MÚSICA

Dany Myler completa 20 anos de carreira no brega e no forró: ‘Mulheres precisam se provar várias vezes’

Marca será comemorara com gravação do DVD com participações especiais de artistas como Raphaela Santos (A Favorita), Lipe Lucena, Kelvis Duran, Cheila do Pará e Samya Maia (ex-banda Magníficos)

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Emannuel Bento

Publicado em 06/12/2022 às 16:05
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Há 20 anos, as trocas culturais entre Recife (PE) e Belém (PA) estavam em uma espécie de ápice com a mudança da Banda Calypso para a capital pernambucana. As bandas de brega passaram a incorporar novas sonoridades, vocalistas femininas e figurinos ousados. Dany Myller foi testemunha disso tudo na Lolyla Vision, banda de tecnobrega recifense, aos 14 anos.

Era o início de uma carreira que nasceu no brega e, através da forte troca da cena nordestina naqueles tempos, conseguiu também chegar no forró, nos vocais do grupos como Cavaleiros do Forró. Nesta quarta-feira (7), a cantora celebra essa trajetória com a gravação de um DVD na Usina Dois Irmãos, no Recife.

A produção vai contará com 21 faixas e participações especiais de diversos artistas consolidados do brega e forró, Raphaela Santos (A Favorita), Lipe Lucena, Kelvis Duran, Cheila do Pará, Samya Maia (ex-banda Magníficos) e Berg Gonzaga (AL).

O projeto tem direção de Carlos Pacheco, produção artística de Everaldo Matheus e organização da Pina Produções, Marinha Ramos e Thiago Rocha.

Início

"Na época em que a Joelma trouxe o Calypso para cá, vimos o trabalho forte que os divulgadores locais faziam. As bandas de brega eram mais românticas e eu sempre tive muita energia. Já gostava também do Destiny's Child, sempre gostei de ritmos para cima", diz Dany Myller, ao citar as referências do início da carreira.

"Na época, veio a ideia de trabalhar com o tecnobrega aqui no Recife, trazendo algo dançante e com representatividade na nossa capital. Foi um ‘boom’. Eu sempre tive o sonho de cantar e foi através do brega, que vem da periferia, que consegui ter o acesso à música. Não parei mais depois disso", diz.

Dany tinha entre 14 e 15 anos quando a Lolya começou. "Quem montou a a banda para mim foram os meus pais, que acreditavam muito no meu sonho. Ainda hoje, minha mãe é a minha empresária, embora eu também tenha a Pina Produções."

Forró

Aos 18 anos, Myler foi convidada para ser vocalista da Jatinhos do Forró e logo depois ingressou em grupos como Garotões do Forró e Capital do Sol, banda do Ceará que integrava o circuito do forró eletrônico.

"O brega me de essa visibilidade para ir até outras cidades. A maioria das músicas de Kelvins Duran e Swing do Amor, que eram gravadas aqui, foram regravadas fora. As bandas tinham conhecimento dos artistas daqui, por isso eu cheguei no forró", diz.

"Acho que esse tempo me deu uma outra visão de mercado. Uma banda que tem projeção nacional tem outra magnitude e estrutura. Ter vivido isso me deu uma maturidade para voltar ao mercado aqui no Recife, com as Amigas e depois as Comandantes. Muito do que eu trouxe a esses trabalhos foi através de ideias dessa fase, entendo como o business funciona."

Amigas do Brega

Dany Myler ganhou um novo destaque no mercado do brega ao integrar a banda Amigas do Brega, em 2018. O projeto também lançou luz nas vozes de Palas Pinho, Eliza Mell e Dayanne Henrique, mas sofreu um "racha" no final do ano seguinte por desentendimentos.

"Apesar da forma como os projetos tiveram os seus desfechos, eu olho com muita gratidão para essa época, pois foi um processo necessário para todo mundo que trabalhou. No movimento brega, fortalecemos uma parcela dos artistas que já não se viam mais inseridos e trouxemos de volta o gosto nostálgico da época de ouro do brega", opina Dany. "Existe um cenário do brega antes e depois."

Nova fase

VIRGINIA RODRIGUES/DIVULGAÇÃO
MÚSICA Cantora Dany Myler completa 20 anos de carreira - VIRGINIA RODRIGUES/DIVULGAÇÃO
VIRGINIA RODRIGUES/DIVULGAÇÃO
MÚSICA Cantora Dany Myler completa 20 anos de carreira - VIRGINIA RODRIGUES/DIVULGAÇÃO

O novo DVD de Dany Myler parte de uma análise de todos esses 20 anos, tentando agregar públicos de diferentes partes do Nordeste. "Olho com carinho não apenas para o brega, mas também para tudo o que o forró me trouxe", conta a cantora.

"Fazer esse mixing vai me fazer fortalecer para um público de fora a raiz do nosso brega desmistificando muitas coisas. Nós, mulheres, sofremos em qualquer cenário profissional, e, na música, precisamos nos provar várias vezes. Com esse trabalho quero fortalecer essa base, estou fazendo para os meus fãs", finaliza.

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