GOE apura sumiço de armas de fogo na Delegacia de Boa Viagem
Polícia Civil confirma a investigação, mas mantém sigilo sobre o número de armas furtadas da unidade
De novo, a falta de segurança nas unidades policiais de Pernambuco é evidenciada. A Polícia Civil descobriu que armas de fogo, que estavam em uma sala de investigação da Delegacia de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, sumiram.
O furto está sendo apurado, sob total sigilo, pelo Grupo de Operações Especiais (GOE). "Não é possível fornecer mais informações no momento para não comprometer as diligências em curso", informou a assessoria da Polícia Civil, por meio de nota, nesta segunda-feira (15).
A data da descoberta e o número de armas de fogo que foram furtadas da delegacia não foram informados pela assessoria, sob o argumento de que o delegado responsável pela investigação não autorizou.
A assessoria da Polícia Civil também foi questionada se algum servidor da delegacia havia sido afastado após o sumiço, mas não houve resposta.
Não é a primeira vez que a falta de controle de armas de fogo é exposta em Pernambuco. No começo de 2021, a Polícia Civil descobriu o desvio de mais de 1,1 mil armas de fogo que estavam guardadas em um depósito da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), no bairro de São José, área central do Recife.
Por uma falha grave de segurança, no interior do setor de armaria não havia câmeras. Mas havia uma do lado de fora, apontada para a porta de entrada. Foi descoberto, no entanto, que o equipamento não funcionava 24 horas por dia.
A investigação apontou que as armas e mais de 3 mil munições foram desviadas e vendidas para facções criminosas, por valores que variavam de R$ 6,3 mil a 6,5 mil, cada uma. Já as submetralhadoras custavam R$ 22 mil nesse comércio ilegal. Cinco policiais civis foram identificados como participantes do esquema.
O processo criminal conta 19 pessoas (um policial faleceu dias após ser preso) e segue em andamento no Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), sem prazo para a sentença.
GRUPO DE TRABALHO ESTUDA MAIS CONTROLE DAS ARMAS
Na semana passada, o secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, determinou a criação de um grupo de trabalho para elaborar ações de controle e rastreamento das armas de fogo no Estado.
Desde o ano passado, esse já é o terceiro grupo de trabalho relacionado ao tema. E as estatísticas da própria SDS justificam essa preocupação. Das 3.637 mortes violentas intencionais somadas pela polícia em 2023, as armas de fogo foram usadas em 81% delas.