No pain, no gain

Sem dor, sem ganho? Entenda qual é a relação entre dor muscular e exercício físico

Dores podem começar nas primeira 24h mas não devem se estender por mais de sete dias

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Cadastrado por

Marília Banholzer

Publicado em 24/08/2022 às 20:18 | Atualizado em 24/08/2022 às 20:27
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Exercícios de alta intensidade estão, geralmente, relacionados à dor. Desde a máxima do "No Pain, No Gain" (sem dor, sem ganho) que se escuta diz que "se não está doendo é porque o treino não está certo ou não terá bons resultados".

Sim, é verdade que haverá dor muscular sempre que você sair do sedentarismo e voltar aos treinos, seja de corrida, musculação, natação, crossfit, futebol. Assim como também haverá dor quando houver a troca da ficha de treino na academia ou, por ocasião de um campeonato, por exemplo, a carga de exercícios for maior do que aquela a qual o seu corpo está acostumado. Mas não é verdade que para ver os resultados do seu treino é preciso dor e sofrimento.

De acordo com o fisioterapeuta Jader Barbosa, especialista nas áreas esportiva e traumato-ortopédica, a dor após o exercício físico tende a ser menos presente com o ganho de condicionamento físico. "A dor muscular faz parte do processo de hipertrofia, que nada mais é do que o rompimento das fibras musculares. Quando você sente essa dor é porque rompeu muitas fibras. Esse desconforto pode surgir já nas primeiras 24h horas após a prática do exercício e durar até 72h, dentro do que é comum. Existem casos de pessoas que relatam dor até por uma semana, mas passando disso é melhor procurar atendimento médico especializado", explica o fisioterapeuta do Instituto Reabilitar, no Recife.

Quando deixamos o sedentarismo para trás, as dores musculares são, em geral, a parte mais chata da retomada da vida ativa. Tem coisa mais inconveniente do que ficar todo dolorido a ponto de se sentir indisposto para ir treinar no dia seguinte, quebrando o ciclo da volta aos treinos?

Para evitar sair da rotina, a orientação do fisioterapeuta Jader Barbosa é escolher outro grupo muscular para trabalhar, diferente daquele onde há desconforto. Mas se a dor for "como se tivesse sido atropelado" é melhor descansar. "Basta dar um dia de descanso, procurar massagens esportivas ou até recorrer à chamada crioimersão. Mas não é indicado o uso de antinflamatórios", orienta o especialista.

Essa coluna foi inspirada pela dor. A jornalista que vos escreve é praticante de crossfit há pouco menos de dois anos e, no último fim de semana, participei de uma grande competição da modalidade, realizada no Parque Dona Lindu, no Recife. Condicionamento físico não foi o problema, mas a união das provas cansativas com a tensão da competição acabou me lembrando como é a sentir a dor muscular de quem está saindo do sedentarismo e voltando aos treinos.

A área muscular dos ombros até a lombar sofreu por longas 72h. Mas eu sabia que era questão de tempo para tudo voltar ao normal, não é? Nesse período não deixei de ir treinar, descansei na segunda-feira, como de costume após uma competição, mas depois disso me submeti a treinos mais leves, porém sem deixar o corpo parar. Até porque, treinar muito dolorido pode deixar você exposto a uma lesão mais grave, é preciso bom senso.

CORTESIA
Competição crossfit - Dona Lindu - CORTESIA

Uma dica da American College of Sports Medicine (Instituto Americano de Medicina Esportiva, numa tradução livre) para se prevenir contra as dores musculares é avançar devagar ao começar um novo treinamento, oferecendo tempo para que o corpo se adapte e se recupere. Ou seja, nada de começar na academia pegando o maior peso.

Outra dica é fazer um aquecimento apropriado, com alongamento dinâmico, antes de começar a sessão do treinamento, assim como fazer exercícios de esfriamento após a finalização do treino em questão.

Além disso, é importante certificar-se de tomar a quantidade suficiente de água de maneira que o organismo fique bem hidratado – isso porque a desidratação aumenta as dores e as cãibras musculares.

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