A cerimônia do Oscar 2021 está marcada para 25 abril e, entre os indicados, deve constar o nome de Riz Ahmed. Por seu trabalho no filme O Som do Silêncio, o britânico tem sido indicado na categoria de Melhor Ator em várias premiações da crítica, essenciais na corrida pela estatueta dourada, como o Independent Spirit Award e o National Board of Review. O longa, que não estreou no circuito comercial no Brasil, está disponível no País através do Amazon Prime.
A aclamação é fundamentada: o artista de 38 anos, que também é músico, entrega uma performance visceral como Ruben, baterista que perde a audição repentinamente e precisa reformular toda a sua vida para se adaptar à nova condição. Se anteriormente o público o tinha visto em películas de ação, como Jason Bourne e Rogue One, ambas de 2016, e Venom, nesta obra Ahmed tem a chance de esmiuçar os sentimentos complexos de seu personagem, construído com sensibilidade e maestria.
O longa, que marca a estreia na direção de Darius Marder, roteirista de O Lugar Onde Tudo Termina, acerta ao fugir do melodrama. A jornada de Ruben diante da surdez transita do desespero e da negação iniciais à adaptação e descoberta de uma nova forma de ver o mundo, sem afobação no processo. Os diálogos — e a ausência deles, já que grande parte do filme é, também, de silêncios — são sempre necessários e naturais.
Há um particular interesse em olhar não só para o protagonista, mas também aqueles no seu entorno, como sua namorada e parceira de banda, Lou (Olivia Cooke), e Joe (Paul Raci, brilhante), responsável pelo lar para pessoas surdas para onde Ruben se muda a fim de aprender a se comunicar diante da nova realidade.
O filme propõe-se a construir uma narrativa em que as diferenças não são encaradas como empecilhos, mas como produtoras de outras sensibilidades na compreensão do mundo. Apesar de sua vontade de voltar a escutar e dos esforços que irá empreender para atingir esse objetivo, o protagonista é estimulado a reformular suas certezas e objetivos.
Puxado pelo sucesso da atuação de Riz (cujo grande 'rival' deve ser Chadwick Boseman, falecido em 2020), especialistas apostam que o filme pode angariar outras indicações, entre elas a principal da noite, a de Melhor Filme. Outras categorias em que o longa deve disputar são Melhor Roteiro Original, Ator Coadjuvante, Som e Edição.
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