ARTES VISUAIS

Exposição de Alice Vinagre marca retomada da galeria Janete Costa, no Recife

"Trilhas (ou Cisco no olho, tampão no ouvido)" reúne 55 obras da artista sob uma nova perspectiva

Imagem do autor
Cadastrado por

Emannuel Bento

Publicado em 08/10/2021 às 19:24 | Atualizado em 09/10/2021 às 18:10
Notícia
X

A artista plástica Alice Vinagre, nome expoente da Geração 80, tendência que trouxe uma "nova pintura do Brasil", inaugura neste sábado (9), das 15h às 19h, a exposição "Trilhas (ou Cisco no olho, tampão no ouvido)", na galeria Janete Costa, no Parque Dona Lindu. Marcando uma retomada do equipamento na Zona Sul do Recife, a mostra constrói uma narrativa visual que passa por produções de vários períodos da carreira da pintora, mas sem um teor de "retrospectiva". A proposta é trazer uma nova abordagem de acordo com a organização espacial da montagem, permitindo uma maior aproximação com a produção. Com curadoria de Adolfo Montejo Navas, a exposição fica em cartaz até 5 de fevereiro.

Paraibana radicada no Recife há 20 anos, Alice Vinagre ficou conhecida por fazer uso de diferentes meios e linguagens (como desenho, fotografia, instalação de vídeo), mas sobretudo pela pintura. Seus trabalhos transitam entre o figurativo e o abstrato, trazendo elementos de memórias pessoais, construindo mensagens subjetivas e profundas.

"Trilhas (ou Cisco no olho, tampão no ouvido)" reúne 55 obras de diferentes décadas, algumas nunca exibidas no Recife, espalhadas sem qualquer ordem cronológica. O norte da organização foi, na verdade, os quatro elementos: fogo, terra, água e ar. Trabalhos do começo da carreira, como as aquarelas dos paraquedistas (1996/1997) dialogam com outras recentes, evidenciando temáticas que nunca deixaram a sua produção: mitologia, simbologia, espiritualidade e ambientes transcendentais.

ROBSON LEMOS/DIVULGAÇÃO
Anotações sobre o Céu (2005), trabalho inédito no Recife - ROBSON LEMOS/DIVULGAÇÃO

Outro destaque é Anotações sobre o Céu (2005), trabalho inédito no Recife que mostra um grupo de 39 pinturas em formato redondo, feitas em papel vegetal, tinta acrílica e caneta prateada. Nesses círculos, a artista nos traz o azul e suas nuances (algo muito presente em seu trabalho) com observações e impressões sobre o céu.

"Eu sempre prezo por um diálogo com o espaço, que vai alongar a obra. Eu queria tangenciar algumas coisas para chegar respeitando aquela arquitetura do local. Comecei a avaliar e perdi algumas noites de sono planejando como é que iria colocar", diz Alice Vinagre, que tem quadros em coleções importantes, como as da Fundação Nacional de Arte (Funarte), do Museu Nacional de Belas Artes, do Museu do Estado de Pernambuco e do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Mamam).

"A ideia dos quatro elementos veio de forma muito espontânea, como se o meu inconsciente estivesse em concordância com o próprio ambiente. Temos imagens que falam sobre o meu inconsciente pessoal. A parte do fogo, por exemplo, tem muitos vulcões e brasas, em referência a um sonho. Já outra parte é meio subterrânea", continua a artista.

O curador Adolfo Montejo Navas, que ajudou a chegar no conceito da mostra, ressalta um lado espiritual da obra de Vinagre. "Existe uma espécie de costume dela em relacionar-se com instância que são de outra ordem, uma ordem que não é cotidiana", diz. "As obras têm uma função além do que nós contemplamos. Isso explica um pouco ao fato de que ela tem muitos símbolos e elementos que demandam uma espécie de comunicação interna, como macrocosmos."

SERVIÇO
Trilhas (ou Cisco no olho, tampão no ouvido), de Alice Vinagre, com curadoria de Adolfo Montejo Navas
Onde: Galeria Janete Costa - Parque Dona Lindu (R. Setúbal, 1023 - Boa Viagem, Recife)
Abertura: neste sábado (9), das 15h às 19h
Visitação: De 10 de outubro de 2021 a 5 de fevereiro de 2022; de quinta a domingo, das 15h às 19h

Tags

Autor