Pernambucana indicada ao Grammy Latino, Natascha Falcão faz turnê no Estado: 'Tem espaço para o que é feito de coração'
Cantora e compositora realiza quatro shows com a turnê do álbum 'Ave Mulher', que faz leitura contemporânea de ritmos tradicionais: 'É um trabalho sobre as mulheres que me inspiram e me cercam'
Em 2023, o nome da cantora pernambucana radicada no Rio de Janeiro Natascha Falcão despertou curiosidade em todo o país. Ela foi a única brasileira indicada em uma categoria de ampla concorrência do Grammy Latino daquele ano, realizado em Sevillha.
A artista concorria como "Artista Revelação" após ter lançado o seu álbum de estreia, "Ave Mulher" (Biscoito Fino).
O disco dá uma leitura contemporânea a ritmos tradicionais como coco, ciranda, maracatu e frevo, além de flertar com o manguebeat, sendo marcado por uma narrativa feminina - o título é inspirado em uma lenda homônima do agreste pernambucano.
Neste mês, Natascha traz o espetáculo do projeto pela primeira vez à sua terra natal, com participações especiais em cada parada.
A circulação começa por São João do Egito (5, na Festa do Louro, com Bia Marinho e Anaíra Mahin), passando pelo Recife (7, na Torre Malakoff, com Isaar, Nagadeza e Nilton Júnior), Olinda (12, na Casa Estação da Luz, com Martins) e Itamaracá (13, no Festival O Canto da Sereira, com Lia de Itamaracá).
Trajetória
Até retornar ao Estado com o "Ave Mulher" e a indicação de uma das premiações mais importantes da música, Natascha Falcão percorreu uma trajetória que começa com o trabalho de atriz, em 2006.
Ela foi para o Rio de Janeiro trabalhar com Mancho Rodrigues, tendo cursado dança na Faculdade Angel Vianna. "Fiz muitas conexões com teatro, dança e música no Rio", relembra a artista, ao JC.
Em 2015, ela montou a sua primeira banda: Pirarucu Psicodélico, que mesclava sonoridades psicodélicas com sons nortistas. Em 2019, lança o seu primeiro EP solo, "Kitsch Completo".
"Na música, encontrei um lugar para me expressar integralmente. Eu consigo colocar toda as minhas expressões e visões de mundo nisso", explica. "Fiz todo um caminho para entender a minha identidade artísticas. Como laboratório, o palco é o melhor lugar do mundo."
Álbum
O trabalho para o seu primeiro disco solo, que culminou no "Ave Mulher", começa ainda na pandemia. A equipe responsável pelo projeto é composta por Beto Lemos (compositor da música-título e parceiro de Natascha e de Marco Axé em "Mapa da Alegria") e tem os nomes de Carlos do Complexo & Joint Music na coprodução musical.
"Queria fazer uma parada conectada com a contemporaneidade, com o eletrônico, sendo raiz e revolução também. Foi aí que encontrei o Carlos, que faz um som muito sofisticado e mais conectado ao funk. Quando mostrei os guias, ele ficou muito encantado, embora não soubesse, por exemplo, o que é o coco", diz Natasha.
Além das canções autorais, o repertório tem regravações de nomes Otto (Por que), Bia Marinho (Adeus), Nilton Junior (Coco que eu sei) e Aurinha do Coco (Seu grito). Todas as faixas seguem uma narrativa pensada pela intérprete.
"Ave Mulher é uma lenda que criei, inspirada nas histórias das mulheres da minha família. Cresci ouvindo histórias de uma bisavó que fugiu de Belo Jardim, no Agreste, para cantar no Recife. As músicas apontam para uma mesma temática, que é essa coisa do voo, da mulher livre e da liberdade. É sobre as mulheres que me inspiram e me cercam".
Grammy
A indicação ao Grammy Latino de 2023 foi uma grande surpresa para a cantora. "Me senti muito honrada, como uma atleta representando o Brasil em uma 'parada' internacional. Foi muito emocionante", diz.
"Eu não fui pelo caminho comercial, ninguém chegou para mim dizendo: 'é assim que se faz e que dá certo'. Eu só segui o meu coração com o que me dá prazer. É muito lindo ver que um trabalho assim também tem espaço. Não é só sobre dinheiro, investimento, marketing, estratégias e fórmulas. Tem espaço para o que é feito do coração, quase artesanalmente, na raça, na luta."
Na premiação, a artista se apresentou com uma banda formada por músicos colombianos e cubanos, culminando em um momento emocionante. "Eles começaram a tocar a minha música acelerada e eu tive de usar minha presença e intuição para conduzi-los para fazer um ijexá, mostrando para eles o que era um baião. Eles ficaram encantados. Realmente, o Brasil é muito foda e de uma diversidade absurda e linda", finaliza.
SERVIÇO
Circulação do show "Ave Mulher", de Natascha Falcão:
05/01 - São José do Egito (Festa de Louro): participação de Bia Marinho e Anaíra Mahin
07/01 - Recife (Torre Malakoff): participação de Isaar, Nilton Junior e Negadeza.
12/01 - Olinda (Casa Estação da Luz): participação de Martins
13/01 - Itamaracá (Centro Cultural Estrela de Lia): participação de Lia de Itamaracá