Fundaj lança site sobre a história do Carnaval de Pernambuco
Folia da instituição homenageia Olinda e Chico Science, símbolo do manguebeat; Getúlio Cavalcanti foi anunciado como homenageado de II edição do Concurso Nordestino do Frevo
Em mais um ano sem Carnaval, o folião terá a oportunidade de conhecer mais sobre como foi a grande festa há 100 anos na plataforma ohlindafestadeCarnaval.net.br, que será lançada pela Fundação Joaquim Nabuco nesta sexta-feira (25). O site trará recortes de jornais, ilustrações, músicas e conteúdo audiovisual. Um dos textos faz mergulho justamente no Carnaval de 1922, com todas as suas discussões morais ao redor de brincadeiras, como a prática do entrudo. As raízes dos bonecos gigantes também estão registradas.
A novidade foi anunciada em solenidade no campus de Casa Forte, Zona Norte do Recife, com presença do presidente da Fundaj, Antônio Campos, o diretor de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca), Mário Hélio, e o Carnavalesco Getúlio Cavalcanti, homenageado do II Concurso Nordestino do Frevo. O homenageado do Carnaval da instituição é Chico Science, símbolo do manguebeat.
Representando a memória do músico olindense Goretti França, irmã de Chico, gravou um vídeo transmitido no evento e que estará também presente no site. "Chico além de ser um artista reconhecidamente importante, com uma obra magnífica e importante na música brasileira, era um amante do Carnaval", disse. Para ela, se ele estivesse vivo certamente diria: "não temos ruas, mas temos redes". Em 2022, completaram 25 anos da partida de Science.
Mergulho na história cultural
O site "Oh, linda festa de Carnaval" ainda resgata desde seus primeiros registros da festa na Portugal da Idade Média até sua chegada na América, quando houve uma incorporação da cultura regional. O material ainda aborda a relação do poeta Manuel Bandeira (1886-1968) e de outros nomes da literatura com a festa.
Já o pintor Manoel Bandeira (1900-1964) aparece com sua contribuição com a moda Carnavalesca na primeira metade do século 20. Fora do meio virtual, a Fundaj montou a exposição "Carnaval: Nassau, Frevo, Cana e Caju", no Shopping Guararapes, em Jaboatão dos Guararapes, com dez croquis de fantasias do pintor para agremiações.
O ano de 1922, aliás, marcou o lançamento do primeiro frevo registrado em gravação: "Borboleta Não é Ave", composição de Nelson Ferreira em parceria com J. B. Diniz que completa centenário. A canção ganhou menção honrosa na plataforma.
"Começamos a refazer o percurso histórico. O título e as ilustrações utilizadas foram resgatadas de periódicos de época, do século passado, como Jornal Pequeno e A Província. Em paralelo, homenageamos Chico Science, que é este elemento urbano e contemporâneo. Sua música é antes de tudo híbrida, como é esta programação", contextualizou Mário Hélio.
Livro
O livro "No Compasso do Frevo" (Editora Massangana, 2022) também está presente no portal. Ele conta as histórias dos vencedores do I Concurso Nordestino do Frevo, realizado pela Fundaj com autores dos nove estados da região, tendo distribuído R$ 92 mil em 12 categorias. Ainda traz um songbook das canções premiadas. O livro ganhará edição impressa, sem data de lançamento, e somará às coleções do Centro de Documentação e Estudos da História Brasileira (Cehibra).
Carnaval nos cinemas da Fundaj
O Cinema da Fundação, com unidades no Museu, Derby e Porto, vão dar destaque a títulos ligados ao Carnaval a partir desta sexta-feira (25). São quatro longas pernambucanos, lançados entre 2014 e 2021: "Azougue Nazaré" (2018), Tiago Melo, "Fim de Festa" (2019), de Hilton Lacerda, "Sete Corações" (2014), de Dea Ferraz e "Estou me Guardando para Quando o Carnaval Chegar" (2019), de Marcelo Gomes.
As obras exploram os elementos culturais da festa sob a ótica do suspense, documentário e do melodrama. São filmes premiados de uma recente safra pernambucana que mostram sua diversidade temática e estética, longas que percorrem o estado de Pernambuco, passando pelo polo de fabricação de jeans em Toritama, os maracatus da Zona da Mata, além do frevo, a folia e a quarta-feira de cinzas na capital pernambucana. A programação diária já está disponível nas redes sociais do Cinema da Fundação.
Quem for ao campus de Casa Forte, que abriga equipamentos como o Museu do Nordeste e o Cinema do Museu, poderá também acompanhar uma instalação de arte digital na fachada, com produção da Massangana Audiovisual. Com autoria de Gabriel Furtado, artista multimídia que integra o grupo VJs Retinantz, o projeto será exibido entre os dias 26 de fevereiro e 1º de março, respectivamente o sábado de Zé Pereira e a terça-feira de Carnaval, sempre das 18h às 22h.
Utilizando as características físicas e históricas do edifício do Muhne, a técnica de instalação de arte digital transmitirá recortes de filmes da Cinemateca Pernambucana e da Massangana Audiovisual, registros fotográficos, além de animações criadas a partir da iconografia do momento festivo e da identidade visual das ações promovidas pela Instituição para o Carnaval de 2022.