Música

Ivete Sangalo lança single e dirige videoclipe de 'Dura na Queda'

Em entrevista, a cantora dá detalhes do novo trabalho lançado nesta sexta-feira (2) nas plataformas digitais

Robson Gomes
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Robson Gomes
Publicado em 02/10/2020 às 11:25 | Atualizado em 02/10/2020 às 11:56
RAFAEL MATTEI/DIVULGAÇÃO
Com apenas mais três pessoas, Ivete Sangalo gravou e dirigiu o videoclipe de 'Dura na Queda' - FOTO: RAFAEL MATTEI/DIVULGAÇÃO

Além de ser o título de seu novo single lançado nesta sexta-feira (2) nas plataformas digitais, Dura na Queda também pode definir o estado de espírito da cantora Ivete Sangalo. Aos 48 anos, a baiana entregou ao seu público mais uma balada romântica escrita pelos irmãos Diogo e Rodrigo Melim, junto a um videoclipe dirigido pela própria artista e com equipe reduzida, devido aos tempos atuais de pandemia do novo coronavírus.

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Gravado na Praia do Forte, no litoral baiano, onde fica sua residência – que também foi cenário para o clipe – Ivete recebeu a imprensa remotamente na noite desta quinta-feira (1) para falar sobre o novo trabalho. Na conversa de pouco mais de meia hora, a artista explicou porque resolveu se aventurar no audiovisual como diretora, além da escolha da canção.

“A criação veio muito mais de uma necessidade do que uma condição de ‘eu quero’ dirigir um clipe. Nós produzimos isso nessa pandemia. [...] Eu estou com meu produtor musical [Radamés Venâncio], que alugou uma casa ao lado da minha onde estou na Bahia, e começamos a produzir coisas. No momento que produzimos essa canção, que é de Diogo e Rodrigo Melim, eu achei uma delícia, leve, gostosa, e falei para mim que [para o videoclipe] não queria muito uma superprodução, uma equipe, e iríamos usar o que tínhamos em mãos. Foi quando decidi dirigir. Eu achei que era capaz, também no sentido de atuação”, declarou.

Gravado em apenas um dia com uma equipe de apenas três pessoas, a baiana também detalhou o conceito do clipe de Dura na Queda, que tem a ver com o clima de isolamento proporcionado pela pandemia: “Usamos esse cenário paradisíaco [da Praia do Forte] que, de alguma maneira, representa esse momento de solidão, mas nos reconhecendo num lugar de conforto para nós. Tive a ideia de um voyeur, de uma companhia, de um bate-papo pela internet, na impossibilidade do encontro, usar a imaginação desse voyeur passeando e viajando conosco. Toda a parte de cenografia eu fiz no quintal da minha casa, onde apareço cantando nas tendas e no violão. Peguei uma bicicleta e usamos a luz natural daqui da praia, num final de tarde, e ficaram lindas! Achei que ficou uma captação de amor, de emoção, de leveza. Acho que era a ideia da música, do arranjo da música, o que ela diz”.

Com o bom humor que já é característico de Ivete, a cantora também relatou alguns “perrengues” da gravação. “Um momento engraçado são o medo das cobras, que aqui tem ‘pouquinha’, ‘besteirinha’, para mais de cinco cobras por semana... E as muriçocas, que elas têm o horário delas, e temos que respeitar. Nós não botamos no crédito a presença delas porque na verdade não ajudaram muito, só atrapalharam. (risos) Fora isso, foi um dia muito leve. Onde todo mundo que estava engajado em fazer acontecer, pois era uma pessoa fazendo o trabalho de quatro, cinco, com muita eficiência”, relatou.

Para a artista, seu novo single tem um ar mais introspectivo, e o videoclipe reflete com o momento atual: “Nós usamos um carrinho de golfe para eu ter esse voyeur parceiro ou parceira, ou quem quer que você queira que seja. Pode ser alguém que esteja longe que você ama muito, um parente, um amigo, ou alguém até mesmo que não está aqui que você sinta saudade. Enfim, milhões de possibilidades dentro de um cenário de simplicidade, que é um resgate que nós tivemos nesse tempo de pandemia de buscar nós mesmos e ter um momento mais íntimo. Acho que essa música é muito íntima”.

