Cinema

Oscar 2021 consagra 'Nomadland' em cerimônia sucinta e dá indícios de mudanças

Chinesa Chloé Zhao fez história ao vencer na categoria de Melhor Direção

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Cadastrado por

Márcio Bastos

Publicado em 26/04/2021 às 1:58
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A 93ª edição do Oscar, realizada domingo(25), em Los Angeles, deve entrar na história por algumas razões. A principal delas, o fato de ter sido realizado durante a pandemia e, por isso, apostar em um formato  intimista, com poucos convidados e uma cerimônia mais ágil, lembrando os primeiros anos da premiação. Outro fato histórico foi a vitória da chinesa Chloé Zhao em Melhor Direção, por Nomadland, tornando-se, assim, apenas a segunda mulher a ganhar a categoria e a primeira não branca. Seu longa-metragem,  nclusive, foi o grande vencedor da noite, levando ainda Melhor Atriz (Frances McDormand)
e Melhor Filme.

Dirigida por Steven Soderbergh (Onze Homens e Um Segredo), a cerimônia promoveu uma série de inversões na ordem de premiação. Melhor Filme, que tradicionalmente encerra a noite, foi entregue antes das categorias de atuação. Ao vencer em sua acirrada disputa, Frances McDormand ganhou seu terceiro Oscar de Melhor Atriz, enquanto Anthony Hopkins levou o seu segundo, por Meu Pai. A vitória dele, apesar de não chegar a ser uma surpresa, desbancou o favorito, Chadwick Boseman, falecido em
2020, que era cotado para receber o prêmio póstumo por seu trabalho em A Voz Suprema do Blues (o filme venceu em Figurino e Maquiagem).

Mank, da Netflix, que tinha o maior número de indicações, saiu apenas com duas das dez estatuetas que concorria: Melhor Fotografia e Melhor Direção de Arte. Este, aliás, foi um ano em que a divisão dos prêmios foi equilibrada, talvez pela falta de filmes tipicamente “oscarizáveis” devido à pandemia do novo coronavírus, que alterou o cronograma de filmagem e lançamentos de uma parcela considerável da indústria.

As vitórias da sul-coreana Yuh-Jung Youn, por Minari, e de Daniel Kaluuya, por Judas e o Messias Negro, como Atriz e Ator Coadjuvantes foram bastante comemoradas e seus discursos arrancaram risadas e lágrimas dos presentes.

Apesar do clima de alegria e confraternização que dominou a premiação, a pandemia e as questões
políticas e sociais não deixaram de aparecer. Regina King, em seu discurso de abertura, comemorou a prisão do policial condenado por assassinar George Floyd. A crítica à brutalidade policial e o assassinato de pessoas negras nos EUA estiveram presente em mais discursos durante a noite.

No geral, a cerimônia teve um ritmo positivo, ágil. Sem um apresentador fixo, o evento contou com a participação de várias celebridades para conduzir a noite, como Brad Pitt, Zendaya, Harrison Ford e Rita Moreno. As apresentações pré-gravadas dos candidatos a Melhor Canção Original, apresentadas
ainda durante o tapete vermelho, também foram uma boa solução.

Por falar em emoção, o momento In Memoriam, que acontece todo ano, recordando os profissionais da
indústria que faleceram, teve toques a mais de emoção por conta da tragédia da covid-19. Outro momento tocante aconteceu quando o dinamarquês Thomas Vinterberg dedicou o prêmio de Filme Internacional por
Druk - Mais Uma Rodada à sua filha. Emocionado, ele contou que ela faleceu dias antes do início das filmagens, após um acidente causado por uma pessoa que dirigia mexendo no telefone.

Sucinto, o Oscar 2021 conseguiu cumprir com sua proposta, apesar das limitações. E parece apontar para um futuro com mais inclusão em seus concorrentes e vencedores.

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