DIA DO FREVO

CARNAVAL 2023: Na retomada da folia, conheça novos frevos de artistas pernambucanos

No primeiro Carnaval desde a pandemia, nomes tradicionais e artistas da nova geração autoral apostaram no frevo em diferentes perspectivas

Emannuel Bento
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Emannuel Bento
Publicado em 09/02/2023 às 12:12 | Atualizado em 14/02/2023 às 9:50
ANDRÉ SIDARTA, MILENA FERREIA E UIRÁ FERREIRA/DIVULGAÇÃO
FREVO PC Silva, Larissa e Lisboa e Academia da Berlinda estão entre os artistas que apostaram no frevo - FOTO: ANDRÉ SIDARTA, MILENA FERREIA E UIRÁ FERREIRA/DIVULGAÇÃO

O Carnaval de 2023 ficará marcado pela retomada da folia, após anos pandêmicos que castigaram os artistas e a cultura popular. Nessa celebração, não poderiam faltar novidades musicais.

Em Pernambuco, artistas tradicionais e nova geração autoral apostaram no frevo em diferentes perspectivas, desde misturas com outros ritmos até o tradicional o frevo-canção - vertente com melodia mais cantável e andamento mais lento que o dos frevos-de-rua.

CONHEÇA OS FREVOS LANÇADOS EM 2023

Neste ano, nomes como PC Silva, Larissa Lisboa e a dupla Alexandre Gois e Joaquim Pessoa exploraram o frevo em parceria com a Orquestra Malassombro, do maestro Rafael Marques.

A Academia da Berlinda e o seu vocalista Tiné (em lançamento solo) também brincam com o ritmo em lançamento carnavalesco. Já Nena Queiroga aposta num frevo eletrizado, com uma pegada dos anos 1990. Confira:

PC Silva: 'Um Frevo Guardado'

ROGÉRIO ALVES/DIVULGAÇÃO
FREVO Lili Rocha em Um Frevo Guardado, clipe de PC Silva - ROGÉRIO ALVES/DIVULGAÇÃO

Foi pensando justamente na retomada do Carnaval que PC Silva, natural de Serra Talhada, compôs "Um Frevo Guardado", parceria com a Orquestra Malassombro.

A música é uma espécie de continuação da melancólica "Um Frevo Feito Pra Pular Fevereiro", lançada em 2021 com participação de Flaira Ferro e clipe gravado nas ladeiras de Olinda, um dos principais focos da folia, ainda vazias. Os versos prometiam, para o ano seguinte, um "frevo-canção de amor".

Agora, PC apresenta um frevo mais alegre, mais igualmente emotivo e envolto nas saudades impostas pela pandemia. "Deixa a tristeza saber que hoje eu quero me embriagar de alegria no carnaval”, anuncia, na letra.

"No arranjo, tentei construir uma sensação de êxtase no refrão, edificando as frases das estrofes para criar uma sensação crescente até o refrão", conta Rafael Marques, arranjador de ambas.

Para PC, este será um dos mais importantes carnavais da história, por ser um momento de retorno. "Há uma pausa dentro dele, muita perda, muita gente que ficou para trás. Como festa popular, ele serve também para filtrar as coisas ruins e dar um gás para o resto do ano. Vai ser o mais alegre de todos e tomara que a gente nunca mais seja obrigado a passar pelo que passou".

Academia da Berlinda: 'Bandoleiro'

UIRÁ FERREIRA/DIVULGAÇÃO
Banda Academia da Berlinda - UIRÁ FERREIRA/DIVULGAÇÃO

A banda olidense Academia da Berlinda também celebra o reencontro com "Bandoleiro", uma mistura de frevo, brega e reggae - as misturas são típicas da identidade do grupo.

Depois do álbum "Descompondo o Silêncio" (2020), gravado no estúdio do produtor Kassin, no Rio de Janeiro (RJ), a Academia da Berlinda voltou a produzir em casa, nas ladeiras de Olinda, inspirada pelos ritmos da terra.

"É a primeira vez que viajamos por essa estética. Depois que nos consolidamos com uma sonoridade própria, mais puxada para a dança de salão, tomamos a liberdade de também trabalhar com o frevo", comenta Tiné, vocalista da banda.

“Quem mora em Olinda acompanha esse movimento no dia a dia e inevitavelmente, nós como músicos, também trazemos essas referências para a música que fazemos. O frevo, o maracatu e o coco são ritmos que utilizamos algumas vezes de forma incidental, outras como elementos de inspiração e diálogo dentro do nosso universo de criação”, ressalta o baixista Yuri Rabid.

A Academia atualmente é ormada por Alexandre Urêa (voz e timbales), Tiné (voz, pandeiro e maraca), Yuri Rabid (baixo e voz), Gabriel Melo (guitarra), Hugo Gila (teclados), Irandê Naguê (bateria e percussão) e Tom rocha (percussão e bateria).

