"A gente não é favorito de absolutamente nada. Esse é um ótimo ponto de partida", diz Walter Salles
Cineasta e diretor do filme 'Ainda estou aqui' analisou as três indicações ao Oscar, mas permaneceu cético quanto a uma possível premiação

Apesar da euforia pelas três indicações de 'Ainda estou aqui' ao Oscar (Melhor Filme, Melhor Filme Estrangeiro, além de melhor atriz, pela interpretação de Fernanda Torres), o cineasta e diretor do filme, Walter Salles, mantém os 'pés no chão' quanto a uma possível premiação na cerimônia que está prevista para ocorrer no dia 2 de março, em Los Angeles, nos Estados Unidos.
"Eu queria muito que a indicação de Nanda (Fernanda Torres) saísse, pela incrível atuação dela e por ela ter se doado tanto para esse filme. Então, essa indicação foi extraordinariamente merecida. Eu estava torcendo muito também pela terceira indicação (Melhor Filme), algo que foi incrível, porque ela foi inesperada. Eu sei que muitos bons sites respeitados tinham prenunciado isso, mas eu prefiro não acreditar antes da hora", declarou Walter Salles, em entrevista ao programa 'Em Pauta', da GloboNews.
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Até o dia da cerimônia, o cineasta revelou que seguirá sua maratona de viagens para apresentar o filme em outros países, uma estratégia para, quem sabe, influenciar o júri especializado na hora da votação. "Eu nunca estou otimista (quanto a ganhar uma estatueta do Oscar). Eu sempre vejo o otimista como uma pessoa relativamente mal informada. Mas o que a gente tem feito é apresentado o filme nos países onde ele ainda vai ser lançado, em circuitos independentes. A gente abraçou a ideia do circuito independentes e temos feito vários debates que estão potencializando o filme. Então, essas pessoas abraçaram a história e deram visibilidade ao filme. Quem vota veio ver o debate no final e assim está sendo feita a nossa campanha. É uma campanha muito diferente das outras campanhas, mas até onde que esse tipo de campanha posso pode nos levar, não sei. Mas uma coisa é certa: a gente não é favorito de absolutamente nada. Esse é um ótimo ponto de partida", analisou Salles ceticamente.
Protagonismo feminino
Inspirado no livro de Marcelo Rubens Paiva, filho de Eunice Paiva e Rubens Paiva, o filme 'Ainda estou aqui' mostra um protagonismo feminino, na figura de Eunice Paiva, mesmo diante de um cenário cruel do período da Ditadura Militar.
"O filme existe, primeiramente, graças à percepção do Marcelo de enxergar que a mãe dele tinha sido a heroína daquela daquela história familiar. Um livro extraordinário em que ele também oferece a possibilidade de você reencontrar a história do Brasil. Através do feminino, através da entrega de Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, que abraçaram esse personagem com um um talento extraordinário e com uma enorme integridade. É a ética que elas têm sabe. Então, o filme é construído a partir dessas vertentes", explicou Walter Saller.