Criado em 2017, o feriado estadual do dia 6 de março, Data Magna de Pernambuco, celebra a Revolução Pernambucana de 1817.
A Revolução Pernambucana foi a primeira experiência republicana no Brasil, transformando o Estado em um país por 75 dias.
Como narraram os repórteres Diogo Guedes e Marcela Balbino no especial de 200 anos da Revolução Pernambucana publicado no JC, o caldeirão da insatisfação fervia na província de Pernambuco.
O desembarque da família real no Rio em 1808 só aumentou a indignação. Havia uma forte diferença social entre a vida na Corte e nas províncias. O que se arrecadava aqui era enviado para o Rio de Janeiro para manter o estafe de Dom João VI.
Além disso, uma grande seca afetou a região em 1816, mesmo momento em que a produção de açúcar em outros países fez o preço do produto nordestino despencar.
Com influência de ideais iluministas, a Revolução Pernambucana, organizada em sua maioria por senhores de engenho, padres e comerciantes, vinha sendo planejada para a Semana Santa de 1817.
No entanto, a revolta foi adiantada por causa de um decreto de prisão emitido pelo governador Caetano Pinto Montenegro. A lista vazou e os revolucionários reagiram.
No dia 6 de março, o capitão José de Barros Lima, conhecido como "Leão Coroado", matou o comandante português que havia lhe dado voz de prisão, iniciando o movimento.
"A Revolução Pernambucana de 1817 foi o primeiro movimento contra a coroa portuguesa que conseguiu ter sucesso, tomar o poder. Foi o momento em que Pernambuco ficou independente, formou um novo país, com bandeira, leis próprias, força armada", diz o historiador George Cabral, segundo secretário Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP).
A Revolução Pernambucana também ficou conhecida como Revolução dos Padres, uma vez que o Seminário de Olinda foi o nascedouro do movimento.
Os religiosos tiveram papel importante na formação do governo provisório.
Após 75 dias, a Revolução Pernambucana chegou ao fim por causa da falta de apoio das outras províncias, falhas na organização militar e contradições internas.
Os líderes da Revolução Pernambucana foram mortos ou presos e documentos históricos foram destruídos a mando do rei.
Em 19 de maio de 1817, uma força de oito mil homens cercou Pernambuco e executou os envolvidos na Revolução Pernambucana. Como punição, a Coroa tirou de Pernambuco o território de Alagoas.
Uma marca da Revolução Pernambucana de 1817 presente até hoje é a bandeira de Pernambuco, composta por um fundo azul e branco.
Sobre a faixa azul, figuravam um arco-íris, como símbolo da união, três estrelas (representando Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte) e o sol da liberdade.