LITERATURA

Bicentenário da Independência do Brasil: livros questionam a história oficial, seus episódios e personagens

Confira quatro publicações para compreender o Sete de Setembro

Romero Rafael
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Romero Rafael
Publicado em 07/09/2022 às 0:05 | Atualizado em 08/09/2022 às 17:10
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Pintura Independência ou Morte, de Pedro Américo - FOTO: REPRODUÇÃO
Leitura:

Hoje, no Bicentenário da Independência do Brasil, que história será escrita? Quem sabe a do coração, conservado em formol (!), de dom Pedro I. Ou quem sabe a de um ar denso (e tenso) com o peso da iminência de atos antidemocráticos e violentos pelo País. A despeito desses eventos que insistem em nos fazer parecer empoeirados, estudiosos têm contribuído com novas leituras sobre a Independência: o que e quem a forjou, o que de fato significou e como foi relatada na historiografia oficial. Da pintura "Independência ou Morte", de Pedro Américo, ao apagamento de personagens e episódios, como a Revolução Pernambucana de 1817, revisemos.

O SEQUESTRO DA INDEPENDÊNCIA - Uma História da Construção do Mito do Sete de Setembro

De Carlos Lima Jr., Lilia M. Schwarcz, Lúcia K. Stumpf

Companhia das Letras

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O SEQUESTRO DA INDEPENDÊNCIA - Uma História da Construção do Mito do Sete de Setembro De Carlos Lima Jr., Lilia M. Schwarcz, Lúcia K. Stumpf - DIVULGAÇÃO

Em mais de 300 páginas, os autores analisam uma farta coleção imagética que tem como peça central o famoso quadro de Pedro Américo sobre o "Grito do Ipiranga", a pintura "Independência ou Morte". "A emancipação política brasileira decorreu de um longo e conflituoso processo, desenvolvido em várias regiões do País e que teve diversos atores. Capítulos esses escamoteados em favor de uma história oficial, ainda muito europeia, pacífica, masculina e unificadora, que encontrou no Sete de Setembro seu mito fundador", diz trecho do texto na orelha do livro.

ADEUS, SENHOR PORTUGAL - Crise do Absolutismo e a Independência do Brasil

Rafael Cariello, Thales Zamberlan Pereira

Companhia das Letras

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ADEUS, SENHOR PORTUGAL - Crise do Absolutismo e a Independência do Brasil Rafael Cariello, Thales Zamberlan Pereira - DIVULGAÇÃO

A publicação tem como frase destacada na contra-capa a seguinte: "O Brasil nasceu de uma crise fiscal. Seu pai foi o déficit. Sua mãe, a inflação". Portanto, desfaz-se, aqui, a imagem heroica de dom Pedro I às margens do Ipiranga e analisa-se o Sete de Setembro como evento culminante de uma grande crise fiscal, quando o preço alto dos alimentos, a inflação e a desvalorização da moeda provocaram desordens populares e violência antilusitana contra pequenos comerciantes e lojistas nas ruas das cidades portuárias."Às vésperas da Independência,assim como viria a acontecer tantas outras vezes na história do país, a gestão das contas públicas se revelou decisiva para a sustentação política do governo", escrevem os autores.

IDEIAS EM CONFRONTO - Embates pelo poder na Independência do Brasil (1808-1825)

Cecilia Helena de Salles Oliveira

Todavia

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IDEIAS EM CONFRONTO - Embates pelo poder na Independência do Brasil (1808-1825) Cecilia Helena de Salles Oliveira - DIVULGAÇÃO

O principal objetivo desse trabalho é rasurar a história da Independência do Brasil como uma transição suave e consensual, resumida e focada no rompimento dos laços de Portugal com o Brasil. A obra também joga luz sobre personagens ofuscados pela história oficial da Independência, reconstitui os episódios e, para além daquele momento, descreve a construção- aliás, bem posterior ao "Grito do Ipiranga" - do Sete de Setembro como data nacional. Analisa seu peso e o de outros símbolos cívicos na consolidação da memória histórica perpetuada entre os brasileiros nos séculos 20 e 21.

A OUTRA INDEPENDÊNCIA, PERNAMBUCO 1817-1824

Evaldo Cabral de Mello

Todavia

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A OUTRA INDEPENDÊNCIA, PERNAMBUCO 1817-1824 Evaldo Cabral de Mello - DIVULGAÇÃO

O livro do diplomata pernambucano e membro da Academia Brasileira de Letras Evaldo Cabral de Mello, lançado em 2004 e agora em nova edição, busca ampliar a compreensão sobre o processo de emancipação do Brasil, ao tratá-lo a partir de Pernambuco, que se destacou pela resistência contra o centralismo da corte do Rio de Janeiro e seu projeto de unificação do país. A província abrigou uma intensa movimentação política entre 1817 e 1824, com a Revolução Pernambucana e a Confederação do Equador.

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