Governo define primeiro presídio de Pernambuco que terá bloqueador de celular
Tecnologia será usada para tentar evitar que líderes de grupos criminosos consigam se comunicar com quem está fora das unidades prisionais

O sistema prisional de Pernambuco finalmente vai aderir ao uso de bloqueadores de celular para evitar a comunicação de criminosos presos com quem está fora das unidades. O governo estadual prevê que a tecnologia começará a ser adotada nos próximos meses.
Em entrevista à coluna Segurança, o secretário de Administração Penitenciária e Ressocialização, Paulo Paes, afirmou que o Complexo Prisional de Araçoiaba, no Grande Recife, será o primeiro a receber os bloqueadores no Estado. A escolha, segundo ele, tem relação com a distância das unidades prisionais com as áreas urbanas.
"Nas unidades antigas, como o Complexo Prisional do Curado, no Recife, a gente verificou que o bloqueador afetaria também a comunidade. Fizemos as visitas em outros estados e vimos em todos os presídios onde a tecnologia foi adotada eram longe da zona urbana", explicou Paes.
A previsão é de que duas unidades do Complexo Prisional de Araçoiaba sejam entregues em abril, mas ainda vão passar por algumas alterações antes de começar a receber os presos.
"Elas são femininas, mas nós vamos mudar o plano de trabalho para que sejam masculinas, porque Araçoiaba é muito distante para que a gente coloque mulheres lá dentro. A mulher no sistema prisional já não tem tanta assistência quando mora perto da família, imagina a gente colocar mais distante? Deve demorar mais cerca de dois meses essa adaptação", afirmou.
O secretário garantiu que os bloqueadores já estão instalados quando as unidades de Araçoiaba começarem a receber os presos. "A gente está nesse processo de adquirir os bloqueadores. Já fizemos contato com algumas empresas."
Ao todo, 1.164 vagas estão previstas no Complexo, que terá ainda a terceira unidade entregue em agosto - segundo o gestor estadual.
As obras em Araçoiaba tiveram início há mais de dez anos, na gestão do PSB, mas os serviços nunca foram concluídos. Nesta atual fase, a obra recebeu investimento de R$ 30,8 milhões, a partir de recursos federais e contrapartida estadual.
BLOQUEADORES JÁ FORAM TESTADOS EM PERNAMBUCO
Bloqueadores de celulares, com tecnologia indiana, foram testados no Complexo Prisional do Curado em 2014. O governo estadual informou, na época, que 85 pares de antenas foram adquiridos para o interior dos três presídios do Complexo.
Mas os resultados nunca foram satisfatórios. Enquanto moradores do bairro do Tejipió, onde está localizado o Complexo, reclamavam que estavam sendo prejudicados por causa da falta de sinal de celular, a gestão estadual identificou que ao menos parte dos presos continuava com a comunicação normalmente.
ISOLAMENTO DE ALVOS PRIORITÁRIOS
O secretário declarou ainda que os novos presídios vão receber presos considerados alvos prioritários, com base no grau de periculosidade e articulação com facções.
Isso já vem sendo adotado nas unidades de Itaquitinga, localizada na Mata Norte, e em Tacaimbó, no Agreste.
"São presos que tem relatório técnico da inteligência do Estado. Esses relatórios são encaminhados e a gente, através desses relatórios, isola esses alvos. Se falava antigamente nos 100 piores, eu já vou com uns 400 piores", disse Paes.
O governo estadual avalia que o isolamento de líderes de facções tem sido fundamental para a queda das mortes violentas intencionais no Estado. No ano passado, 3.441 pessoas foram assassinadas. A redução foi de 5,4% em relação a 2023.