TEATRO

Clássico ‘O Dybuk’ ganha leitura dramática com grandes nomes do teatro pernambucano

Leitura chega ao Recife, no Teatro Apolo, com a presença de veteranos do teatro recifense, como José Mário Austregésilo, Albemar Araújo, Germano Haiut, Roseane Tachlitsk, Renato Phaelante e Samuel Hulak

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Emannuel Bento

Publicado em 23/02/2024 às 13:46
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Considerado o "Romeu e Julieta judaíco", "O Dybuk" é um dos mais relevantes textos teatrais do século 20. No Brasil, teve a sua montagem mais importante há 60 anos, pela versão do TAIB (Teatro de Arte Israelita Brasileiro), um grande sucesso na Casa do Povo, em São Paulo, espaço de orientação progressista, nas vésperas do golpe de 1964.

Entre os nomes presentes nessa dramatização estava Sylvio Band, no papel principal e a codireção do Dybuk brasileiro junto a Graça Mello. Agora, ele retorna como diretor de uma leitura dramática que estreou em novembro passado, em São Paulo, na mesma Casa do Povo.

Neste sábado (24), a leitura chega ao Recife, no Teatro Apolo, com a presença de veteranos do teatro recifense, como José Mário Austregésilo, Albemar Araújo, Germano Haiut, Renato Phaelante e Samuel Hulak, Ricardo Mourão, Daniela Travassos, Roseane Tachlitsky, Ivo Barreto, Arilson Lopes, Domingos Soares, André Lombardi e Marcos Gandelsman.

Inicialmente, a nova leitura foi feita para ocorre exclusivamente em São Paulo. Contudo, como dois artistas do Recife (Germano Haiut e Roseane Tachlitsky) foram convidadas para integrar o elenco na Casa do Povo, um convite para realização na capital pernambucana foi feito.

Emoção e maturação

NELSON KAO/DIVULGAÇÃO
Roseane Tachlitsky em em leitura de O Dybuk em São Paulo - NELSON KAO/DIVULGAÇÃO

Ao JC, Sylvio Band afirmou que pode sintetizar o retorno ao texto 60 anos depois em dois sentimentos: "emoção e maturação".

"Emoção por montar alguma coisa que montamos com importância há 60 anos atrás. Passados 60, 40 ou 20 anos, eu sempre tive na minha cabeça que iria remontar esse espetáculo. Era o meu desejo não morrer antes de remontar", diz Sylvio.

"Na impossibilidade de remontar a peça completa, teatralmente, estamos fazendo uma leitura, já que o mais importante da peça é o texto. Estou realmente emocionado em realizar esse velho sonho de juventude", diz.

"A maturação é evidente, já que todos nós amadurecemos e a própria peça amadureceu. Ela se torna atual ainda hoje. E nós a vemos com outros olhos, com outra sensibilidade, o que é sempre válido".

Contemporaneidade

Considerada uma das dez peças mais importantes da literatura dramática de todos os tempos, o "Dybuk fala da história de amor entre Hanã e Léa. Ela, forçada a um casamento arranjado por seu pai, recusa tal destino e morre. Não antes de ser possuída pelo Dybuk, figura que, conforme lendas judaicas, é uma alma penada condenada a vagar pela Terra por não ter encontrado seu lugar em vida nem em morte.

"O texto sempre vai ser atual, importante do ponto de vista estético e ético. Um texto que, apesar de se passar no estreito mundo religioso, tem um aspecto universal ao tratar da moral, da crítica social. Foi escrita por um ateu que tinha conhecimento profundo sobre a Cabala", diz Band.

"Alguns a reduzem a um Romeu e Julieta num ambiente ortodoxo judaico. É muito mais que isso. A história de amor é um meio pelo qual o autor encontrou para fazer valer o núcleo dramático, dos conflitos".

Elenco e trilha

No elenco paulistano da leitura de novembro, estavam nomes como Dan Stulbach, Miriam Mehler, Eliana Guttman, Ariel Moshé e Hugueta Sendacz, atriz, maestrina e bailarina de 97 anos que, para a versão de 1963, criou figurinos e música.

O mergulho na trama ganhará mais profundidade com a trilha sonora ao vivo feita pelos músicos Gabriel Neistein e Alex Parke. No acordeon e clarineta, instrumentos típicos dos músicos mambembes judeus dos séculos 18 a 20, chamados de ‘klezmer’, o Duo Klezmer Três Rios apresenta composições da primeiríssima montagem do Dybuk (1921/Rússia), além de músicas tradicionais judaicas.

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