Canibalismo no Brasil: Por onde andam os "Canibais de Garanhuns", presos em Pernambuco há 12 anos?
Trio que ficou conhecido mundialmente confessou que matava mulheres e comia a carne humana. Também teria feito salgados com os restos mortais
No Brasil, há 12 anos, foi descoberto pela polícia um trio que matava mulheres e praticava canibalismo. Jorge Beltrão Negromonte da Silveira, Isabel Cristina Torreão Pires e Bruna Cristina Oliveira da Silva ficaram conhecidos como os "Canibais de Garanhuns".
Eles foram presos, em 11 de abril de 2012, no município de Garanhuns, no Agreste de Pernambuco, após confessarem os assassinatos de mulheres que estavam desaparecidas na região.
Os restos mortais estavam enterrados na casa onde o trio morava, com uma criança de 5 anos - filha de uma das vítimas.
Na delegacia, Isabel deu o depoimento mais surpreendente. Confessou que, além do canibalismo, o trio fazia empadas com os restos mortais das vítimas. Os salgados eram vendidos pelas ruas de Garanhuns, segundo ela. Forminhas foram encontradas na residência.
Desenhos macabros e um livro com textos confusos e perturbadores feitos por Jorge, também foram achados e investigados pela polícia.
CANIBAIS de GARANHUNS: o caso pernambucano que chocou o MUNDO
Eles chegaram a falar em até oito mulheres vítimas do "Cartel", uma suposta seita criada para diminuir a população do planeta - sob o argumento que aquelas mulheres atraídas pelo trio com a promessa de emprego deveriam ser mortas porque eram mães solteiras e não tinham condições de criar os seus filhos.
Depois que as vítimas eram assassinadas e esquartejadas, partes dos corpos eram comidos pelo trio e também pela criança que, na verdade, era filha da primeira vítima.
As vítimas dos Canibais de Garanhuns
Jéssica Camila da Silva Pereira tinha 17 anos quando foi vista pelos canibais, em 2008. Ela estava com a filha nos braços andando pelas ruas do bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife. Recebeu uma proposta de emprego como doméstica e aceitou. Na época, Jorge, Bruna e Isabel viviam numa casa no bairro de Rio Doce, em Olinda, também no Grande Recife. Meses depois, Jéssica foi morta.
Somente com a prisão, em 2012, a polícia investigou o desaparecimento dela e descobriu que restos mortais ainda estavam escondidos em paredes da casa. Exames de DNA comprovaram a identidade da vítima. Em depoimento à polícia, o trio contou que comeu a carne humana da adolescente e ainda deu para a criança - na época com idade entre 2 e 3 anos.
As outras vítimas foram Alexandra Falcão da Silva e Giselly Helena, cujos corpos foram encontrados enterrados na residência do trio em Garanhuns. As duas também haviam sido atraídas com propostas de empregos de babás, já que Isabel e Jorge se apresentavam como verdadeiros pais da criança.
Depois de meses de investigações, a polícia só conseguiu confirmar três assassinatos praticados pelo trio.
Como estão hoje os Canibais de Garanhuns?
Os Canibais de Garanhuns foram condenados por todos os crimes. O trio continua cumprindo as penas em regime fechado. Isabel e Bruna estão na Colônia Penal Feminina de Buíque. Já Jorge Beltrão está na Penitenciária Barreto Campelo, em Itamaracá.
No júri popular relacionado à morte de Jéssica, em 2014, Jorge foi condenado a 21 anos e seis meses de prisão e um ano e seis meses de detenção. Isabel e Bruna receberam as mesmas penas: 19 anos de prisão e um ano de detenção.
O Ministério Público recorreu em segunda instância e, em 2019, houve aumento das penas. Jorge recebeu 27 anos de prisão e um ano e meio de detenção. Isabel e Bruna passaram para 24 anos de prisão e um de detenção.
Mas, em dezembro de 2021, o recurso da defesa foi aceito pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), que reduziu novamente as penas dos Canibais de Garanhuns, graças à exclusão de algumas qualificadoras. Jorge passou para 18 anos e quatro meses de prisão e um ano de detenção. As duas mulheres ficaram com 17 anos e 8 meses de reclusão e um ano de detenção.
Em relação às mortes das vítimas em Garanhuns, Jorge recebeu a pena de 71 anos de prisão. Isabel pegou 68 anos. E Bruna foi condenada a 71 anos e dez meses de prisão. A defesa recorreu da sentença, mas a 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) manteve as condenações.