Propondo reflexões e sensibilização sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) através de formas animadas, o espetáculo "Hélio, o balão que não consegue voar" faz sua estreia com única apresentação aberta ao público nesta terça-feira (21), às 14h, no Teatro Marco Camarotti - Sesc Santo Amaro, no Centro do Recife.
Integrando a programação do Festival Palco Giratório 2024, o espetáculo conta a história de Hélio, um balão diagnosticado com TEA que mora em uma loja de festas e pertence à rara categoria de balões que não voam.
Dois atores e uma atriz em cena manipulam objetos e adereços, e narram com leveza e sensibilidade os desafios de Hélio no convívio social, revelando suas potencialidades para além de voar. Trata-se de uma história metafórica que faz refletir sobre a aceitação e a inclusão de pessoas com autismo na sociedade. A classificação livre, buscando conscientizar o público geral sobre a temática.
Texto premiado
Com direção de Marcondes Lima, o espetáculo leva aos palcos, pela primeira vez, a dramaturgia original de Cleyton Cabral, vencedora do Prêmio Ariano Suassuna de Cultura Popular e Dramaturgia 2019, na categoria Teatro de Animação.
"Por falta de campanhas de conscientização, muitas famílias não conhecem os sintomas do autismo ou menosprezam seus sinais. Acreditamos que o espetáculo pode abrir diálogo sobre um tema que ainda é tabu na nossa sociedade", comenta Cleyton, ator e dramaturgo, que também integra o elenco do espetáculo junto aos atores Diógenes Lima e Luciana Barbosa.
Circuito
Após a estreia para o público geral no Festival Palco Giratório, o espetáculo cumpre circuito de apresentações para público fechado no Recife, em Olinda, Jaboatão dos Guararapes e Camaragibe, entre os dias 22 e 30 de maio.
As apresentações acontecem em escolas públicas, em bibliotecas do COMPAZ e na sede da Associação de Família para o Bem-estar e Tratamento de Pessoas com Autismo (AFETO).
Qualidade de vida
No Brasil, o Censo de Educação Básica 2023, divulgado em abril passado, apontou que o Brasil registrou um aumento de 50% no número de crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista matriculados em salas de aula comuns: saltou de 405.056 para 607.144.
Em escolas regulares, ainda que haja oportunidades de socialização com demais crianças, especialistas afirmam que, se não tiverem a devida assistência, os pequenos com TEA podem sofrer com falta de adaptação ao ritmo de ensino e bullying, fatos que podem levar à evasão escolar e até a depressão.
Neste cenário, o dramaturgo Cleyton Cabral acredita que levar informação sobre autismo através do teatro pode ajudar pessoas com TEA em Pernambuco a terem mais qualidade de vida. "Queremos fomentar pensamento crítico e reflexão nos espectadores, para que eles conheçam os sintomas do autismo e se tornem possíveis agentes de transformação".