Polícia suspeita que dono de empresa bet comprou brinco de R$ 329 mil com dinheiro em espécie

Investigadores acreditam que compras de joias e relógios foram uma das formas usadas por Darwin Henrique da Silva Filho na lavagem de dinheiro

Publicado em 25/09/2024 às 11:42 | Atualizado em 25/09/2024 às 14:09

O empresário Darwin Henrique da Silva Filho, dono da empresa de apostas Esportes da Sorte, teria comprado joias de ouro e relógios de marcas famosas com dinheiro em espécie como forma de ocultar valores obtidos nos jogos do bicho e de azar. A informação consta no inquérito da Polícia Civil de Pernambuco remetido ao Poder Judiciário na semana passada.

Darwin é o principal alvo da Operação Integration, que investiga uma organização criminosa por lavagem de dinheiro e prática ilegal de jogos de azar. Ao todo, 22 pessoas foram indiciadas, incluindo a advogada Deolane Bezerra e o cantor sertanejo Gusttavo Lima.

No inquérito consta que Darwin compou um brinco de ouro no valor de R$ 329 mil no dia 9 de maio de 2023. Além disso, em 21 de junho de 2022, adquiriu um colar de ouro custando R$ 119.639,44. 

A polícia afirmou que as duas compras ocorreram possivelmente com dinheiro em espécie, uma vez que os gastos não constam na Declaração de Operações com Cartões de Crédito (Decred) dele nos meses de junho de 2022 e maio de 2023. 

No relatório da polícia, cujo sigilo foi retirado pela juíza Andréa Calado da Cruz, consta ainda que Darwin comprou dois relógios da marca Rolex nos dias 19 de maio de 2022 e 17 de junho do mesmo ano, cuja soma totalizou R$ 291.900. Possivelmente também com dinheiro em espécie. 

O inquérito da Polícia Civil foi analisado pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE), que devolveu e solicitou diligências complementares. Não há prazo para conclusão. 

QUEM É DARWIN FILHO?

Darwin Filho é CEO da Sports Entretenimento e Promoção de Eventos (Esportes da Sorte). Junto com o pai, Darwin Henrique da Silva Filho, e a tia, Dayse Henrique da Silva, são sócios da banca do bicho Caminho da Sorte.

Segundo a polícia, a função dele era ocultar valores oriundos da infração penal da banca Caminho da Sorte.

Entre janeiro e julho de 2019, por exemplo, ele recebeu R$ 947.550 oriundos de 339 depósitos em espécie, tanto nos guichês de caixa quanto nos terminais eletrônicos, em dias sequenciais ou na mesma data e local.

Também recebeu R$ 650 mil em quatro transações realizadas pela mãe, Maria Aparecida Tavares de Melo.

Darwin também é suspeito de dissimular a natureza dos valores provenientes dos jogos ilegais da Esportes da Sorte ao receber a quantia de R$ 3,9 milhões em cinco PIXs e quatro transferências entre os dias 5 de maio e 3 de novembro de 2023.

Outras movimentações milionárias são citadas no inquérito. Além da compra de uma Ferrari Purosangue, no valor de mais de R$ 7 milhões, adquirida possivelmente à vista em 24 de julho de 2024, como forma de ocultar valores adquiridos nos jogos do bicho e de azar. Veículo de luxo foi apreendido após operação.

Darwin se entregou à Polícia Civil em 5 de setembro, um dia após a deflagração da Operação Integration. Ele permaneceu no Centro de Observação Criminológica e Triagem (Cotel), em Abreu e Lima, até terça-feira (24). 

O QUE DIZ A ESPORTES DA SORTE?

Em nota à imprensa, após a operação, a empresa Esportes da Sorte declarou que "desde março de 2023, tem prestado todos os esclarecimentos necessários nos autos do inquérito policial em curso, através de diversas petições e documentos apresentados pelo escritório Rigueira, Amorim, Caribé e Leitão – Advocacia Criminal".

"As atividades de aposta de cotas fixas da empresa cumprem rigorosamente a Lei n.º 13.756/2018 e Lei 14.790/2023 com excelência jurídico-regulatória e acompanhamento de auditoria independente e sistema de compliance", pontuou a nota.

 

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