ECONOMIA

Quem será o primeiro trilionário do mundo?

A Forbes divulgou semana passada sua lista de bilionários. Mesmo com a pandemia, o mundo ganhou 493 novatos na lista, aponta a publicação

Imagem do autor
Cadastrado por

Guilherme Ravache

Publicado em 13/04/2021 às 12:30
Notícia
X

O dono de um trilhão poderia gastar um milhão de dólares por dia e ainda levaria 2.739 anos para queimar sua fortuna.

A Forbes divulgou semana passada sua lista de bilionários. Mesmo com a pandemia, o mundo ganhou 493 novatos na lista, aponta a publicação. Ou seja, cerca surgiu um novo bilionário a cada 17 horas, incluindo 210 da China e Hong Kong e 98 dos EUA. O mundo nunca teve tantos bilionários, já são 2.755. Ao todo, eles reúnem US$ 13,1 trilhões, em 2020, esse número era de US$8 trilhões.

Segundo a Forbes, “Jeff Bezos é a pessoa mais rica do mundo pelo quarto ano consecutivo, valendo US$ 177 bilhões, US$ 64 bilhões acima do ano anterior como resultado do aumento das ações da Amazon. Elon Musk - o maior ganhador em termos de dólares - disparou para o segundo lugar com uma fortuna de US$ 151 bilhões, um colossal aumento de US$ 126,4 bilhões a mais do que um ano atrás, quando ficou em 31º lugar e valia US$ 24,6 bilhões. O principal motivo: um aumento de 705% nas ações da Tesla. O magnata francês dos bens de luxo, Bernard Arnault, mantém sua posição no terceiro lugar, mas sua fortuna quase dobrou para US$ 150 bilhões, de US$ 76 bilhões, devido a um aumento de 86% nas ações da LVMH, dona de marcas como Louis Vuitton e Christian Dior e a de cosméticos Sephora. Os dez mais ricos valem US$ 1,15 trilhão, dois terços acima dos US$ 686 bilhões do ano passado.

À medida que se tornar um bilionário parece se tornar cada vez mais fácil (e sigo falhando miseravelmente nessa tarefa), a questão se volta para quem será o primeiro trilionário do mundo. Trilionário em dólares, vale dizer. Porque em reais Bezos já seria considerado um trilionário.

Prever o primeiro que alcançará o posto é difícil. Como disse o físico Niels Bohr, “previsões são muito difíceis, especialmente se forem sobre o futuro”. Mas isso não nos impede de fazer um exercício intelectual sobre o tema. E principalmente, tentar entender as implicações.

De acordo com o Business Insider, Bezos está a caminho de atingir a marca do trilhão até 2026, supondo que sua riqueza continue a crescer em média 34%, como ocorreu nos últimos cinco anos. Bezos teria 62 anos se a tendência se mantivesse.

Um relatório da Comparisun estudou essa questão e prevê que Bezos será o primeiro a atingir um trilhão. No entanto, o relatório também observou que Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, pode ser a pessoa mais jovem a atingir US$ 1 trilhão. Na taxa de crescimento atual de Zuckerberg, o fundador do Facebook atingiria US$ 1 trilhão aos 51 anos de idade.

Chamath Palihapitiya, investidor e por sua vez também bilionário, acredita que será Elon Musk. Musk, além de sua empresa de carros elétricos, investe em foguetes, energia renovável e quer conectar todos ao redor do mundo à Internet com sua empresa Starlink, que tem lançado centenas de satélites no espaço.

Palihapitiya disse em entrevista à CNBC que Musk deveria ser o primeiro trilionário porque “a pessoa mais rica do mundo deveria ser alguém que está consertando ou lutando contra a mudança climática”.

A Tesla é mais do que apenas um fabricante de automóveis. É uma empresa de energia, disse Palihapitiya. “Eles estão descobrindo como colher energia, como armazená-la e, em seguida, como usá-la para permitir que os humanos sejam produtivos.”

O fundador da Microsoft, Bill Gates, está em terceiro lugar na lista de bilionários, com um patrimônio líquido de mais de US$ 140 bilhões. Um relatório da Oxfam de 2018 sobre riqueza descobriu que Bill Gates pode ser um candidato a alcançar US$ 1 trilhão.

“Em 2013, Gates doou pelo menos US$28 bilhões para a Fundação Gates. A menos que o empresário de 61 anos possa descobrir como doar ainda mais nos próximos anos, ele pode entrar em uma classe de riqueza nunca antes vista quando chegar aos 86”.

Trilhões e lições


Olhando a lista de potenciais trilionários, fica evidente que todos são empreendedores. Ou seja, ninguém fica rico trabalhando para os outros. Também há um claro predomínio de homens na lista. Reflexo de uma cultura empresarial que ainda beneficia homens em detrimento das mulheres.

Outro ponto é onde você empreende. Estados Unidos e China, as duas maiores economias do mundo, lideram a lista de bilionários. Para ganhar dinheiro, ajuda estar perto do dinheiro. Musk nasceu na África do Sul, estudou no Canadá, mas ficou bilionário ao empreender nos Estados Unidos. O bilionário Warren Buffett afirmou no passado que boa parte de seu sucesso se deve à sorte de ter nascido na América.

Os EUA ainda têm mais bilionários do que qualquer outro país, com 724. Mas a China está diminuindo a diferença com 698 (incluindo 71 de Hong Kong e 1 de Macau). Pequim, na China, já é o lar de mais bilionários do que qualquer lugar do mundo, ultrapassando a cidade de Nova York.

Empreender em tecnologia também é um fator em comum entre os potenciais trilionários. Mas não são empresas de tecnologia banais. Bezos inventou o e-commerce moderno, Musk inventou o carro elétrico para as massas, Bill Gates popularizou o software e Mark Zuckerberg massificou as redes sociais. Bernard Arnault, europeu com maiores chances de se tornar bilionário, vende artigos de luxo e é um testamento da tradição, e em certo sentido, da estagnação europeia. Sua idade atual, 72 anos, reduz suas chances de se tornar um trilionário em vida.

Obviamente, tamanho crescimento de riqueza em vista do empobrecimento de grande parte da população global nos faz refletir. O atual modelo econômico tem recompensado desproporcionalmente os vitoriosos. John D. Rockefeller - o magnata do petróleo americano é considerado o indivíduo mais rico da história. A riqueza pessoal de Rockefeller é estimada em cerca de 1,5% de toda a economia dos EUA, sua fortuna seria próxima de US$ 400 bilhões.

O domínio de Rockefeller sobre sua indústria foi tão grande que basicamente iniciou o movimento antitruste nos Estados Unidos - com novas leis introduzidas para “desmembrar” a empresa que ele fundou, a Standard Oil, em 1911, bem como garantir que empresas monopolistas semelhantes não pudessem crescer novamente.

O novo presidente americano Joe Biden está propondo novos impostos para empresas e membros de destaque em seu gabinete defendem maiores tributações sobre grandes fortunas.

Dias atrás, por meio de seu Twitter, a Amazon iniciou uma guerra com políticos do governo americano ao se defender de acusações de que pagaria poucos impostos.

 

 

Tags

Autor