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Aos 90 anos, Batutas de São José deve perder sua sede no Recife

Mais antigo bloco carnavalesco misto em atividade ininterrupta do Recife acumula dívida milionária de IPTU no Recife

Emannuel Bento
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Emannuel Bento
Publicado em 29/11/2022 às 16:08 | Atualizado em 04/12/2022 às 18:23
WAGNER RAMOS/PCR
CARNAVAL Batutas de São José me desfile de 2016 - FOTO: WAGNER RAMOS/PCR
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No ano que completa 90 anos de sua fundação, o Bloco Carnavalesco Misto Batutas de São José está prestes a perder a sua atual sede, localizada no bairro de Afogados, Zona Oeste do Recife. O motivo é uma dívida acumulada do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) da Prefeitura do Recife. Membros temem que o imóvel vá a leilão.

O Batutas de São José vem enfrentando dificuldades financeiras nos últimos anos, chegando a não desfilar no Carnaval de 2019. Fundado no Pátio de São Pedro, em 5 de junho de 1932, ele nasceu como dissidência do Batutas da Boa Vista Ainda ostenta o título de "“o mais antigo bloco carnavalesco misto em atividade ininterrupta do Recife".

"Não temos para onde ir", resume Nilza Angela, que integra a atual diretoria do bloco e fez um vídeo pedindo doações - a gravação foi disseminada por aplicativos de mensagens, embora o bloco ainda pretenda organizar uma vaquinha formalizada.

"Na sede é onde guardamos muitas fantasias, troféus. O Batutas já ganhou título até na França. Temos muitas coisas. Teríamos de alugar um local, mas não temos condições de pagar coisas básicas, então, como pagar um aluguel?", questiona.

Doações para o Batutas de São José

As doações podem ser realizadas pelo Pix da própria Nilza Angela. A chave é 81 98566-3945.

Presidido desde 2018 por Ivandro Belizário (mais conhecido como Sardinha), o Batutas tem feito esforços para quitar e negociar diversas dívidas acumuladas dos últimos anos.

"Assumimos com muitas dívidas. Algumas delas nós quitamos, como algumas multas mais simples, já outras nós fizemos acordos, como foi com a dívida trabalhista de antigos garçons do clube", explica Nilza.

WAGNER RAMOS/PCR
CARNAVAL Batutas de São José me desfile de 2016 - WAGNER RAMOS/PCR
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CARNAVAL Batutas de São José me desfile de 2016 - WAGNER RAMOS/PCR
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CARNAVAL Batutas de São José me desfile de 2016 - WAGNER RAMOS/PCR
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Batutas de São José coleciona inúmeros títulos do carnaval recifense, em desfiles encantadores - WAGNER RAMOS/PCR

"Mas, infelizmente, o IPTU não conseguimos resolver por ser um valor muito alto, que passa de R$ 1 milhão. Estou pedindo a ajuda de muita gente para pedir ajuda pelas redes sociais", continua. Apesar de estimular o valor, a carnavalesca não soube especificar quantos anos de IPTU estão dependentes.

"A antiga direção passou muito tempo, mas não renovou a cada quatro. Nunca fizeram eleições, chegando a um tempo que não deu mais. Em 2019, ficamos sem desfilar, mas nos últimos tempos resolvemos questões como taxa de bombeiros, autorização para funcionamento do clube. Nada disso tinha".

Clube do Batutas de São José

O Clube localizado em Afogados passou por algumas reformas recentemente. Ganhou novo piso e está com três escadas de emergência, conforme foi exigido pelos bombeiros. A verba para essas mudanças foram arrecadadas com eventos quinzenais realizados às sextas-feiras.

"Nós chamamos DJs, pois não conseguimos pagar pelas orquestras. Com esses eventos só levantamos grana para pagar coisas básicas", diz Nilza, que tem fé que o bloco sai às ruas em 2023. "Por mim, sim. Estou costurando tudo para que isso ocorra. Se Deus quiser, ele sai".

Passado de glória 

O Batutas de São José teve um passado imponente, registrado em versos de frevos como no clássico de João Santiago, um dos grandes do Carnaval e da cultura de Pernambuco: "Eu quero entrar na folia, meu bem/ você sabe lá o que é isso/ Batutas de São José, isso é parece que tem feitiço".

Levino Ferreira, Edgard Moraes e Nelson Ferreira também passaram pela agremiação.

Os integrantes que seguem resistindo querem que o Batutas de São José seja reconhecido como Patrimônio Vivo de Pernambuco, o que garantiria uma renda fixa mensal do Governo de Pernambuco.

Neste ano, a Prefeitura do Recife também estreou o seu edital de Patrimônios Vivos, contemplando Zenaide Bezerra, Mestre Teté e as agremiações Pierrot de São José e Gigante do Samba.

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