Pelópidas Silveira: Memória do importante político é eternizada em selo comemorativo de livros

Biblioteca do Hospital Pelópidas Silveira, no Recife, ganha acervo de livros que pertenceram ao célebre gestor público, com títulos políticos, de literatura, arquitetura, poesia, romances e história do Brasil
Emannuel Bento
Publicado em 15/04/2023 às 14:04
Selo comemorativo de Pelópidas Silveira para livros do hospital homônimo, localizado no Recife Foto: CORTESIA


Hoje, o nome do político Pelópidas Silveira (1915-2008) ocupa o imaginário de muitos recifenses por conta de um hospital localizado no Curado, Zona Oeste do Recife. Essa homenagem, no entanto, não ocorre à toa - apenas por ter sido "alguém da vida pública" do passado. Pelópidas foi um dos políticos mais respeitados do século 20 em Pernambuco.

Durante seus três mandatos à frente da Prefeitura do Recife, ele foi responsável por algumas das mais importantes obras realizadas na capital. Também foi o primeiro eleito por voto popular na redemocratização após a Era Vargas e o último antes da Ditadura Militar.

Agora, uma coleção de livros que pertenceu ao próprio Silveira está disponível na biblioteca localizada dentro do hospital - a existência desse espaço de livros no 4º andar do prédio é outro fato pouco conhecido pela comunidade local. O espaço público de saúde está lançando um selo comemorativo em homenagem ao seu patrono.

O selo vai identificar uma coleção formada por mais de 50 títulos do acervo pessoal do político e que foram doados à biblioteca da unidade de saúde por seus três filhos, Thales, Hebe e Thaís Silveira. O lançamento marca o aniversário do político, que se estivesse vivo completaria, neste sábado (15), 108 anos de idade.

A coleção é formada por livros políticos, de literatura, arquitetura, poesia, romances e história do Brasil, além de um extenso conjunto de livros sobre o escritor português, Eça de Queiroz. Nos livros ainda existem dedicatórias histórias, como a do poeta conterrâneo João Cabral de Melo Neto, na obra “Museu de Tudo” (1975), dedicada a Pelópidas e sua esposa, Marilu. Outra dedicatória está no livro de memórias "A Casa do Rio Vermelho" (1999), escrito pela esposa de Jorge Amado, Zélia Gattai.

"Primeiramente, nos sentimos honrados que ele tenha sido homenageado com o nome do hospital pelo governo de Eduardo Campos. Ao tomarmos conhecimento da biblioteca dentro da unidade de saúde, como espaço de convivência e de estudos, achamos por bem realizar a doação de títulos importantes”, diz Hebe Silveira, filha do político.

“Sabemos que a biblioteca representa muito para os pacientes e seus acompanhantes. Para o papai, a biblioteca e os livros eram de grande importância. A relação com o acervo remonta à nossa infância. Inclusive, alguns livros foram atingidos pelas cheias, mas tratados por papai, que nunca quis se desfazer deles. Esses livros sempre foram muito utilizados pela família, filhos, netos, e continuavam no escritório desde que ele faleceu, em 2008. Depois, a nossa mãe também faleceu e começamos a destinar o acervo”.

Hebe considera que o selo ajudará na manutenção da memória do seu pai. “A iniciativa fará com que as pessoas que tiverem acesso ao acervo também tenham contato com essa memória. São livros de fato muito pessoais e com dedicatórias, existem referências bastante importantes. Será um registro importantíssimo da memória dele para o hospital e para a própria cidade do Recife”.

A biblioteca do Hospital Pelópidas Silveira (HPS) fica no 4º andar da unidade de saúde e pode ser frequentada por colaboradores e familiares de pacientes. O horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 8h às 14h.

HISTÓRICO

Engenheiro e político, Pelópidas Silveira nasceu no Recife, em 15 de abril de 1915. Formado pela Escola de Engenharia de Pernambuco, trabalhou no Porto do Recife, na construção de estradas no interior do Estado e foi também professor das escolas de Engenharia e Arquitetura da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Na política, foi prefeito do Recife em três ocasiões: em 1946, nomeado pelo interventor estadual José Domingues da Silva; a segunda, de 1955 a 1959, eleito através do voto direto, pela Frente do Recife (PSB, PCB e PTB); e de 1963 a 1964, eleito pelo PSB/PTB. Em 1958, foi eleito vice-governador do Estado, na chapa encabeçada por Cid Sampaio. Em 1963, no Governo de Miguel Arraes, foi nomeado secretário Estadual de Viação.

Em 10 de abril de 1964, quando cumpria seu terceiro mandato de prefeito do Recife, Pelópidas foi cassado e preso pelo regime militar, ficando na prisão até 15 de dezembro daquele ano. Em 1965, foi compulsoriamente aposentado, juntamente com outros professores da UFPE. Em 1980, beneficiado pela Anistia, foi reintegrado à UFPE e voltou a ensinar na Escola de Engenharia..

Durante seus três mandatos à frente do Executivo Municipal foi responsável por obras como o alargamento da então Rua Conde da Boa Vista e a pavimentação da Avenida Norte e da então Estrada da Imbiribeira. Preocupou-se com o aspecto social dos moradores pobres da cidade, sobretudo na área de saúde. Em 6 de setembro de 2008, aos 93 anos, Pelópidas da Silveira faleceu por falência múltipla dos órgãos.

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