Legado esquecido do recifense Armando Lacerda, responsável por escultura de Padre Cícero, é resgatado em livro
"O pão e o sonho: vida e obra do escultor Armando Lacerda", de Carlos Newton Júnior, está sendo lançado pela Cepe: ''Artista injustiçado', diz autor
O recifense Armando Lacerda (1924-1980), responsável por esculturas famosas como Padre Cícero, em Juazeiro do Norte (CE), a Cabeça de Ascenso Ferreira, no Recife (PE), e o Monumento a Ludugero e Otrope, em Caruaru (PE), agora tem a sua trajetória resgatada por uma biografia.
"O pão e o sonho: vida e obra do escultor Armando Lacerda" (Cepe Editora, 2024), de Carlos Newton Júnior, cumpre uma importante missão, visto que a importância desse artista foi praticamente esquecida no Estado e no País.
"Estranho silenciamento, já que algumas das suas obras continuam a pulsar no imaginário daqueles que habitam o Nordeste e, por extensão, o Brasil", opina o autor.
Lançamento
O lançamento será nesta quarta-feira (13), 19h, no Centro Cultural Benfica, na Madalena, Recife.
Antes da sessão de autógrafos haverá um bate-papo entre o autor e o professor Anco Márcio Tenório Vieira e uma exposição fotográfica de peças do escultor existentes no Recife.
'Artista injustiçado'
Newton considera Lacerda "um artista injustiçado historicamente". "Foi um dos pioneiros da escultura moderna em Pernambuco, ao lado de Abelardo da Hora (1924-1914) e Corbiniano Lins (1924-2018), os três nascidos no mesmo ano, 1924", pontua.
A sua obra seria comparativamente menos extensa do que as dos seus contemporâneos. "Não só porque ele não foi artista em tempo integral, mas também porque o destino não lhe concedeu a longevidade dos outros dois, falecidos na casa dos 90 anos", completou.
Os dados existentes, segundo ele, "resumem-se, praticamente, àquilo que ficou registrado nos jornais, bem como na memória dos seus filhos, sobretudo a do primogênito".
Pesquisa
Professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o autor dedicou cerca de dois anos à pesquisa e à escrita de "O pão e o sonho".
O resultado é um título de 180 páginas, nove capítulos, uma síntese cronológica da vida e obra de Armando, um depoimento dele ao pintor José Cláudio (1932-2023) em 1978 e uma galeria de fotos, além da apresentação assinada pelo professor Anco Márcio Tenório Vieira.
Para preencher as lacunas históricas, o autor recorreu a este acervo, a jornais e revistas da coleção digital da Biblioteca Nacional; aos arquivos da Escola de Belas Artes de Pernambuco, que pertencem à UFPE; e ainda à sua biblioteca particular.
Trajetória
O livro revela que a paixão de Armando pela escultura vem da infância e ganhou contornos profissionais com sua entrada, aos 16 anos, na Escola de Belas Artes, onde foi aluno de Casemiro Corrêa, Baltazar da Câmara e Murillo La Greca. No entanto, ele abandonou o curso antes do término, no terceiro ano.
Na década de 1950, ele se esforçou para tentar viver do seu trabalho artístico e participou de vários salões de arte do Museu do Estado.
Entre as peças premiadas estão o "Pescador" (1950), "Busto e Cabeça de vaqueiro" (1952) e "Cabeça" (1951). Em 1954, ganhou o primeiro lugar com o Cangaceiro, acervo da UFPE e exposta no Centro de Artes e Comunicação (CAC).
Por questões financeiras, ele optou por exercer outras atividades, como a de representação comercial.
SERVIÇO
Lançamento do livro O pão e o sonho: vida e obra do escultor Armando Lacerda, de Carlos Newton Júnior
Onde: Centro Cultural Benfica, na Rua Benfica, 157, Madalena, Recife (PE)
Quando: 13 de novembro de 2024, quarta-feira, a partir das 19 h
Quanto: R$ 50 (impresso)