Naná Vasconcelos ganha exposição no Itaú Cultural, incluindo o seu principal berimbau

'Ocupação' traz ampla seleção de fotos, vídeos, vestimentas, instrumentos e objetos originais; Percussionista estaria fazendo 70 anos em 2024

Publicado em 23/07/2024 às 17:20 | Atualizado em 24/07/2024 às 12:34

Caso estivesse vivo, o percussionista Naná Vasconcelos estaria completando 70 anos em 2024, mais especificamente em 2 de agosto. A proximidade da data tem despertado diversas homenagens, o que é muito positivo: um dos maiores percussionistas do mundo, o artista poderia ser bem mais conhecido no País.

Uma dessas homenagens é a Ocupação Naná Vasconcelos, exposição em cartaz no Itaú Cultural, em São Paulo, desde o último dia 17 de julho. A mostra traz ampla seleção de fotos, vídeos, vestimentas, instrumentos e objetos originais – como uma das premiações recebidas por ele: o Grammy Latino, conquistado em 2011 pelo álbum Sinfonia e Batuques.

LETÍCIA VIEIRA/DIVULGAÇÃO
Ocupação Naná Vasconcelos, no Itaú Cultural - LETÍCIA VIEIRA/DIVULGAÇÃO
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Ocupação Naná Vasconcelos, no Itaú Cultural - LETÍCIA VIEIRA/DIVULGAÇÃO
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Ocupação Naná Vasconcelos, no Itaú Cultural - LETÍCIA VIEIRA/DIVULGAÇÃO

A reunião desses pertences para uma mostra é uma conquista da viúva do artista, Patrícia Vasconcelos, que há anos vem buscando parcerias para realizar uma iniciativa do tipo no Brasil. Em 2021, ela chegou a fazer um apelo após esvaziar a antiga casa do casal no Recife, com um acervo que não tinha destino - atualmente, ela vive em Nova York.

A curadoria foi da gerência de Curadorias e Programação Artística, consultoria de Patrícia Vasconcelos e pesquisa do jornalista Mateus Araújo. A expografia é da Casa Criatura.

Berimbau original

Entre os destaques da mostra, está o berimbau original de Naná. O instrumento foi construído pelo percussionista, em 1967, com uma corda de piano afinada em Fa em substituição à tradicional.

Esse foi o único berimbau que teve e o acompanhou até a sua morte, em 2016. Desde então, o objeto permaneceu fechado em um depósito da família, em Recife, e agora é exposto pela primeira vez.

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Ocupação Naná Vasconcelos, no Itaú Cultural - LETÍCIA VIEIRA/DIVULGAÇÃO

"Essa exposição tem um significado imensurável por conta dos 80 anos de Naná. Acho que é como a abertura para outros horizontes em relação ao seu legado. Ela tem consistência, tem força, com um recorte que tem começo, meio e fim", diz Patrícia Vasconcelos, ao JC.

"Também temos algo inédito, que é o berimbau exposto pela primeira vez. Isso tem uma organicidade e um significado imenso, haja visto a relação entre artista e instrumento. Naná levou o berimbau para o mundo, da mesma como foi o berimbau que levou Naná para o mundo. Então, é uma relação muito profunda e simbólica. Naná dizia que o 'menos era mais' e o berimbau é esse instrumento tão simples que esteve com ele do popular ao erudito."

Vasconcelos espera que o País conheça mais a obra do artista. "Que as pessoas se interessem em conhecer mais esse Brasil tão desconhecido chamado Naná Vasconcelos.

A mostra

Os álbuns "Sinfonia e Batuques", "Isso Vai Dar Repercussão", "Codona", "Contando Estórias" e "Africadeus" dão o tom para as diferentes etapas da vida do artista, que o público vai desvendando no passo a passo. O sexto eixo, leva o nome do próprio homenageado e se encontra com o primeiro, completando a espiral de sua vida.

Ao entrar em "Sinfonia e Batuques", o visitante é recebido com um grande vídeo da abertura do carnaval de 2024, quando Naná foi homenageado em apresentação que contou com o pianista Amaro Freitas.

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Ocupação Naná Vasconcelos, no Itaú Cultural - LETÍCIA VIEIRA/DIVULGAÇÃO
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Ocupação Naná Vasconcelos, no Itaú Cultural - LETÍCIA VIEIRA/DIVULGAÇÃO
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Ocupação Naná Vasconcelos, no Itaú Cultural - LETÍCIA VIEIRA/DIVULGAÇÃO

No passo seguinte, dois eixos-álbuns se tocam: "Isso Vai Dar Repercussão" e "Codona" se unem um passeio pelas suas parcerias nacionais e internacionais – foram mais de 400 desde 1966. Nesse momento, o público faz um mergulho nas parcerias internacionais. Seguindo o trajeto, "Contando Estórias" abre passo para a relação musical de Naná com as crianças.

"Africadeus" batiza o coração da mostra. Este álbum de estreia, gravado por Naná em 1971, apresenta o momento em que o artista se iniciou no berimbau como instrumento musical que pode ser utilizado além da capoeira. Ele é exibido como objeto nobre, envolto por cordas que sustentam uma chuva de pedras utilizadas para tocar o instrumento.

Esse espaço mais intimista do artista dá passo para o eixo que leva seu próprio nome e se encontra com o primeiro, completando a espiral da vida do artista.

Recife

RENNAN PEIXE/DIVULGAÇÃO
Megamural de Naná Vasconcelos na fachada do Edifício Guiomar, localizado no bairro da Boa Vista, em frente ao Parque 13 de Maio - RENNAN PEIXE/DIVULGAÇÃO

Em novembro de 2023, Naná Vasconcelos ganhou uma homenagem no Centro do Recife com a inauguração do megamural intitulado "Naná Vasconcelos, Sinfonia e Batuques", de autoria da artista Micaela Almeida.

A pintura muralista preenche cerca de 200m² da fachada do Edifício Guiomar, localizado no bairro da Boa Vista, em frente ao Parque 13 de Maio, nas proximidades da Faculdade de Direito do Recife.

SERVIÇO
Ocupação Naná Vasconcelos
Visitação: até 27 de outubro, de terça-feira a sábado, das 11h às 20h; domingos e feriados, das 11h às 19h.
Onde: Itaú Cultural (Avenida Paulista, 149, Piso térreo)

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