medidas o governo do Estado vai adotar para trazer de volta a tranquilidade da população que vive no interior. 

ENTENDA A CHACINA EM SÃO JOÃO, NO AGRESTE DE PERNAMBUCO

REPRODUÇÃO - De acordo com dados disponíveis no site da SDS, a cidade de São João registrou oito homicídios em 2022, sendo que quatro deles ocorreram no mês de dezembro

A Polícia Civil de Pernambuco confirmou, na manhã desta sexta-feira (27), que subiu para cinco o número de pessoas mortas no ataque a tiros registrado, na noite dessa quinta-feira (26), no município de São João, Agreste de Pernambuco. Entre as vítimas da chacina está uma bebê de apenas 2 anos.

Segundo as investigações, homens armados se aproximaram das pessoas que estavam em um espetinho, no centro da cidade. O grupo já chegou atirando. Dez pessoas foram baleadas - três delas morreram na hora e duas no Hospital Dom Moura, em Garanhuns. As outras cinco feridas seguem internadas. 

Morreram: Vinícius Ravelly Ferreira Cavalcante, de 27 anos; Lucas Pereira Andrade, 23; Valderlan Vinícius Bezerra Alves, 27; Durval Roberto Pereira Neto, 21; e Maria Sophia Gonçalves da Silva, 2. 

"Pelas apurações iniciais, a investida criminosa seria motivada pela rixa entre grupos ligados ao tráfico de drogas", informou, em nota, a Polícia Civil. 

Até agora, nenhum suspeito de envolvimento na chacina foi preso. 

Em nota, a Prefeitura de São João declarou que uma uma comitiva foi para o Recife para solicitar uma reunião de emergência com a governadora Raquel Lyra "para que possa ser viabilizada uma intervenção na segurança pública municipal".

A prefeitura disse ainda que pretende pedir ao governo do Estado que "os comandos dos órgãos de segurança assumam as investigações sobre esse caso específico e possam tomar medidas severas contra a criminalidade, reprimindo com veemência os atos criminosos".

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