Uma operação, deflagrada nesta terça-feira (21), prendeu policiais militares, empresários e CACs (Colecionadores, Atiradores e Caçadores) em Pernambuco, Bahia e Alagoas. De acordo com as investigações, os PMs lideravam uma organização especializada no comércio ilegal de armas de fogo e munições para facções criminosas.
A operação Fogo Amigo, como está sendo chamada, é uma ação integrada entre Polícia Federal, Exército, promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado) da Bahia e de Pernambuco e Polícia Militar dos dois estados.
Ao todo, 325 policiais federais saíram às ruas para cumprir 20 mandados de prisão preventiva e 33 mandados de busca e apreensão nas cidades de Juazeiro (BA), Salvador (BA), Santo Antônio de Jesus (BA), Porto Seguro (BA), Lauro de Freitas (BA), Petrolina (PE) e Arapiraca (AL).
As investigações foram iniciadas há cerca de um ano, após denúncias de que uma facção criminosa estava sendo instalada em Juazeiro e que estaria recebendo armas e munições para cometer homicídios na região.
"Identificamos uma grande quantidade de armas que eram distribuídas para a facção em Juazeiro e para outra em Salvador. (...) É mais uma prova do combate que é realizado o tempo todo, justamente com o objetivo de tentar limpar a nossa casa. É muito ruim para as polícias trabalhar com policiais que estão vestindo a camisa, mas que estão jogando do outro lado", afirmou Rodrigo Motta, delegado-regional da Polícia Federal na Bahia, durante um breve pronunciamento nesta manhã.
"São pessoas que não eram para estar como policiais, recebem a farda, recebem a carteira, recebem uma arma, mas preferem praticar o crime do que cometer o crime. Enquanto a gente estiver identificando policiais de qualquer forma envolvidos na prática de crimes, vamos estar investigando para chegar ao resultado como o de hoje", completou Motta.
Entre os presos há um ex-subcomandante da PM lotado em Salvador, um capitão, oito praças, um bombeiro militar e um sargento lotado no 5º Batalhão da PM, em Pernambuco. Os outros alvos são empresários e CACs.
Até a última atualização, 18 mandados de prisão já haviam sido cumpridos. Nas primeiras horas da operação, também houve confronto no bairro São Gonçalo do Retiro, em Salvador. O suspeito Diego do Carmo dos Santos, apontado como um dos compradores das armas vendidas pelos policiais, foi baleado. Ele foi socorrido e encaminhado a uma unidade de saúde. O estado dele não foi revelado.
BLOQUEIO DE R$ 10 MILHÕES
A Justiça Federal determinou ainda o sequestro de bens e bloqueio de valores de até R$ 10 milhões dos investigados, além da suspensão da atividade econômica de três lojas que comercializavam material bélico de forma irregular.
O Exército Brasileiro realizou ainda fiscalização e fechamento de lojas que comercializam armas, munições e acessórios controlados nos municípios de Juazeiro e Petrolina.
Fogo Amigo faz alusão ao fato de que os policiais vendem armas e munições de forma ilegal para criminosos faccionados e que acabam sendo utilizadas contras os próprios órgãos de segurança pública.
CRIMES
Os investigados responderão pelos crimes de Organização Criminosa, Comercialização ilegal de armas e munições, Lavagem de Dinheiro e Falsidade Ideológica. Em caso de condenação, as penas somadas podem chegar a 35 anos de reclusão.