Tiné: 'Melhor Pedaço'

IBANEZ SUAERESSIG/DIVULGAÇÃO
FREVO Tiné lança 'Melhor Pedaço' - IBANEZ SUAERESSIG/DIVULGAÇÃO

Quem também pensou num frevo para a volta do Carnaval foi Tiné, vocalista da Academia da Berlinda, no seu lançamento solo "Melhor Pedaço".

A faixa é um frevo-canção com uma pegada moderna e que conta com a participação de vários amigos músicos: o som do flugel e trompete do Fabinho Costa; o violão ritmado de Marcelo Cavalcante; a guitarra do Rodrigo Janga; o pandeiro do Ivison de Caruaru; a voz de Nattany de Paula; e o baixo, sinths, produção e mix de Luccas Maia, parceiro de longas datas de Tiné.

De acordo com Tiné, a composição feita em parceria com Marcelo Cavacanti e Rodrigo Janga surgiu durante um programa que apresentava no canal no YouTube, o Programa Desafio Clube da Aurora, um desafio de compositores pernambucanos.

"Acho que foi há cinco anos. O público sugeriu o tema e, quando comecei a criar o começo das ideias, percebi que combinava com a estética do frevo, mas nem pensava em lançar no carnaval naquele momento", relembra Tiné.

"A expectativa é grande pois o Carnaval é a época mais importante do ano para os artistas pernambucanos. Vou fazer shows com a Academia da Berlinda, mas meu solo está sendo repaginado e volta aos palcos este ano, ainda no primeiro semestre".

Alexandre Gois e Joaquim Pessoa: 'Mentiras e verdades que eles odeiam'

FÁBIO PEDROSA/DIVULGAÇÃO
Alexandre Gois e Joaquim Pessoa, dupla de artistas do Recife - FÁBIO PEDROSA/DIVULGAÇÃO

A dupla Alexandre Gois e Joaquim Pessoa entraram no ritmo da folia que toma conta de Recife lançando a inédita "Mentiras e Verdades que eles odeiam", também em parceria da Orquestra Malassombro.

O novo single é um frevo solar e sarcástico para ser cantado a plenos pulmões. Para além de fim da pandemia, a música ainda celebra o fim do governo de Jair Bolsonaro, descrito como "quatro anos de escuridão no país do Carnaval" no texto de divulgação do projeto.

"Mentiras e verdades que eles odeiam” nasce das agonias nossas de até então e que, em nome do reinado de 'momo', agora perderam lugar para as nossas esperanças. Do alívio do frio que se vai indo embora, para devolver à nossa gente o calor de nosso deboche 'do fevereiro apinhado' de cá", define Alexandre, que assina a canção e a produção do single com Joaquim Pessoa.

Larissa Lisboa: 'Todo Ano Eu Te Espero'

MILENA FERREIA/DIVULGAÇÃO
FREVO Larissa Lisboa lançou 'Todo Ano Eu Te Espero' - MILENA FERREIA/DIVULGAÇÃO

A cantora, compositora e multi-instrumentista Larissa Lisboa lança "Todo ano eu te Espero", composto por ela em parceria com a participação da Orquestra Malassombro. Tem arranjo assinado pelo maestro Rafael Marques e produção por Luccas Maia. 

O lançamento é um frevo que mescla os instrumentos orgânicos da orquestra de pau e corda, tradicionais do frevo de bloco, com elementos contemporâneos eletrônicos, beats e sintetizadores, texturas e elementos da música pop que, fora o frevo e o forró, influenciam os estudos e vivências de Larissa no mundo.

"Quem escuta, pode imaginar que é uma letra romântica, feita para uma pessoa, mas as declarações têm como destino o carnaval. A saudade dele e a possibilidade de não tê-lo novamente por causa da pandemia são os pontos que costuram a música", explica a artista.

Em sua carreira, a artista já costuma mesclar a música nordestina, como forró e frevo, com os elementos da música moderna e R&B dão corpo às suas canções.

Nena Queiroga: 'Viver de Amor'

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Nena Queiroga lançou 'Viver de Amor' - DIVULGAÇÃO

"Viver de amor" é a nova música de Nena Queiroga, artista bastante ligada ao carnaval, em parceria com o guitarrista e diretor musical Leandro Melo.

"Viver de Amor" é descrita pela artista como uma música contagiante que fala sobre festa, amor e encontros que a vida pode proporcionar.

"Essa música tem várias inspirações e significados. Passamos tanto tempo sem poder tocar nas pessoas, a letra retrata exatamente desse sentimento. Fala da alegria da gente poder se tocar, de encontrar, ficar junto e sentir o sentimento mais puro que é o amor", disse a cantora.

“Apesar de ser uma música de carnaval, ela também tem um lado romântico muito explícito, que só basta as pessoas se permitirem viver lindas histórias de amor, seja ela em qualquer esfera”, pontuou Nena.

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