Convidei um time de excelentes surfistas para escolherem os “picos” onde quebram as melhores ondas do Brasil para a prática do surfe. Entre os escolhidos estão surfistas profissionais que atuam nos circuitos da Word Surf League (WSL) do quilate de Silvana Lima e Alan Donato, os surfistas de ondas gigantes encabeçados pelo bicampeão mundial Carlos Burle, Ademir Calunga e Alexandre Ferraz, os experientes competidores masters campeões brasileiros Pedro Lima e Cláudio Marroquim, que também é shaper, além do campeão mundial e ídolo nacional Fábio Gouveia e Raoni Monteiro que integraram a elite do surfe mundial competitivo, representando os “free surfers” foi convidado Paulo “Smurf” Veloso que viaja pelo mundo a procura de ondas perfeitas e o descobridor de ondas, shaper e referência para várias gerações Piet Snel.
Foram 45 ondas citadas nas listas destas “feras” do surfe nacional em praias espalhadas por mais de sete mil quilômetros do extenso litoral brasileiro. A competidora da primeira divisão do circuito da WSL, a cearense Silvana Lima elegeu como sua onda favorita as direitas do seu pico local Ronco do Mar em Paracuru e disse: “As direitas são minhas preferidas e o nordeste esta em primeiro lugar”. Ela também demonstrou um carinho especial pelas ondas do Recreio, Macumba e Prainha, que quebram no Rio de Janeiro, perto da sua atual casa.
Já o potiguar “big rider” Ademir Calunga prefere os “point breaks”, que quebram em fundos de pedras, com ondas gigantes e tubulares. Cada um desses experientes surfistas deixou transparecer em suas listas o carinho pelo local que formou seu estilo de surfe.
Quando apurei os votos tive uma surpresa: um empate na primeira colocação. Duas ondas apareceram em todas as listas. A surpresa não foi pelas qualidades de ambas, já que este fator não é surpresa nenhuma.S ão famosas pelos depoimentos, fotos e vídeos de quem as surfam. São fortes, perfeitas e tubulares.
Estou falando da belíssima joia do Atlântico Sul, cor de esmeralda, a onda da Cacimba do Padre em Fernando de Noronha, Pernambuco, e de Itaúna em Saquarema, Rio de Janeiro, comparada em sua força, com as mais famosas ondas do mundo.
Na opinião dos votantes a terceira melhor onda do Brasil está na praia de Serrambi, com seu fundo de pedra com esquerdas e direitas apenas para locais experientes pelo seu difícil acesso. Empatados em quarto lugar estão os “beach breaks”, ondas que quebram em fundos de areia, de Maresias em São Paulo, Joaquina em Santa Catarina, e Regência, no Espirito Santo. Esta última sofreu com o maior desastre ambiental da história brasileira, em novembro de 2015, com o rompimento da barragem de Mariana em Minas Gerais, que levou seus rejeitos até o oceano através do Rio Doce contaminando sua praia.
Na sétima colocação está o pontal da Baía Formosa, no Rio Grande do Norte, que ganhou sua fama com a ascensão do atual campeão mundial da WSL, o potiguar e local Ítalo Ferreira, seu maior garoto propaganda. Em oitavo lugar está a praia do Francês, em Alagoas, com sua onda azul-turquesa e seus tubos rápidos.
Em nono mais um empate de três ondas: Riozinho na praia do Campeche, em Florianópolis, o Lajão da Pipa, no Rio Grande do Norte, e a onda do Boldró, também em Fernando de Noronha. Riozinho foi destacada pelo mestre do estilo Fábio Gouveia, desde que fixou residência na ilha da magia é frequentador e admirador do pico. Já a praia do Boldró, que mistura um fundo raso de pedras com areia, é uma excelente opção para concorrer com a famosa Cacimba do Padre.
Por último lugar, mas não menos importante, o Lajão da Pipa que desde a década de 70 é destino para os surfistas nordestino que procuram nas “trips” de verão sua onda perfeita e visual deslumbrante.
Essas foram as 11 ondas mais votadas pelos especialistas convocados e que gentilmente atenderam ao meu chamado. Cada um com suas preferências, sua onda perfeita, uma praia guardada em seu coração e em suas lembranças do começo dessa relação com a natureza, os havaianos chamam esse sentimento de “Lokahi” e nós, surfistas, sentimos isso a cada onda surfada. Então boas ondas, sem localismo e com empatia, porque “em época de crise sábia constroem pontes e tolos constroem barreiras”. ALOHA !!!!!!