Uma grávida perdeu o bebê que estava esperando após ser baleada numa praça no Cabo de Santo Agostinho, na noite dessa segunda-feira (1º). No tiroteio, um homem também morreu e outro ficou ferido. A Polícia Civil está investigando o caso.
O crime aconteceu por volta das 22h, na praça do Dendê, no bairro da Charnequinha. Testemunhas contaram à TV Jornal que os criminosos já chegaram atirando. O alvo era um homem identificado como Marcos Ferreira da Silva, de 46 anos, que foi baleado e morreu após ser socorrido e encaminhado ao Hospital Mendo Sampaio, também no Cabo.
A gestante de 22 anos, que estava no sétimo mês de gravidez, foi atingida por um tiro nas nádegas. Ela foi levada ao mesmo hospital, mas, devido à gravidade, precisou ser transferida para o Hospital Barão de Lucena, no Recife.
Lá, os médicos realizaram uma cesária de emergência e descobriram que o tiro atingiu a cabeça do bebê, que não resistiu. A mulher está internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Um homem de 53 anos, atingido no braço, também foi encaminhado ao hospital.
A Polícia Civil está investigando a motivação do crime. Até agora, nenhum suspeito foi preso.
A polícia pede que quem tiver informações sobre o caso entre em contato com a Ouvidoria da Secretaria de Defesa Social (SDS), pelos números: 0800-0815001 e (81) 9.9488-3455. O atendimento funciona de segunda a sexta das 07h às 19h.
"As investigações seguem em andamento até o esclarecimento do crime", disse a Polícia Civil, em nota.
FAMÍLIA DE GRÁVIDA ESTÁ ARRASADA
A família da mulher grávida está inconsolável. O quarto e o enxoval estavam prontos, aguardando a chegada do bebê.
Sem se identificar, a mãe da mulher baleada fez um desabafo.
"Eu escultei os gritos daqui (de casa). Corri e tinha muita gente lá. Quando me aproximei, minha filha gritava: 'Meu filho, meu filho', com a mão na barriga. Não consegui nem falar com ela", disse.
"Era meu primeiro neto homem. A gente estava esperando com tanto amor e carinho. E aconteceu isso com ele, infelizmente. Deus está à frente de tudo, mas a dor de uma mãe nunca passa. Nem a minha dor vai ser superada", completou.
ONDA DE VIOLÊNCIA NO CABO DE SANTO AGOSTINHO
Moradores do Cabo de Santo Agostinho voltaram a viver dias de medo. Além do tiroteio no bairro da Charnequinha, uma chacina, com quatro mortos, foi registrada na última sexta-feira (28).
Três homens e uma mulher foram mortos a tiros em uma casa de taipa localizada no Engenho Tapugi de Baixo. Os criminosos fugiram em seguida.
As vítimas foram identificadas como Márcio Silvino dos Santos, de 35 anos, Alexandro Luiz da Silva, 31, Robson Manoel Moraes, 28, e Larissa Silva Vanderlei, 22. Uma quinta pessoa conseguiu fugir de moto do local.
A principal linha de investigação da polícia é de o crime tenha sido motivado pela disputa pelo tráfico de drogas no município de Moreno, que fica vizinho ao Cabo de Santo Agostinho.
Em nota, nesta terça-feira (2), a Polícia Civil afirmou que nenhum suspeito foi preso por enquanto e que as investigações continuam para elucidar o caso.
NÚMEROS DA VIOLÊNCIA NO CABO DE SANTO AGOSTINHO
De 1º de janeiro a 31 de março de 2023, a polícia somou 27 homicídios no Cabo de Santo Agostinho. Desse total, 24 vítimas eram do sexo masculino e três do sexo feminino.
Já no mesmo período de 2022, a polícia registrou 56 homicídios no município. Do total, 54 eram do sexo masculino, um do sexo feminino e um não informado.
Os números da violência no mês de abril devem ser divulgado na próxima sexta-feira (5) pela Secretaria de Defesa Social.
DISPUTA PELO TRÁFICO DE DROGAS ELEVOU HOMICÍDIOS NO CABO DE SANTO AGOSTINHO
Nos últimos anos, os homicídios no Cabo de Santo Agostinho cresceram e chamaram a atenção pela a guerra pelo domínio do tráfico de drogas no município.
O Cabo apareceu em 2º lugar no ranking das cidades brasileiras com maior taxa de homicídios por 100 mil habitantes no ano de 2000. O resultado foi divulgado no Anuário Brasileiro de Segurança Pública, produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2021.
Em janeiro de 2022, 30 pessoas foram assassinadas no Cabo. Foi o mês mais violento do município desde o início de 2004, quando os números começaram a ser somados pela SDS.
Até então, o mês com mais assassinatos no Cabo havia sido em fevereiro de 2008, quando 24 pessoas foram mortas.
Nos dois últimos anos, operações de repressão qualificada foram intensificadas para combater os grupos criminosos especializados no tráfico de drogas. Apesar disso, o número de mortes violentas permanece alto.
