A primeira Fenearte realizada pela gestão da governadora Raquel Lyra (PSBD) irá apostar numa espécie de expansão da feira para além do Centro de Convenções de Pernambuco, ocupando equipamentos culturais e restaurantes do Recife e de Olinda. O evento será realizado de 5 a 16 de julho.
De acordo com a gestão, serão cerca de 50 espaços, incluindo galerias, museus e restaurantes. Outra novidade será um estudo para compreender a cadeia do artesanato.
Com o tema "Loiceiros de Pernambuco – Arte da Terra, Poesia das Mãos", a 23ª edição pretende dialogar mais com artes visuais, o design e a gastronomia. A ideia para a criação do Circuito surgiu a partir de um dado que mostrou que 80% da movimentação da feira é proveniente de pessoas de Pernambuco.
"Apesar de tudo, ainda existem poucos atrativos turísticos. Então, queríamos agregar valor para turistas de outros estados", explicou Camila Bandeira, diretora-executiva da 23ª Fenearte, durante coletiva de imprensa realizada no Palácio Campo das Princesas nesta terça-feira (13).
"Outro ponto foi que a Fenearte não tinha mais para onde crescer. A demanda é tão grande, que precisamos ocupar outros espaços e se espalhar pela cidade. Uma inspiração foi o salão de Milão, em que a economia da cidade vive a partir do salão e tudo o que ocorre em seu entorno", diz Bandeira.
"É bom fazer inovações. O Centro de Convenções até parece pequeno para um evento desse tamanho. Não é apenas só falar do artesanato de barro, mas também das linguagens que podemos envolver. O talento vai invadir mais de 50 espaços de Olinda e Recife. O desafio a partir de agora é invadir não apenas a Região Metropolitana, mas também o interior de Pernambuco", disse Raquel Lyra.
A governadora ressaltou que a iniciativa busca fortalecer o turismo. "É claro que a Fenearte já faz parte do nosso calendário, mas precisamos compreender que ela precisa se tornar ainda maior nesse sentido. É importante que ela traga o turista, o comprador do atacado e que isso fortaleça o varejo, permitindo que novas experiências. É importante trazer pessoas novas para arranjar personalidade, fortalecer e trazer novidades", continuou a governadora.
Na visão do governo, inserção dos equipamentos também deve ampliar o número de visitantes. "É algo que envolve pessoas, profissões, criando uma rende. Elas estão elencadas, trabalhado juntas. São formas de conseguir potencializar a feira", acrescentou Lyra.
Durante a Fenearte, o Cais do Sertão, no Bairro do Recife, irá abrigar o evento Arte PE, uma feira voltada para a arte contemporâneo. O museu ainda acolherá a exposição "Sertão sobre Sertão", do designer de mobiliário Fábio Melo.
O salão principal do Centro Cultural Mercado Eufrásio Barbosa estará com a mostra "Tapeçaria Timbi: Bordando as Obras do Mestre J. Borges".
O Recife também terá a Design Week, mais importante feira do segmento no Brasil, que acontece em São Paulo e vai estabelecer uma ponte com Pernambuco com uma ativação no Edifício Pernambuco, no bairro de Santo Antônio.
O circuito contará com 30 galerias de arte e artistas urbanos, além de programação de palestras e rodadas de conversas com nomes como Cris Rosenbaum, Juliana Notari e Daniela Falcão.
Cerca de 10 restaurantes irão integrar o circuito gastronômico. São eles: Altar Cozinha Ancestral; Bar do Cabo; Cá-Já; Cais Rooftop; Chica Pitanga; Oficina do Sabor; Moendo na Laje; Retetéu Comida Honesta; São Pedro; Vieira.
Fora do circuito, também haverá a Cozinha Fenearte, no mezanino do pavilhão, com 16 aulas demonstrativas, que vão ser realizadas de quarta a domingo. O menu é assinado pelo chef Cesar Santos, com sobremesas da associação Assucar e a participação do confeiteiro Negro Brownie, além de harmonização guiada pelo sommelier Angelo Miranda.
Pelo Palco Cultura Popular, vão passar mais de 40 artistas e grupos. As apresentações vão começar sempre às 15h e serão quatro por dia. Já o Palco Alternativo receberá duas apresentações por dia, a partir das 18h. As grades de ambos os espaços são montadas pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe).
O tema deste ano faz um resgate histórico da arte feita com barro. Todo o artesanato brasileiro em cerâmica tem sua origem nas peças utilitárias produzidas desde os povos originários, tendo como objeto principal as panelas. Ao homenagear os loiceiros, a Fenearte toca na ancestralidade de um ofício preservado por loiceiros em todo o território pernambucano.
"Estamos homenageando os loiceiros de Pernambuco a partir do entendimento de que é uma técnica, um saber, milenar, que vem desde os povos originários. Apesar de antiga, vai assando de geração em geração até chegar nos artigos mais contemporâneos que temos hoje. A louça estará presente em toda a Fenearte", diz Camila Bandeira.
"A louça é a mãe de todo o artesanato do barro do Estado e do mundo, talvez. Desde o indígenas. Depois, Vitalino transformou em boneco. Foi brincando com seus cavalinhos, começando a vender na feira. O que vemos lá para cá é uma riqueza cultural universal, que está agregado a um valor gigantesco", disse Raquel Lyra, sobre o tema.