Teatro de Santa Isabel sofre furto e vê crescer número de pessoas em situação de rua na fachada
Tampas de metal das cisternas do foram levadas e banner da entrada quase foi arrancado; Prefeitura diz que segurança foi reforçada com Guarda

Frequentadores e trabalhadores do Teatro de Santa Isabel, na Praça da República, no Centro do Recife, andam expressando preocupação com a crescente presença de pessoas em situação de rua que buscam abrigo sob os arcos da entrada do espaço.
A expressão da desigualdade social no entorno da Praça da República não é nova. Há pouco tempo, o Liceu Nóbrega de Artes e Ofícios, outro prédio histórico bem ao lado, na Rua do Príncipe, também era alvo constante.
Recentes episódios ampliaram a sensação de insegurança. Segundo fontes, no domingo passado (9), duas tampas de metal das cisternas do teatro foram levadas.




Já na noite da última terça-feira (11), foi percebida uma tentativa de furto do banner que fica ao lado da bilheteria, pois as suas presilhas estavam desatadas. O furto não foi consumado porque um Guarda Municipal percebeu e impediu.
Procuradas pela reportagem, a Secretaria de Cultura e a Fundação de Cultura Cidade do Recife informaram que "a proteção do Teatro de Santa Isabel foi reforçada com agentes da Guarda Municipal e que as reposições de materiais necessários já foram devidamente providenciadas."
Desafio
A presença numerosa de moradores de rua têm sido notada por frequentadores no período da noite. "Eles são abordados o tempo inteiro, com pedidos de dinheiro ou comida. Quando tentamos algum contato com essas pessoas em situação de rua, não somos bem recebidos", diz uma fonte, em reserva.
Quando o Santa Isabel fecha, o espaço abaixo dos arcos é ocupado pelos moradores. Pela manhã, funcionários precisam limpar fezes e restos de comida espalhados. Em fevereiro, com o recesso do teatro, o número de pessoas também aumentou durante o dia.
"A Prefeitura precisa entender que esse é um patrimônio recifense, da cultura nacional, que precisa ser preservado, principalmente porque é um cartão postal da cidade", diz Leidson Ferraz, pesquisador de teatro e frequentador assíduo do local.
"Soube que os turistas estão evitando cada vez mais passar pela frente do teatro pela situação que está. As pessoas vão à Praça da República, ao Palácio Campo das Princesas, mas acabam evitando o Teatro", continua.
Além das peças e dos shows, o equipamento oferece dois tipos de visitas regulares: as visitas guiadas, oferecidas aos domingos, às 14h, 15h e 16h, sem necessidade de agendamento prévio; e as visitas de educação patrimonial, com agendamento prévio.
História
O Teatro de Santa Isabel foi inaugurado em 18 de maio de 1850, após as reformas urbanas realizadas pelo governador Francisco do Rego Barros, o Conde da Boa Vista. O arquiteto responsável foi o francês Louis Léger Vauthier.
Além da história com as artes cênicas, o local é muito lembrado por ter sido palco da campanha abolicionista ao longo daquele século.
Foi tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 31 de outubro de 1949, sendo considerado um dos 14 teatros-patrimônio do Brasil.