SERTÃO

Mergulhe na incrível Petrolândia, a Atlântida brasileira, cravada no Sertão de Pernambuco

Na cidade do Sertão de Pernambuco é possível fazer a trilha do Serrote do Padre e acampar na Ilha de Rarrá.

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Leonardo Vasconcelos

Publicado em 18/07/2021 às 7:30
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Se Petrolândia, no Sertão de Pernambuco, já é bonita de baixo, imagina do alto? A Coluna Turismo de Valor não ficou só na imaginação e topou o desafio de fazer o trilha até o topo do Serrote do Padre para ter uma ampla e linda visão da antiga parte da cidade inundada pelo Lago de Itaparica. O trekking tem pouco mais de uma hora de duração e é composto aproximadamente de um trecho de 2 quilômetros em terreno plano e 800 metros de subida. Ele também é um passeio pela história do município, dividida pela água entre passado e presente (os vídeos foram gravados antes da pandemia).

A caminhada tem início no meio da tarde (por conta do calor intenso) na comunidade de Brejinho de Fora e continua em uma estrada de terra pela caatinga. Em cerca de meia hora se chega ao monte, cuja nome tem origem em uma história curiosa, pra não dizer trágica.

“Ninguém sabe ao certo se é lenda ou caso verídico, mas contam que o lugar recebeu este nome porque um padre teria tido um caso com uma moça da cidade e quando foram descobertos fugiram pra cá. Eles acabaram sendo pegos e os corpos foram queimados e jogados em uma gruta que fica embaixo desta serra”, explicou o guia de turismo da cidade conhecido como Juliano Vans. Na mesma área foi encontrado um sítio arqueológico, onde dizem que existia um cemitério indígena da tribo Pankararu.

Durante a subida, há várias providenciais paradas para descanso e tirar fotos nos mirantes naturais do caminho. Quando o crepúsculo vai se desenhando no horizonte se atinge o tipo do serrote, onde existe um cruzeiro, com uma vista linda do imenso lago abaixo alaranjado pelo fim de tarde. “Este final da trilha compensa todo o esforço porque a vista é simplesmente maravilhosa, ainda mais sabendo tudo que a cidade passou com a inundação. O visual fica ainda mais rico de beleza e história”, comentou a estudante Flávia Ramalho.

Mas existe um outro local próximo que chama a atenção tanto pelo nome quanto pela beleza escondida nele: Ilha de Rarrá. Uma verdadeira joia do Rio São Francisco, localizada bem no meio dele entre Petrolândia e Glória, na Bahia. Um pequeno paraíso rodeado por águas cristalinas e dunas de areia clara. De tão bonita parece até miragem, mas ao se aproximar de catamarã se percebe que a ilha é uma deslumbrante verdade. Verdade que não há melhor lugar para dormir e acordar sentindo a energia única do Velho Chico.

Apesar de quase deserta, a ilha tem o essencial de estrutura para quem quer relaxar e se divertir: um bar e restaurante, algumas barracas e área de camping, além dos convidativos balanços e redes na água. Um oásis encontrado pela agência de ecoturismo Vem de Andada que desde há muitos anos leva turistas ao local. “Nós fomos a primeira agência do Recife a trazer pessoas pra cá, ainda muito desconhecido pelos próprios pernambucanos. A ilha tem esse nome porque dizem que um vaqueiro da região conhecido como Rarrá trazia o gado pra cá na época de estiagem, pois era um dos poucos lugares ainda com vegetação. De tanto ele fazer isso o lugar acabou ganhando o seu nome”, explicou o dono da agência Rosildo Júnior.

Seu Rarrá realmente era sabido. O lugar é uma salvação não só para bois, mas também e, principalmente, para os humanos. Espaço perfeito pra quem quer se desligar do mundo e se conectar intimamente com a natureza. “A simplicidade deste lugar é grandiosa. Aqui descobri o conforto de tomar banho de rio e sentir a energia que a água te passa. Descobri a importância de se desconectar do mundo virtual e se conectar com as pessoas que cantam felizes embaixo de uma simples cabana. Redescobri a certeza de que as maiores felicidades estão nas coisas mais simples”, afirmou a enfermeira recifense Jéssica Ramalho, que aproveitou a energia do lugar para meditar.

Leonardo Vasconcelos / Especial para JC Imagem
A paz da Ilha de Rarrá para um banho nas águas do Rio São Francisco. - Leonardo Vasconcelos / Especial para JC Imagem

Quando o sol vai se despedindo é hora de repor as energias no restaurante, com um típico cardápio regional. Depois vem o momento de armar as barracas na beira do rio e curtir uma noite inesquecível, iluminada pelo luar do sertão e a leve brisa vinda da água. Ao abrir a barraca no amanhecer a visão mais parece um quadro vivo. Impossível não se jogar na aquarela alaranjada do rio na alvorada, com a lembrança do velho ditado sertanejo que diz que “quem se banha no São Francisco sempre volta”.

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