O Oceanos – Prêmio de Literatura em Língua Portuguesa revelou os seus vencedores em cerimônia realizada no Moçambique, nesta sexta-feira (9). Foi a primeira que o evento ocorreu em país de língua portuguesa do continente africano.
O livro "Líbano, labirinto", da escritora portuguesa Alexandra Lucas Coelho, publicado em Portugal pela Editorial Caminho, ficou em primeiro lugar. Essa é a primeira obra de não ficção a vencer o Oceanos – Prêmio de Literatura em Língua Portuguesa. Além de um troféu, a primeira colocada receberá R$ 120 mil; R$ 80 mil o segundo e R$ 50 mil a terceira.
Os romances Museu da Revolução, do escritor moçambicano João Paulo Borges Coelho, e O som do rugido da onça, da brasileira Micheliny Verunschk, completam o pódio em segundo e terceiro lugares, respectivamente
A cerimônia de anúncio ocorreu no Centro Cultural Brasil-Moçambique e foi transmitida ao vivo pelo site do Itaú Cultural e pelo canal do Oceanos no YouTube.
Uma comitiva do prêmio foi a Moçambique para esse evento que encerrou uma programação literária de dois dias com escritores de Brasil, Moçambique e Portugal.
Ela foi formada pela gestora cultural e coordenadora do Oceanos Selma Caetano, a jornalista e curadora portuguesa Isabel Lucas e o escritor timorense Luís Cardoso, vencedor do Oceanos 2021.
O Oceanos é realizado em três etapas de votação até chegar aos vencedores. Ao todo, foram 7.881 leituras realizadas pelos três júris que se sucederam na seleção de semifinalistas, finalistas e vencedores. O valor total da premiação é de R$ 250 mil, sendo R$ 120 mil para o primeiro colocado, R$ 80 mil para o segundo e R$ 50 mil para o terceiro.
Participaram do júri final, que leu e avaliou os 10 livros finalistas para escolher os três vencedores, os brasileiros Cristhiano Aguiar, Guilherme Gontijo Flores, Joselia Aguiar e Júlia de Carvalho Hansen; o moçambicano Artur Bernardo Minzo; e as portuguesas Ana Cristina Leonardo e Helena Vasconcelos.
"Temos vencedores de países de língua portuguesa em três continentes, o que dá a ampla dimensão do que significa esta premiação para a produção que nos une e abre horizontes por meio das múltiplas culturas e de cada fazer literário”, diz Eduardo Saron, presidente da Fundação Itaú, que congrega o Itaú Cultural, apoiador ativo do Oceanos, o Itaú Social e o Instituto Itaú pela Educação.
"É um caminho sem volta para incrementar nosso intercâmbio independentemente da geografia que nos afasta já que o idioma nos junta", conclui ele.
Para Manuel da Costa Pinto, curador do Oceanos para o Brasil, a premiação de "Líbano, labirinto livro" tem, para além do reconhecimento de sua força literária, um grande significado simbólico para o Oceanos.
"Alinhavando histórias individuais e coletivas desse país tão ancestral quanto conflagrado, o livro associa o olhar cirúrgico sobre a realidade social e política a uma sensibilidade que a todo tempo interroga a própria experiência, dentro da tradição que leva do ensaio (em sua acepção original) à crônica contemporânea, passando pela linhagem dos grandes cronistas históricos portugueses, que fizeram da viagem o mote para flagrar o espanto diante da alteridade", observa ele.
"Nessa coleção de pequenas histórias de viventes no Líbano, a autora constrói um livro poderoso sobre os afetos e a guerra, a angústia e a esperança. A obra combina e atualiza gêneros de tradição: a crônica, a grande reportagem, a narrativa de guerra, o testemunho e a memória", diz Joselia Aguiar, jornalista e curadora literária que fez parte do júri que elegeu a obra.