Murais do século 19 passam por restauro na Academia Pernambucana de Letras
Pinturas do francês Eugène Lassailly estão localizadas na Sala dos Acadêmicos com nítidas degradações causadas pelas marcas do tempo
Comprado pelo comerciante português João José Rodrigues Mendes, em 1863, o casarão solar que hoje abriga a Academia Pernambucana de Letras, na Zona Norte do Recife, recebeu pinturas do francês Eugène Lassailly em sua antiga sala de jantar.
As pinturas foram feitas diretamente nas paredes até o ano de 1873, com referências a cenas do modo de vida europeu da época, incluindo cenários de caça de pesca.
Hoje, as pinturas figuram a Sala dos Acadêmicos, mas com nítidas degradações causadas pelo tempo. Por isso, uma equipe de restauradores está empenhada em resgatar os murais através de um projeto coordenado pela Arkhé Cultura com incentivo do Funcultura.
Restauro
De acordo com a restauradora e fiscal do projeto, Suzana Omena, várias áreas da pintura original estavam cobertas por tintas de parede e encontravam-se em estado ruim de conservação, a exemplo de alteração cromática, craquelês, descolamento da camada pictórica, desgaste, excrementos de insetos e insetos aderidos, manchas e rachaduras.
"Houve uma intervenção na década de 1970, mas infiltrações provocaram a degradação das pinturas. As paredes que não sofreram tanto com infiltrações nos deram a referência para restaurar todas as pinturas da sala, como elas eram originalmente", explica Omena.
"É um trabalho minucioso, praticamente um processo cirúrgico. Você tem que remover camada por camada das tintas colocadas por cima das pinturas, mas preservar o que está por trás, que nem sempre a gente sabe como está. Estamos no processo de reintegrar as partes faltantes dessas pinturas", conta o coordenador da equipe de restauro, Walas Fidélis.
Trabalham com ele no projeto ainda as restauradoras Rildete Nascimento, Rosa Bispo e Weydes Santos. O projeto contou com a consultoria técnica da restauradora Pérside Omena.
Costumes
As pinturas murais que decoravam a sala de jantar mostram como figuras abastadas da sociedade no século 19 se relacionavam com a arte, inclusive dentro de suas próprias casas.
"Pelas cores originais das pinturas, a sala deve ficar mais escura do que é atualmente. Mas é como era na época, um resgate da arte e da própria história do edifício, preservando o nosso patrimônio e a nossa cultura", complementa Suzana Omena.
A primeira etapa do projeto de restauração deve ser finalizada até o fim do mês de janeiro, quando a sala deve ser reaberta à visitação pública.