Sol, céu, lua... e samba. Os elementos da natureza serviram de pano de fundo para o novo projeto audiovisual do cantor carioca Diogo Nogueira. Gravado em novembro do ano passado, em meio à pandemia, Samba de Verão se revela uma reverência do artista ao gênero que lhe consagrou Brasil afora, exaltando o samba no seu passado, presente e futuro.
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Com 42 músicas gravadas ao vivo, Diogo dividiu o projeto em três EPs, que registram momentos diferentes do show. Na metade de janeiro, o primeiro EP, Sol, trouxe oito faixas. Na próxima sexta-feira (5), o compacto Céu chegará às plataformas digitais. E fechando o ciclo, Lua está previsto para o mês de março.
Por telefone, o sambista de 39 anos contou que seu novo álbum estava sendo concebido há dois anos. "[O projeto] aconteceu antes da pandemia. Eu já vinha fazendo um trabalho de pesquisa de repertório junto com Alessandro Cardozo e Rafael dos Anjos. Nós tínhamos pensado em fazer uma coisa no subúrbio, uma coisa tipo fundo de quintal, em casa. Enquanto juntávamos o repertório, a Beth [Carvalho] veio a falecer, aí eu resolvi homenageá-la nesse trabalho", conta Diogo, que regravou Andança, um clássico da cantora, no bloco Sol.
O artista deu mais detalhes de como reverenciou o samba neste disco através de várias gerações: "Surgiram alguns áudios do Fundo de Quintal na década de 1970, da época em que eles se reuniam para gravar uma cassete e mandar fitas para a Beth Carvalho. Através desses áudios, também decidimos fazer uma grande homenagem a eles, bem como a Beth, ao Zeca Pagodinho, e trazendo uma galera da nova geração que também tem essa magia, essa decência do partido-alto, e a veia de compositor, que são o Mingo, Gabriel do Irajá, Juninho Thybau, o Mosquito e o Baiaco".
É no bloco Sol, já disponível nas plataformas digitais, que o público também vê a participação do Fundo de Quintal no medley Fada/Cheiro de Saudade, que registra a última gravação de Ubirany, que integrava o grupo e faleceu em dezembro de 2020, vítima da covid-19. E no compacto Céu, que chega nesta sexta-feira (5), terá uma faixa com a participação de Zeca Pagodinho.
AO AR LIVRE
Gravado em um dia só, sob a direção de imagem de Bruno Murtinho, o projeto Samba de Verão foi filmado em novembro do ano passado dentro de uma balsa na Baía da Guanabara, num palco de 500 m², numa Marina em Niterói. De brinde, o público contempla uma vista privilegiada do Rio e a silhueta das montanhas da cidade ao fundo. "O Zé Carratu fez um cenário lindo em cima da balsa! E, ao fundo, o Rio de Janeiro, que é o grande quintal do samba, o meu quintal", derrete-se Diogo.
Com muita descontração, o artista justifica o título que leva o seu trabalho. "O nome Samba de Verão veio durante a pandemia. Porque percebemos [através de pesquisas] que o público que me ouve, me ouve mais durante o verão. Engraçado isso, né?", brinca com a curiosidade.
Fazendo uso da boa malandragem, Diogo Nogueira abusa da malemolência carioca para definir qual dos três blocos do Samba de Verão seria mais especial para ele. "Acho que os três blocos estão muito bem desenhados, com um repertório muito encaixado, muito dentro daquilo que eu imaginava. No primeiro álbum, eu tenho a participação do Fundo de Quintal e a nova geração junto comigo. No segundo bloco, eu tenho o Zeca Pagodinho. No terceiro, eu tenho uma música em parceria com o Moacyr Luz. É difícil... eu gosto dos três!", foge aos risos.
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