Claudia Abreu apresenta monólogo sobre Virginia Woolf no Recife
Com direção de Amir Haddad, peça marca primeiro solo da atriz e sua estreia como autora teatral; encenação ocorre da sexta (2) ao domingo (4)
"Virginia" é o resultado dos vários atravessamentos que Virginia Woolf (1882-1941) provocou em Claudia Abreu ao longo de sua trajetória. A vida e a obra da autora inglesa são os motores de criação deste espetáculo, fruto de um longo processo de pesquisa e experimentação que durou mais de cinco anos.
Primeiro monólogo da carreira da atriz, o solo marca ainda a sua estreia na dramaturgia e o retorno da parceria com Amir Haddad, que a dirigiu em "Noite de Reis" (1997). A montagem estreou, em julho de 2022, em São Paulo, e já foi vista por mais de 40 mil pessoas pelo Brasil.
No Recife, a peça chega pela primeira vez para três apresentações, nos dias 2, 3 e 4 de agosto de 2024, no Teatro do Parque, bairro da Boa Vista. Os ingressos já estão à venda na Sympla.
Claudia e Virginia
A relação de Claudia com Virginia Woolf começa em "Orlando", encenação assinada por Bia Lessa, em 1989. Aos 18 anos, ela travou contato inicial com a escritora de clássicos como "Mrs Dalloway", "Ao Farol" e "As Ondas". No entanto, somente em 2016, com a indicação de uma professora de literatura, a atriz mergulhou de cabeça no universo da autora. Após ler e reler alguns livros, incluindo as memórias, biografias e diários, a vontade de escrever sobre Virginia falou mais alto.
"Eu me apaixonei por ela novamente. Fiquei fascinada ao perceber como uma pessoa conseguiu construir esta obra brilhante com tanto desequilíbrio, tragédias pessoais e problemas que teve na vida. Como ela conseguiu reunir os cacos?", questiona a atriz, que enxerga 'Virginia' também como um marco de maturidade em sua trajetória.
"O texto também vem deste desejo de fazer algo que me toca, do que me interessa falar hoje. De falar do ser humano, sobre o que fazemos com as dores da existência, sobre as incertezas na criação artística, também falar da condição da mulher ontem e hoje. Não poderia fazer uma personagem tão profunda sem a vivência pessoal e teatral que tenho hoje", avalia.
Dramaturgia
A dramaturgia de 'Virginia' foi concebida como inventário íntimo da vida da autora. Em seus últimos momentos, ela rememora acontecimentos marcantes em sua vida, a paixão pelo conhecimento, os momentos felizes com os queridos amigos do grupo intelectual de Bloomsbury, além de revelar afetos, dores e seu processo criativo.
A estrutura do texto se apoia no recurso mais característico da literatura da escritora: a alternância de fluxos de consciência, capaz de 'dar corpo' às vozes reais ou fictícias, sempre presentes em sua mente.
"Fazer o monólogo foi uma opção natural neste processo, pois todas as vozes estão dentro dela. Eu nunca quis estar sozinha, sempre gostei do jogo cênico com outros colegas, mas a personagem me impeliu para isso", analisa Claudia, cujo processo de criação se desenvolveu a partir de uma série de improvisações que fez ao longo dos últimos anos, em especial durante o período pandêmico, já acompanhada por Amir Haddad.
SERVIÇO
"Virginia", com Claudia Abreu
Onde: Teatro do Parque (Rua do Hospício 81, Boa Vista, Recife)
Quando: nesta sexta-feira (2) e sábado (3), às 20h, ao domingo (4), às 19h