Exausto de videochamadas? Não se desespere, mas vai piorar
Pesquisadores descobriram que pessoas sofrem estresse excessivo olhando para si mesmas em videochamadas
Recente pesquisa confirmou o que muitos já imaginavam, a “fadiga de Zoom” não é uma impressão, é uma realidade. E mais, segundo Jeremy Bailenson, diretor fundador do Laboratório de Interação Humana Virtual da Universidade de Stanford e autor do artigo, a exposição excessiva às videochamadas são prejudiciais a curto e longo prazo.
Segundo Bailenson, há quatro maneiras principais pelas quais a videoconferência pode contribuir para a sensação de exaustão:
- A videoconferência força os usuários a fazer contato visual prolongado
- Sinais não verbais como acenar com a cabeça requerem mais esforço
- A caixinha onde os usuários se veem não é natural
- Os usuários são forçados a sentar em um lugar.
Então, se a fadiga de Zoom existe e faz mal para sua saúde, o natural é que passemos a usar menos o Zoom e outras plataformas de teleconferência à medida que a pandemia seja controlada, correto?
Minha aposta é que acontecerá o contrário. Seguiremos usando cada vez mais o Zoom e o contato por vídeo. A videoconferência seguirá o mesmo destino de outras tecnologias massivas como o smartphone, que mesmo fazendo mal, não para de crescer.
O filósofo Sócrates, na Grécia Antiga, já reclamava com Fedro que a invenção da escrita estava atrapalhando a memória das pessoas. E o que aconteceu? A humanidade seguiu escrevendo. E não sei a sua memória, mas a minha piora a cada dia. Antes de ter um smartphone eu decorava os principais telefones, agora tem dia que não consigo lembrar do meu próprio número de celular.
Ao longo dos séculos, seguimos priorizando a comodidade e a produtividade em detrimento de nossa saúde. A literatura de males causados por smartphones e computadores é extensa, de problemas de postura a distúrbios do sono. Mas me diga se a humanidade está usando menos ou mais telas? O smartphone se popularizou há cerca de 10 anos, e hoje, cerca de 85% da população mundial já tem um smartphone (nos países desenvolvidos a taxa é superior a 90%), como mostra esse estudo da Deloitte.
Minha aposta é que à medida que mais e mais pessoas tenham acesso a internet rápida e de baixo custo, aumentaremos o uso das chamadas por vídeo. Aquelas reuniões e treinamentos que você levava horas para chegar ao local vão ser repensadas, e provavelmente, seguir sendo online.
Não estou dizendo que o futuro será exatamente como foi nesses tempos de pandemia. Voltaremos a ter reuniões presenciais e algumas empresas vão preferir seus funcionários no mesmo ambiente. Mas uma série de atividades passará a ser feita online à medida que a tecnologia se popularize. Consultas médicas, entrevistas de emprego, atendimentos de call center, conversas com familiares e muita coisa que ainda será inventada.
E o que ainda está por vir tem efeitos poderosos. Os smartphones eram atraentes, mas foram os aplicativos dentro dele que potencializaram seu apelo. Um smartphone sem Spotify, Facebook, Uber, Netflix e tantos outros serviços seria somente um telefone com tela. O Zoom anunciou essa semana que permitirá que outras empresas desenvolvam aplicativos dentro de sua plataforma. Ou seja, o Zoom planeja seguir os passos dos smartphones se tornando uma plataforma onde milhares de outros serviços podem ser oferecidos.
E se pensarmos mais adiante, teremos ainda realidade virtual, onde você será totalmente inserido no universo digital; e realidade aumentada, com a intersecção do mundo físico e digital, como no jogo Pokémon GO no smartphone, que usa sua localização e posição do celular para mostrar pokémons à sua volta.
Meu conselho, não se desespere. Assim como você aprendeu a sobreviver ao smartphone, irá aprender a melhorar sua experiência com o Zoom. Mas se você estiver tendo problemas mais sérios, busque a ajuda de um especialista.