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Danilo Gentili se diz vítima de censura; filme acusado de apologia à pedofilia continua na Netflix

Ministério da Justiça deu cinco dias para que plataformas de streaming deixem de exibir o filme "Como se tornar o pior aluno da escola"

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Amanda Azevedo, Estadão Conteúdo

Publicado em 15/03/2022 às 14:17 | Atualizado em 15/03/2022 às 16:45
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Após o Ministério da Justiça suspender a exibição do filme "Como se tornar o pior aluno da escola" em plataformas de streaming, o comediante e apresentador Danilo Gentili afirmou, nas redes sociais, ter sido vítima de "censura oficial dos dois governos". O longa, baseado em livro de Gentili, foi lançado em 2017 e está sendo acusado de fazer apologia à pedofilia. Por volta das 14h desta terça-feira (15), a produção continuava disponível na Netflix, onde chegou em fevereiro deste ano.

Em medida cautelar publicada no Diário Oficial da União desta terça (15), o Ministério da Justiça determina multa diária de R$ 50 mil às plataformas que não retirarem a obra de seus catálogos em cinco dias. Além da Netflix, foram citados na portaria YouTube, Globoplay, Amazon Prime Video e Apple TV.

"Como se tornar o pior aluno da escola" se tornou alvo de críticas nas redes sociais, principalmente por parte de políticos e autoridades ligados ao bolsonarismo, após o deputado federal Eduardo Bolsonaro (União Brasil-SP) compartilhar uma cena editada da obra alegando que ela promove a "apologia à pedofilia".

O trecho em questão mostra um personagem interpretado pelo ator Fábio Porchat tentando convencer dois adolescentes a fazerem sexo com ele. No filme, uma comédia, os menores de idade fogem do homem após o convite, mas essa parte foi cortada do vídeo publicado pelo parlamentar.

Ao Estadão, Porchat afirmou que seu personagem é retratado como o vilão da história e que não há a intenção de estimular a pedofilia.

Por meio de sua assessoria, Gentili frisou que o filme é uma obra de ficção.

"Geralmente, o filme tem o mocinho e o vilão. O vilão é um personagem mau. Que faz coisas horríveis. O vilão pode ser um nazista, um racista, um pedófilo, um agressor, pode matar e torturar pessoas… O Marlon Brando interpretou o papel de um mafioso italiano que mandava assassinar pessoas. A Renata Sorah roubou uma criança da maternidade e empurrava pessoas da escada. A Regiane Alves maltratava idosos. Mas era tudo mentira, tá, gente?", ironizou.

A determinação do Ministério foi comemorada pelo ministro da Pasta, Anderson Torres, nas redes sociais. Como justificativa para a medida, consta "necessária proteção à criança e ao adolescente consumerista". A classificação indicativa do filme é 14 anos, apesar de o livro que deu origem à obra ser recomendado para maiores de idade. A indicação etária foi definida por uma comissão do próprio Ministério da Justiça, em 2017, à época do lançamento nos cinemas, sustentando que a produção tinha um "contexto cômico e caricato".

Procurada, a Netflix disse que não se manifestaria sobre o caso. A assessoria da plataforma foi acionada novamente após a proibição ao filme, mas ainda não respondeu à reportagem.

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