INVESTIGAÇÃO

Polícia investiga dois casos de abuso sexual em creche no Recife

Mãe afirmou que a filha de 3 anos se queixou de dores nas partes íntimas e disse que o professor da unidade a teria tocado várias vezes

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JC

Publicado em 27/05/2024 às 15:10 | Atualizado em 28/05/2024 às 8:53
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*Com informações da repórter Priscilla Cavalcanti, da TV Jornal

A Polícia Civil investiga dois casos de abuso sexual infantil que teriam ocorrido em uma creche municipal localizada no Morro da Conceição, na Zona Norte do Recife. Uma mãe afirmou que a filha de 3 anos se queixou de dores intensas na região genital e não estava conseguindo urinar. Após muita insistência da responsável para saber o que houve, a criança afirmou que um professor da unidade de ensino teria tocado em suas partes íntimas após o banho. 

O caso foi registrado na última terça-feira (21), na Delegacia da Mulher, mas já foi encaminhado para o  Departamento de Polícia da Criança e do Adolescente. Em entrevista à TV Jornal, nesta segunda-feira (27), a mãe da menina disse que já tinha procurado a creche para saber quem era responsável por dar banho nas crianças, e como resposta foi informada que essa era uma função das professoras. A menina estava matriculada na instituição há um mês.

"No segundo dia que ela foi para creche, ela questionou que tinha um tio na escola e que ele teria dado um banho nela. Perguntei se ela tinha certeza e ela me disse que sim. Para mim isso é inadmissível porque nem o pai dela nunca trocou uma fralda, não por desconfiança, mas porque nunca nos sentimos confortáveis em relação a isso", disse a mãe, que por questões de segurança não será identificada. 

"No outro dia fui falar diretamente com a diretora, questionei como funcionava essa questão dos banhos. Ela até veio falar sobre os horários dos banhos, mas disse a ela que não queria saber sobre isso, queria saber quem eram os responsáveis por dar os banhos nas crianças. Ela me disse que seriam as professoras e que esse professor  é apenas da parte pedagógica", explicou.

Após passar 15 dias afastada da creche por estar doente, a criança retornou para sua rotina normal, e disse que quem teria dado banho desta vez foi uma professora. No entanto, no dia seguinte, depois de buscar a a menina na escola, a criança relatou que estava sentindo muitas dores e que não conseguia nem urinar. A mãe insistiu para saber o que teria ocorrido e a menina de três anos disse que o "tio" a tocou várias vezes. Ela reconheceu o professor em uma foto com os profissionais da unidade de ensino.

Ainda segundo a mãe, a menina disse que o professor esperou ela sair do banho para praticar o abuso. A criança passou por exame sexológico no Instituto de Medicina Legal (IML), e também por uma escuta especial.

MENINO DE DOIS ANOS TAMBÉM TERIA SOFRIDO ABUSO

Após a denuncia vir a público, outra mãe procurou a polícia e registrou um boletim de ocorrência contra o mesmo funcionário da creche. Segundo ela, que também não será identificada, o filho de 2 anos, que tem espectro autista, está bastante assustado e não quer voltar para creche.

Além de estar apresentando um comportamento mais agressivo, o menino também está com medo de tirar a roupa e tem se queixado de dores nas partes íntimas. "Tudo isso gerou uma suspeita. Eu procurei a creche e eles informaram apenas que o profissional foi afastado e que as filmagens das câmeras já estavam no DPCA", disse a mãe da criança.

A advogada Gabriela Silva está acompanhando os dois casos e acredita que podem surgir mais vítimas. "Pedimos que as mães, ao identificarem indícios semelhantes em seus filhos, que procurem uma das mães que estão aqui, porque até o momento a instituição não demonstrou muito interesse em prestar assistência diretamente. Inclusive, um dos responsáveis pela creche divulgou uma nota dando indicativos de que a criança ou alguém que chegou a prestar uma entrevista, estaria mentindo", afirmou a advogada, em entrevista a TV Jornal

Ainda de acordo com Gabriela Silva, no caso da primeira menina de três anos, apesar de o laudo oficial sair em 30 dias, os médicos que a examinaram ficaram bastante abalados com o quadro e constaram que houve o abuso. "A segunda criança, por se tratar de uma criança muito pequena e que não tem a capacidade plena de fala, ela não vai conseguir passar pela escuta especializada, mas vai conseguir realizar o exame de corpo de delito, responsável por comprovar se  houve a consumação do abuso", explicou. 

A advogada das duas mães explica que até o momento não teve acesso as imagens das câmeras. 

INQUÉRITO INSTAURADO

A Polícia Civil já está investigando o caso, registrado como estupro de vulnerável. "As diligências foram iniciadas imediatamente após o registro da ocorrência", informou por nota. 

Também por nota, a Prefeitura do Recife disse que "repudia veementemente todo e qualquer tipo de assédio ou violência dentro das unidades de ensino que compõem a rede municipal e informa que a Secretaria de Educação está acompanhando de perto as investigações envolvendo uma criança de 2 anos vítima de abuso".

A Secretaria de Educação informou que a unidade de ensino localizada no Morro da Conceição, é uma unidade em parceria e que o profissional citado no envolvimento do caso da criança não compõe o quadro de docentes da Rede Municipal de Ensino do Recife. "A pasta informa também que está ciente do caso relatado pela família da criança, já conversou com a equipe de gestão da creche e que o profissional foi desligado da unidade de forma imediata", finalizou o comunicado. 

A instituição de ensino também se pronunciou, por meio de nota, alegando que está comprometida a colaborar com as autoridades competentes na investigação e apuração do caso. "Reiteramos nosso compromisso em promover um ambiente seguro e acolhedor para todas as crianças, repudiando veementemente quaisquer atos que violem sua dignidade e integridade", afirmaram os responsáveis. 

"Estamos tomando as medidas cabíveis, uma dela é informar que o 'professor' citado, já não faz parte do nosso quadro, bem como a disposição para esclarecimento e apoio, não recebemos notificação oficial dos órgãos competentes sobre tal ocorrência. Ressaltamos que não temos conhecimento de relatos de suspeitas por parte dos familiares da criança, mas sim por terceiros. Seguimos firmes em nosso propósito de contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e compassiva", declarou a creche no comunicado. 

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