CINEMA

Filme pernambucano Rio Doce, filmado em Olinda, vence prêmio no Festival do Rio

Rodado no bairro da periferia de Olinda, longa de Fellipe Fernandes é protagonizado pelo rapper Okado do Canal

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Emannuel Bento

Publicado em 20/12/2021 às 16:28 | Atualizado em 20/12/2021 às 20:18
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"Rio Doce", primeiro longa-metragem do recifense Fellipe Fernandes, é o grande vencedor da Première Brasil Novos Rumos do Festival do Rio. O resultado foi divulgado no domingo (19). Rodado no bairro da periferia de Olinda, o longa é protagonizado pelo rapper Okado do Canal, que vive o personagem Tiago. O longa já havia ganhado diversos prêmios do Festival Internacional de Curitiba, inclusive o Prêmio Olhar, que é o principal do evento.

Relações familiares, paternidade e a paisagem urbana da periferia do Grande Recife estão no centro do longa, cujo roteiro também é assinado pelo diretor. Pai de uma menina pequena, Tiago descobre a identidade de seu próprio pai, ausente em toda sua vida, quando é procurado por uma de suas meias-irmãs. Ela também conta que o homem morreu.

A partir dessa descoberta, a vida do rapaz se transforma: ele passa a questionar sua própria identidade. Cíntia Lima, Cláudia Santos, Carlos Francisco, Nash Laila, Thassia Cavalcanti e Amanda Gabriel também integram o elenco.

"Acompanhamos a jornada emocional de um homem negro periférico em crise com o modelo de masculinidade que se vê reproduzindo, sufocado pela solidão, dificuldade de comunicação, pressão social e falta de compreensão dos próprios sentimentos. Tudo isso em meio à sua relação com três gerações de mulheres e diante de um conflito de classes", diz o diretor Fellipe Fernandes.

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CINEMA PERNAMBUCANO "Rio Doce", filme de Fellipe Fernandes - DIVULGAÇÃO
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CINEMA PERNAMBUCANO "Rio Doce", filme de Fellipe Fernandes - DIVULGAÇÃO
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CINEMA PERNAMBUCANO "Rio Doce", filme de Fellipe Fernandes - DIVULGAÇÃO
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CINEMA PERNAMBUCANO "Rio Doce", filme de Fellipe Fernandes - DIVULGAÇÃO
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CINEMA PERNAMBUCANO "Rio Doce", filme de Fellipe Fernandes - DIVULGAÇÃO

"O argumento original do filme é de 2014, e passou por diversas transformações, mas sempre esteve presente o desejo de fazer um retrato íntimo de um cotidiano doméstico em diversas camadas narrativas nas quais questões sociais se misturam com dramas familiares. Já era o que guiava a construção do filme e assim permaneceu até a finalização", continua Fernandes.

O diretor ressalta que Okado foi fundamental no desenvolvimento do personagem e do filme. “A partir do momento que decidimos que ele interpretaria o protagonista, escrevi uma revisão do roteiro trazendo elementos que estavam diretamente relacionados com identidade e as experiências de vida de Okado, colorindo o contorno que já existia e aproximando os universos.”

Fellipe Fernandes já trabalhou de assistente de Kléber Mendonça Filho (em “Aquarius”, e “Bacurau”, codirigido por Juliano Dorneles), Cláudio Assis (“Piedade”) e Tavinho Teixeira (“Sol Alegria”). “Para mim, que nunca estudei a prática de cinema de maneira formal, pensando na realização, esses trabalhos funcionaram como uma escola. A possibilidade de poder acompanhar de perto o processo criativo desses realizadores me ajudou a entender as possibilidades de caminhos a serem percorridos”, diz.

Responsável pelos curtas "O delírio é a redenção dos aflitos", já exibido em Cannes, e "Tempestade", exibido em Tiradentes, o diretor conta que a estreia em longas não lhe trouxe dificuldades pelo formato. "Acho que pesou mais o fato de eu ter pouca experiência anterior na direção de fato do que exatamente o formato dos filmes que compuseram essa experiência. O fato de estar cercado de amigos, pessoas com as quais eu trabalho desde 2007, quando comecei a fazer assistência de direção, fez tudo fluir de uma maneira mais tranquila."

Vencedores do Festival do Rio

Première Brasil

Melhor Fotografia: Ivo Lopes Araújo, por "Casa Vazia" (de Giovani Borba)

Melhor Montagem: Eva Randolph, por "Uma Baía" (de Murilo Salles)

Melhor Roteiro: Alvaro Campos e elenco, por "Mundo Novo" (de Alvaro Campos)

Melhor Ator Coadjuvante: Sergio Laurentino, por "A viagem de Pedro" (de Laís Bodanzky)

Melhor Atriz Coadjuvante: Lara Tremouroux, por "Medusa" (de Anita Rocha da Silveira)

Melhor Ator: Rômulo Braga, por "Sol" (de Lô Politi)

Melhor Atriz: Tati Villela, por "Mundo Novo" (de Alvaro Campos)

Melhor Direção de Documentário: Murilo Salles, por "Uma Baía"

Melhor Documentário: "Rolê - histórias dos rolezinhos", de Vladimir Seixas

Melhor Direção de Ficção: Anita Rocha da Silveira ("Medusa") e Laís Bodanzky ("A viagem de Pedro")

Melhor Curta-Metragem: "Solitude", de Tami Martins e Aron Miranda

Melhor Longa de Ficção: "Medusa", de Anita Rocha da Silveira. Produção de Vania Catani, Fernanda Thuran e Mayra Faour Auad

Prêmio Especial Júri: "Medida Provisória", de Lázaro Ramos

Première Brasil Novos Rumos

Melhor Curta-Metragem: "Chão de Fábrica", de Nina Kopko

Prêmio Especial do Júri: Para a atriz Renata Carvalho, por "Os Primeiros Soldados"

Menção Honrosa: "O Dia da Posse", de Allan Ribeiro

Melhor Longa-metragem: "Rio Doce", de Fellipe Fernandes

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