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Série pernambucana 'Saber de Parteira' está disponível no YouTube

Com direção de Júlia Morim, série de seis episódios com parteiras tradicionais do Estado marcou o Dia Internacional da Parteira

Robson Gomes
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Robson Gomes
Publicado em 11/05/2020 às 18:40 | Atualizado em 11/05/2020 às 18:43
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Dôra é uma das personagens da série 'Saber de Parteira' - FOTO: DIVULGAÇÃO

Ser Parteira, Beleza do Ofício, Dom e Aprendizado, Parteiras e Plantas, Transmissão e Continuidade, e Relação com a Comunidade são os títulos e assuntos abordados nos seis episódios de Saber de Parteira, que estrearam na última terça-feira (5), Dia Internacional da Parteira, na TV Pernambuco. Em formato de interprogramas, com duração de 2 minutos cada, a campanha foi veiculada nos intervalos do canal e agora está disponível no YouTube.

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Saber de Parteira é uma ação do Museu da Parteira, com realização da produtora audiovisual Bebinho Salgado 45, incentivo do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura/FUNCULTURA e direção da antropóloga Júlia Morim; e volta-se para a valorização e promoção do ofício de parteira tradicional, trazendo ao público um pouco desse universo, justamente no mês de maio, instituído como o mês de celebração do ofício de parteira.

Nas imagens captadas em 2019, as parteiras Prazeres, de Jaboatão dos Guararapes, Zefinha, Elisabete e Severina, de Caruaru, Dôra, Tia Ana, Juliana, Neide, Darinha, Jacira, Luzânia, Marlene, aprendizes e parteiras Pankararu dão depoimentos sobre a transmissão de saberes, o reconhecimento da comunidade, e o sentimento de satisfação em ajudar uma mulher a dar à luz. “Pra mim é a melhor coisa do mundo é eu ver uma criança nascendo. Nascer e você ter certeza que deu tudo certo. Não tem como você explicar! É inexplicável”, testemunha Neide, aprendiz de parteira.

Já Prazeres, 80 anos, parteira agraciada com o Prêmio de Patrimônio Vivo de Pernambuco, e protagonista do curta-metragem Simbiose, ressalta o papel da parteira na comunidade: “É uma liderança. É uma conselheira. Ela é advogada, ela é assistente social, ela tá em todas. É por isso que eu achei por bem dizer o que ela faz só numa palavra: ela faz simbiose”. Entre os instrumentos de trabalho, as mãos ganham destaque, como diz Dôra, parteira Pankararu: “As mãos é o que Deus deixou pra gente. A mão é sagrada”.

As mulheres entrevistadas representam muitas outras do Brasil que tiram seu sustento de outras ocupações, comungam da mesma realidade sociocultural das mulheres assistidas e costumam considerar seu ofício de parteira como mais uma de suas atribuições. Conferem a iniciação no ofício ao acaso, “destino divino”, ou necessidade, e o aprendizado ocorre na prática e/ou com parteiras mais experientes. Figuras de liderança e referências de saúde nos grupos em que atuam, exercem múltiplos papéis em suas comunidades (parteiras, agentes de saúde, mediadoras de conflitos). Enfim, são detentoras de conhecimentos acerca de costumes, técnicas e saberes “da arte de botar gente no mundo”, repassados entre gerações, continuam praticando e transmitindo esse saber coletivo que reforça a identidade de um povo.

Enquanto campanha, Saber de Parteira alinha-se com a Política Nacional do Patrimônio Imaterial e pretende fortalecer o processo de reconhecimento dos saberes e das práticas das parteiras tradicionais enquanto Patrimônio Cultural do Brasil, o qual encontra-se em andamento no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). 

INICIATIVA

O projeto configura-se também como a concretização de uma das ações do Museu da Parteira, um projeto em construção, que planeja e realiza um conjunto de ações continuadas de salvaguarda, promoção e valorização dos Saberes e Práticas das Parteiras Tradicionais, que vem sendo executado em etapas as quais abarcam a transversalidade das práticas de preservação do patrimônio cultural. 

Saber de Parteira insere-se em uma proposta maior de documentação, valorização e salvaguarda dos saberes e práticas das parteiras tradicionais que teve início com a realização de inventários de referências culturais (INRC), ainda em 2008, os quais se desdobraram em diversas ações como exposições fotográficas, publicações de livros e produção de curta-metragem. A escolha pelo audiovisual para a campanha se deu pelo fato desses registros serem documentos de grande importância que integram e fomentam a salvaguarda do patrimônio na medida em que são um meio de promoção e reconhecimento de ampla e fácil difusão”, afirma Júlia Morim. A diretora é mestre em Antropologia, militante dos direitos da mulher e atua no audiovisual, tendo realizado dois filmes: Simbiose, de 2017, premiado em diversos festivais, e Evitável, 2019, contemplado pelo terceiro Edital VídeoSaúde da Fiocruz.

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