No dia 23/9, uma quarta-feira, às 22h54, situada na constelação de Sagitário, a Lua chegou à sua quarta e última fase do mês: Quarto Crescente. E assim como este único satélite natural da Terra, também pode-se dizer que uma carreira musical é feita de ciclos e recomeços. A precisão dos dados do Grupo de Astronomia de Pernambuco (AstroPE) ditos acima só vieram para ilustrar uma noite de lua cheia que aconteceu dois dias depois, quando apareceu na capa de ELA, o disco de estreia da cantora e compositora pernambucana Bella Schneider, que foi lançado no último dia 25 de setembro nas plataformas digitais pelo selo LAB 344.
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"ELA nasceu junto com a lua mesmo, que é o símbolo dela, significando também todas as suas fases. Cada música é completamente diferente da outra, mas todas se comunicam entre si, como o universo inteiro junto. Eu sou apaixonada pelo universo, e acho que isso significa muito para nós como sociedade, como País, e tudo que estamos vivendo", declarou a jovem artista de 27 anos em conversa com o Jornal do Commercio. Num misto de segurança e êxtase em suas palavras, Bella entregou ao público um álbum de oito faixas autorais, de letras fortes e inspiradoras, que flertam com o pop eletrônico ou, como ela resolveu denominar, "popzeira".
Em sua primeira entrevista ao JC, em 2017, a cantora definia o seu som como "um pop-rock misturado com blues, com eletrônica". Três anos depois, Bella reafirma esta sua identidade musical com ELA. "Acho que, na verdade, isso é uma belíssima descrição do que é a base desse estilo 'popzeira'. Afinal, tudo para mim como compositora, quando inicio algo, vem com uma base um pouco blues. E se você notar, tem alguns elementos onde eu faço, digamos, uma troca. […] Porque tem cultura misturada aí dentro: tem alfaia, berimbau, tambor africano, elementos árabes, é uma loucura! Mas é uma loucura pop, e essa é a maneira que posso descrever agora", garante ela, que colaborou na produção musical deste seu début assinado por Diego Marx, vencedor de um Grammy.
"Eu gosto muito de tanto tocar, como participar de todos os processos, literalmente - da concepção de arte, assim como pós, mix e master - tudo isso eu acompanho. Estou totalmente dentro de tudo, por isso acho que esse trabalho me resume tão fielmente. Acho que se eu não soubesse, não tivesse estudado, e procurado aprender realmente, me inteirar de tudo, não teria como chegar a esse ponto. Tem muito artista que às vezes não tem essa conexão completa. Mas, para mim, esse disco realmente, totalmente, sou eu", explica.
As gravações de ELA viveram na ponte aérea Recife-Brasília, cidade do produtor do álbum. Apresentando faixas interessantes como Sim e Nada, a artista conta que compor essas canções foi um trabalho árduo devido ao objetivo maior delas. Como a faixa-título, por exemplo: "A música ELA não foi fácil, mesmo sendo a música que representa o álbum, pois tem todo esse conceito, não diria feminista, mas que defende a questão feminina do mundo e de cada um de nós. Eu tive a preocupação muito grande, um zelo, em como chegar nas melhores palavras possíveis para traduzir o que eu estava pensando. Então reescrevi aquilo ali milhões de vezes! O Diego tentando me ajudar e ficávamos pensando em como traduzir tudo aquilo, todo esse significado que é tão amplo, e ao mesmo tempo, ter um título tão pequenininho, com três letrinhas, que é, inclusive, o meu número da sorte (risos)".
A mística do álbum também pode ser compreendida ao ouvir as canções Feito de Stars, Ilusão e a ótima Déjà-Vú. E para quem gosta de dançar, Bella Schneider convidou o conterrâneo Romero Ferro para dividir vocais na solar Take Me. "Eu me diverti muito com Take Me, porque ela tem uma energia massa, super pra cima. Ela realmente contagia! E eu lembro de ficar no estúdio realmente dançando quando estava gravando, não dava para resistir", ressalta a artista.
PANDEMIA E EU-LÍRICO
Com lançamento inicial do álbum previsto para março, Bella teve que mudar os planos temporariamente por causa da pandemia. Mesmo assim, a jovem acredita que tudo não foi por acaso. "Pelo menos deu tempo do público conhecer mais algumas faixas e ser conquistado em definitivo com a chegada do álbum completo", diz a artista, que acrescenta: "O público precisa de música para se alegrar, pensar um pouquinho na vida às vezes, repensar também, e essa é minha parte. Na verdade, eu vejo isso de uma maneira muito séria. Tomo isso como a missão da minha vida. Talvez por isso que, loucamente, o meu álbum está sendo lançado em plena pandemia. Deve ter uma razão (risos)".
Ao longo de aproximadamente 26 minutos, ouvir o disco ELA pode ser traduzido numa divertida viagem a um universo alegre, profundo e sensível, em busca de entender o seu lugar neste vasto mundo.
"A ELA do álbum não necessariamente sou eu. Tem eu também, claro, mas enxergo ali uma coisa simbólica, de representar realmente uma causa, muito mais que uma pessoa. E como pessoa e artista, eu tenho essas conexões. Eu prezo e espero, cada dia mais, me tornar ELA: essa mulher forte, independente, segura de si, que sabe respeitar o próximo, que não compete com ninguém para se achar melhor ou achar alguém pior, que não precisa disso. Que apenas é quem ela quer ser. Isso é ELA, e é o que eu também quero, sempre buscar mais e mais", sentencia Bella Schneider.
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