MISTURA

Feijam lança registros de encontros entre coco e rap realizados em Olinda

Comemorando 10 anos de existência, o projeto Feijam ocupa o Beco do Caixão com encontros entre a cultura popular e o hip-hop, lançando agora um videoclipe e EP da empreitada

Rostand Tiago
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Rostand Tiago
Publicado em 15/07/2020 às 10:02 | Atualizado em 15/07/2020 às 10:02
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ALEGRIA Realizado na frente da casa de dona Cila do Coco, o Feijam mistura improviso, tradição e liberdade - FOTO: DIVULGAÇÃO

As grandes ladeiras talvez sejam as primeiras a surgirem quando se pensa no imaginário do Sítio Histórico de Olinda. Mas há um outro elemento urbanístico do espaço que é vital para suas dinâmicas, tanto em aspectos locomotivos, quanto culturais. Os becos são partes poderosas dessa estrutura cultural-arquitetônica, estabelecendo conexões não só entre ruas, mas entre diferentes expressões artísticas.

É o que acontece há 10 anos com o projeto Feijam, atualmente sediado no Beco do Caixão. A empreitada é idealizada por Rui Mendonça e atualmente com direção musical do produtor Buguinha Dub, misturando expressões artísticas locais com a cultura hip-hop. Nesta quarta-feira, a iniciativa disponibilizará registros de frutos desses encontros, impossibilitados de acontecer agora nas ruas, mas que poderá tomar os fones.

Realizado na frente da casa de dona Cila do Coco, onde é preparada uma feijoada gastronômica e musical, o Feijam mistura improviso, nomes tradicionais e novos e um clima de festa e liberdade artística.

É o que pode ser atestado no videoclipe da apresentação realizada pelo grupo de rap Femigang com Cila do Coco, além de um EP com enccontros entre Galo de Souza e Bate o Ganzá, Cocos dos Pretos e A Cria, Maracuteiros e Romariz, além das interferências "adubadas" (dub music) da mixagem de Buguinha. "São trabalhos que mostram essa ideia de conectar e resgatar. Não deixando de falar da nossa raiz, porque nosso coco é o nosso rap, é ritmo e poesia para tudo que é lugar, nosso hip-hop. A gente foi viabilizando isso e ter o arquivo disso", explica Buguinha.

O produtor conta que, quando entrou no projeto, sentia viva a atmosfera de liberdade e celebração dessas culturas. Não encontrava uma lógica de show, mas sim de improviso e experimentação, de juntar esses artistas e ver o que saía daquilo. Tratava-se de um coletivo que abraçava grafiteiros, poetas, "gente do coco, do rock, do rap, do dub". Uma celebração da arte entre amigos, com Buguinha entrando para uma nova embalada com suas bases potencializando as articulações entre as diferente sonoridades.

"Eu vim de uma cultura plural, algo que vem de minha raíz nascida em Olinda e que sempre foi comum. É só pensar o forró que mistura um acordeon de um canto do mundo com o bumbo de outro. Na minha experiência com o manguebeat, trabalhando com a Mundo Livre e a Nação Zumbi, já rolava isso de misturar, de trazer a cultura hip-hop para dialogar. Não é algo que a gente só pesquisa, é algo que a gente vive", afirma Dub.

É uma linha de experimentação na qual ele trabalhou ao produzir o grupo Radiola Serra Alta, de Triunfo, também empenhado nessas misturas. Tal trabalho acabou por possibilitar bases que foram usadas no encontro entre a Femigang e a dona Cila, anfitriã do Feijam.

Neste último trabalho, ele relata como a colaboração entre a mestra e as novas vozes fluiu organicamente, com o talento do grupo de rap conseguindo encontrar conforto na cadência do coco. "Eu achei fantástico, as meninas chegaram e colocaram a letra no lugar, articularam muito bem, algo que tem que ter um dom. A batida de coco, mesmo fincada no eletrônico, é uma;a do rap é outra. Elas conseguiram encontrar o rap no coco e dona Cila continuou o que sempre fez bem", conta. O clipe está disponível no canal do Feijam e o EP nas principais plataformas digitais.

 

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