PANDEMIA

Ciente da atual crise sanitária mundial, Ivete Sangalo tem analisado a sua função como artista nesse momento complicado. “Acho que nosso papel se revelou muito fortemente no tempo da pandemia. Porque nós artistas levamos esse acalanto, esse carinho, esse aconchego, esse abraço, esse beijo que não é possível, esse diálogo. Entreter, simplesmente entreter as pessoas em suas casas. Acho que cada um fez o seu melhor, está fazendo o seu melhor. Evidentemente, o entretenimento será a última fatia dessa estatística, desse bolo, a se apresentar. O que é completamente compreensível porque nós somos os fatores de aglomeração. Mas espero que possamos, o quanto antes, poder voltar, para fazer tudo da maneira adequada, com segurança para nós e todos os profissionais, e todos as pessoas e fãs”, afirmou.

No aspecto pessoal, a cantora também tem aproveitado o período dentro de casa para se redescobrir: “O que eu mais usufruí dessa pandemia, dentro de meus privilégios – que são muitos, a propósito – foi o convívio. Eu na minha vida inteira como artista, nunca fiquei seis meses ininterruptos sem sair de casa. Eu estou trabalhando, mas trabalhando dentro de casa. Eu sempre fui uma mãe, uma mulher muito presente na minha casa. Mas tendo o compromisso de ter que sair e voltar. Agora, estou vivendo uma rotina doméstica mais fluida, muito diferente do que eu habitualmente fazia. Esse é o lado que tenho usufruído disso. E também de algumas terapias, como aprender a respirar”.

CARNAVAL 2021

Ainda que não haja uma perspectiva exata de quando a pandemia findará e o período carnavalesco esteja se aproximando com a possibilidade de ser adiado em 2021, Ivete reconhece que o momento é de guardar as energias. “Embora estejamos tristes que o trabalho está sendo postergado, porque é uma crise, temos consciência do tamanho da responsabilidade que seria abrir uma exceção para a festa que mais aglomera. Acho que seria incoerente com a ideia do coletivo artístico. [...] Seria muito antagônico mandar ir para a rua porque seria conveniente ver a festa onde nós brilhamos. Acho que existem pessoas com capacidade, discernimento e também compreensão dos fatos que podem reger isso, nos acenar quando é possível que isso aconteça com a segurança de todos. Não só com a gente, mas acima de tudo o público. Porque eu posso estar cercada de condições de segurança e higiene sanitária, mas o público talvez não. E isso não é justo. Acho que temos que respirar fundo, guardar essa energia que está ‘virando uma bola’”, reflete.

Mesmo com um possível cancelamento, a artista respondeu ao Jornal do Commercio que segue fazendo planos para uma “música do Carnaval” para o ano que vem: “Eu consigo pensar sim. Eu estava pensando nisso. […] Acho que lançar uma ‘música do Carnaval’ sem o Carnaval é uma maneira de você levar a alegria desse tempo. Porque precisamos dizer ao tempo: 'Agora é a hora do Carnaval. Nós vamos esperar, mas agora é hora do Carnaval'. No nosso tempo emocional, na nossa cronologia da alegria e do amor, é aqui. Então tenho que marcar esse terreno, para saber que nós estamos aqui. O Carnaval não pode sentir que houve um desgarre. Então vamos sim fazer uma música do Carnaval. E mesmo que ele não exista como festa, existe como sentimento. E, ave maria, acho que enlouqueço se eu não fizer uma música do Carnaval ali em janeiro e fevereiro! Nem que seja para ficar pulando sozinha na sala de casa mandando tirar o pé do chão! (risos) Eu vou fazer”.

E quando for liberado o Carnaval, Ivete Sangalo, a cantora “dura na queda”, já tem ideias para o figurino. “Quando tiver esse Carnaval... Pelo amor de Deus! Eu vou vir pintada! Nem figurino eu venho! (risos) Não vai ter figurinista me apertando! Vou ficar livre, inspirada nas cobras que estão pintando aqui”, brincou a baiana.

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