'O palco já foi escape para uma vida pessoal difícil', diz Pocah, que lança primeiro álbum
Cantora fluminense lança primeiro álbum de estúdio após 14 anos de carreira: 'Não me arrependo de não ter lançado antes, é o momento certo'

Viviane Queiroz, MC Pocahontas e Pocah. Três nomes que remetem à mesma artista: a cantora fluminense Pocah, 30, que está lançando o seu primeiro álbum de estúdio após 14 anos de carreira. Nesse período, foi descoberta como funkeira com "Perdendo a Linha", em 2015, e conhecida de perto, como pessoa, no Big Brother Brasil 2021.
O disco "Cria de Caxias" preocupa-se em passear por toda a sua trajetória. Para isso, é separado em três fases. Cada um conta uma fase, trazendo sonoridades diversas: o funk da estreante MC Pocahontas; a sonoridade mais pop da Pocah; e um lado mais íntimo, ainda inédito, que aborda a sua vida pessoal, o da Viviane.
"Cria de Caxias" foi produzido pelo DJ TH4I, colaborador de Flora Matos e Tassia Reis. Pocah assumiu a co-composição do projeto ao lado de três mulheres: Lary, que explora o lado romântico de artistas como Iza e Ludmilla; King, que já colaborou com Negra Li e Karol Conka; e Bruninha, que trabalha com novos artistas como Tília e Melody. Também conta com diversas participações.
'É o momento certo', diz Pocah
"Por ter uma carreira de 14 anos e já ter vivido muitas fases, já existiam diversos fragmentos. Eu não poderia lançar o primeiro álbum trazendo apenas o atual. Lancei muitas faixas soltas, singles. Não deu para viver uma 'era da MC Pocahontas' com um álbum, por exemplo. O álbum é uma oportunidade para isso", diz Pocah, ao JC.
"Não lancei um disco antes por muitos acasos. Comecei a produzir o 'Cria de Caxias' em 2021. De lá para cá, escrevi cerca de 50 faixas. Para ter o álbum fechado, foi um grande processo. Eu sou muito indecisa, reconheço esse defeito, e tentei ser mais assertiva. Sou libriana com ascendente em capricórnio. As coisas foram ocorrendo no momento em que precisavam acontecer. Não me arrependo de não ter lançado antes, acho que é o momento certo."
'O palco era um escape', relembra
O primeiro ato do álbum, que se apega às raízes funkeiras, tem faixas como "Só de Raiva", com colaboração de Rebecca e Tati Quebra Barraco, e "Di Marola", com MC Kevin O Chris, que também é natural de Duque de Caxias.
Naturalmente, "Cria de Caxias" fez Pocah revisitar o passado. A artista diz que relembra a fase como Pocahontas com carinho, por ser uma "fase de descoberta". "Mas não era fácil. Era como se eu vivesse uma fase pessoal ruim e o profissional fosse maravilhoso. Quando eu subia no palco, era como um escape. Eu fazia seis shows por dia, com tempo de 30 minutos para dar conta", conta.
"Comecei aos 16 anos viajando todo o Brasil, então tinha essa questão. Eu era apenas uma menina. A mais nova do segmento a fazer sucesso. Uma magrinha na época das mulheres frutas. As pessoas tentavam de alguma forma me renegar, por mais que as músicas estivessem na boca do povo. É bom ver as coisas mudando, conforme vamos amadurecendo."
No segundo ato, o destaque é a faixa-título do álbum, em parceria com a rapper Slipmami; já "Venenosa" tem parceria com Triz e MC GW. Em "Brilho No Olho" traz uma retrospectiva de vida com colaboração do L7NNON. A artista ainda mostra um diálogo com influências de R&B em "Conteúdo Sensível".
'É Viviane quem sustenta a Pocah'
Durante o processo de gravação, a artista percebeu que um terceiro "alter-ego" poderia emergir: a própria Viviane, que aparece em faixas que a artista expõe a sua vida pessoal. Em "Livramento", relata a experiência em um relacionamento abusivo. Em "Nunca Tá Bom", ao som de um violão, reflete sobre as pressões externas em sua vida e carreira.
"A Viviane é quem passa por diversas situações e sustenta, de forma física, todas as consequências de ser a Pocah ou a Pocahontas", conta. "Sempre gostei de ser mais conhecida pelo trabalho, mas quis compartilhar algumas experiências pessoais como um alerta, como uma esperança que impacte a vida das pessoas. Sinto que algumas experiências na minha vida foram em vão, então acho que são músicas que as pessoas precisam ouvir."
"Cria De Caxias" também culminará em um show especial no Rock in Rio, no dia 20 de setembro, no palco Espaço Favela, deixando registrada a apresentação de Pocah honrando suas origens e evolução como artista.