PERDAS

Ellis Marsalis é mais uma lenda do jazz vítima do coronavírus

O prestigiado pianista Ellis Marsalis Jr. faleceu aos 85 anos, sendo mais um grande impacto que o jazz sofre por conta do novo coronavírus, que levou nomes importantes do ritmo nos últimos dias

Rostand Tiago
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Rostand Tiago
Publicado em 02/04/2020 às 10:38 | Atualizado em 02/04/2020 às 10:38
JEWEL SAMAD / AFP
O PIANISTA E PROFESSOR ELLIS MARSALIS TINHA 85 ANOS E FALECEU POR COMPLICAÇÕES DECORRENTES DO CORONAVÍRUS - FOTO: JEWEL SAMAD / AFP
Com informações da AFP

O grande jazzista Ellis Marsalis faleceu a última quarta-feira (01), aos 85 anos, depois de contrair o novo coronavírus, anunciou seu filho Branford. O aclamado pianista e professor - que participou em dezenas de álbuns ao longo de uma carreira que se prolongou por várias décadas - era o pai do trompetista Wynton e do saxofonista Branford.

"É com grande tristeza que anunciou o falecimento de meu pai, Ellis Marsalis Jr., como resultado das complicações do coronavírus", afirmou Branford em um comunicado publicado em seu site, no qual explica que Ellis havia sido hospitalizado no sábado.

"Meu pai foi um músico e um professor gigante", completou Branford. "Ele fez tudo o que podia para nos tornar o melhor que poderíamos ser". Nascido em Nova Orleans - epicentro do jazz mundial - em novembro de 1934, Ellis gravou com pesos pesados como Cannonball e Nat Adderley, Marcus Roberts e Courtney Pine.

Assim como foi mentor dos filhos Wynton e Branford, que se tornaram músicos de renome mundial, o falecido pianista foi uma figura emblemática do Centro de Artes Criativas de Nova Orleans, da Universidade de Nova Orleans e da Universidade Xavier da Louisiana.

Desde 2018 Ellis integrava o Hall da Fama Musical da Louisiana.

O New York's Jazz no Lincoln Center, do qual Wynton é diretor gerente e artístico, anunciou: "Com tristeza e o coração partido, o Jazz no Lincoln Center diz adeus a Ellis Marsalis, um dos artistas e educadores musicais mais renomados desta ou de qualquer época".

"O profundo impacto de Ellis na linhagem da música é personificado pelos vários músicos cujas vidas ele formou, inspirou e educou", completa a instituição.

PERDE O JAZZ

O jazz é um gênero que está sendo muito impactado com a pandemia do novo coronavírus. O ritmo perdeu estrelas lendárias nos últimos dias. O primeiro foi o camaronês Manu Dibango, que nos deixou aos 86 anos no último dia 24. O saxofonista era considerado um construtor de pontes entre a musicalidade africana e ocidental.

Aos 15 anos, foi enviado pelo pai para a França, na intenção de que o filho se tornasse um médico ou engenheiro, mas a música foi seu rumo. É dele a canção Soul Makossa, de 1972, escutada e sampleada ao redor do mundo. O músico se tornou uma referência da World Music.

Também no dia 24, o mundo se despedia do pianista Mike Longo, 83, também por complicações decorrentes do coronavírus. Longo dirigia seu próprio grupo, além de tocar com nomes como Astrud Gilberto e integrou a orquestra de Dizzy Gillespie. Longo nasceu no estado norte-americano de Ohio, estudando piano desde cedo. Longo era considerado um dos últimos grandes nomes do jazz dos anos 60.

Na última terça-feira (31), faleceu o trompetista Wallace Roney, aos 59 anos. Em sua bagagem, há parcerias com nomes como Dizzy Gillespie, Duke Ellington e Miles Davis, mentor de sua obra. O músico era da Filadélfia e aprendeu o ofício com gigantes como Clark Terry e Dizzy Gillespie. Se destacou dentro da cena nova-iorquina do jazz. É vencedor de um prêmio Grammy com o disco em tributo a Miles Davis.

Outros gêneros também sofreram perdas. Na última quarta (02), faleceu Adam Schlesinger, 52, vocalista e compositor do grupo Fountains of Wayne, uma das melhores bandas de Power pop americanas, criada em 1996. Adam também compôs bastante para TV (foi diretor musical da série Crazy Ex-Girlfriend) e cinema, com dez indicações ao Prêmio Emmy (o Oscar da TV americana), e foi indicado a um Oscar, em 1997 pela música That Thing You Do, em parceria com Tom Hanks, diretor do filme homônimo.

A banda de Adam Schlesinger lembrava o grupo fictício do filme, só teve um grande hit, Stacy’s Mom, do álbum Welcome Interstate Managers, de 2003. A música recebeu uma indicação ao Grammy. Mas o Fountains of Wayne gravou seis discos. O último de Schlesinger com o Fountains of Wayne foi lançado em 2011.

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