Música e Artes Cênicas

Coquetel Molotov e Janeiro de Grandes Espetáculos preparam edições especiais para 2021

Modelo híbrido foi uma solução encontrada por conta das incertezas em relação à pandemia do novo coronavírus

Márcio Bastos
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Márcio Bastos
Publicado em 28/12/2020 às 16:07
BIECO GARCIA/DIVULGAÇÃO
DIVERSIDADE Na obra, Lia de Itamaracá divide espaço com artistas da nova cena musical - FOTO: BIECO GARCIA/DIVULGAÇÃO
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Com 2020 chegando ao fim e o Brasil — ainda — sem perspectiva de sair das crises impostas pelo novo coronavírus, os esforços para continuar produzindo têm sido diários para todos os setores, entre eles o cultural, um dos mais afetados pela pandemia. Pensar ações para o ambiente digital é uma premissa já consolidada, após meses de experimentações e de vivências online, e, para executar as atividades, os eventos têm buscado soluções criativas.

Em Pernambuco, dois grandes festivais, o Coquetel Molotov e o Janeiro de Grandes Espetáculos, farão edições, tendo como base as apresentações na internet. Um dos principais eventos de música do País buscou responder rápido às limitações do momento e, em julho, fez uma edição especial, completamente virtual, o Coquetel Molotov.EXE, com nomes como MC Tha e Tássia Reis. Agora, entre 11 e 23 de janeiro, ele imerge ainda mais nesse novo formato, buscando outras formas de explorar as ferramentas digitais.

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"Acho que nós, produtores independentes, somos especialistas em nos adaptar às crises e sermos criativos", enfatiza Ana Garcia, produtora do Coquetel Molotov. "Quando acabou o .EXE, a gente ficou pensando como seria esse novo modelo de festival. Foram vários meses de estudo, as coisas começaram a reabrir, as pessoas voltaram a ir às ruas. Houve um cansaço do digital, era perceptível a diminuição do número de pessoas nas lives, por mais incríveis que fossem os conteúdos. Por isso, a gente entendeu que queria criar algo perene, que fosse para além de uma live, e então tivemos a ideia de criar uma série."

O produto audiovisual elaborado especialmente para esta edição foi gravado no Criatório, estúdio de gravação/ateliê localizado em Gravatá (PE), e na Fauhaus, em São Paulo. Com produção audiovisual da Bateu Castelo, a série tem direção musical de Benke Ferraz (Boogarins) e gravação de áudio do Fábrica Estúdios.

Na programação do Molotov digital estão artistas como Lia de Itamaracá, Alessandra Leão, Bella Kahun, Bell Puã, Avoada, Amaro Freitas, Jup do Bairro, Ava Rocha, Boogarins, Thelmo Cristovam, Hrönir, Cássio Sales, Ciel Santos, Siba Carvalho, entre outros.

Outra novidade é o Mundo Imersivo 3D, desenvolvido especialmente para a ocasião pelo grupo Rosabege. Com entrada pelo site do festival, o público poderá criar seu avatar e explorar o espaço em três andares. Na programação, o festival também oferecerá oficinas, mentorias, pitching.

"Com certeza, os festivais terão formatos híbridos [daqui para a frente]. A gente teve que acelerar porque todos os festivais já estavam querendo poder transmitir ou ocupar esse espaço digital — a gente foi forçada a ocupar e aprender. Agora, qualquer pessoa vai poder ir para o Coquetel Molotov, não vai precisar mais viajar para o Recife. Quem estiver de fora vai ter acesso a algum conteúdo exclusivo, seja show ou backstage. É viável", reforça Ana.

HÍBRIDO

O Janeiro de Grandes Espetáculos, cuja edição de 2020 antecedeu a eclosão da pandemia e ocorreu normalmente, vai apostar em um modelo híbrido para suas atividades no ano que vem. Renomeado de JGE Conecta, o festival tem início no dia 7 de janeiro e segue até o dia 28, com atividades presenciais (20%) — agendadas para acontecerem nos teatros do Parque, de Santa Isabel e Luiz Mendonça — e também online (80%).

"Acho que a maior dificuldade não foi pensar um festival híbrido, mas ter que lidar com a instabilidade do momento em que vivemos. Por isso, coloquei como uma premissa ter um plano B, caso os casos [de transmissão de covid-19] continuem a aumentar. Se isso ocorrer, faremos uma edição completamente online. Colocamos as vidas de todos os envolvidos nesse projeto — artistas, técnicos e público — em primeiro lugar", explica José Manoel Sobrinho, gerente de programação do festival.

Tendo em vista a segurança e devido às dificuldades impostas pela pandemia, o Janeiro também irá retornar às suas raízes, após anos investindo na nacionalização e internacionalização do projeto. Em sua 27ª edição, o foco estará nas atrações pernambucanas.

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Na grade, que une teatro, dança, música e, este ano, circo, estão projetos como as montagens Ópera D'Água, de Surubim; Depois do Fim do Mundo, de Vitória de Santo Antão, e Congresso do Kaos, do Recife; shows de Chris Nolasco, Revoredo, André Rio, entre outras atrações.

"Além de garantir a manutenção do festival, nosso grande objetivo é proporcionar esse espaço para que a classe possa apresentar seus trabalhos, chegar até o público e que os artistas possam ter um retorno financeiro, depois de um ano tão difícil. É um movimento de resistência", reforça Manoel Sobrinho.

 

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