CINEMA

Janela Internacional de Cinema do Recife retorna às salas em edição especial

Festival realiza mostras, estreias e aulas - uma delas com Antônio Pitanga - entre os dias 12 e 24 de julho

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Romero Rafael

Publicado em 08/07/2022 às 18:28 | Atualizado em 12/07/2022 às 15:28
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O festival Janela Internacional de Cinema do Recife volta a ocupar salas da cidade, movimento que não fazia desde 2019. A edição mais recente foi realizada em 2021, mas em formato online, devido às restrições da pandemia. Esta de agora, com programação de 12 a 24 de julho, é especial, como uma antessala para a 14ª edição, que ocorrerá em novembro, mês em que o festival acontecia de costume, com mostras competitivas.

"No final do ano, o Janela deve retomar o formato que conhecemos antes do início da pandemia, e esta edição de agora marca um retorno do Janela à cidade - mais um experimento, e também extremamente especial, que montamos com olhos e ouvidos atentos", ressalta Luís Fernando Moura, coordenador da programação do Janela e também curador desta edição, junto com Lorenna Rocha e Rita Vênus.

Duas mostras especiais e inéditas, estreias de filmes e um ciclo de aulas, uma delas com participação de Antônio Pitanga, compõem esta edição especial do Janela Internacional de Cinema do Recife. As sessões serão no Cinema da Fundação, no Derby, e no Cine Teatro do Parque, na Boa Vista. Na abertura, terça-feira (12), às 19h, os três curadores vão promover um diálogo online com o público, pelo site do festival.

A programação completa desta edição especial do Janela, com títulos, horários e locais, está disponível, por ora, em arquivo, e em breve estará no site do Janela. A venda de ingresso iniciará sempre uma hora antes da sessão. No Cinema da Fundação custa R$ 7 (preço único), às terças; R$ 14 (inteira) e R$ 7 (meia), da quarta-feira ao domingo, com acesso gratuito para professores às quartas. Já no Cine Teatro do Parque, o bilhete custa R$ 10 (inteira) ou R$ 5 (meia).

As aulas presenciais serão realizadas no Cinema da Fundação, gratuitamente. E as entradas serão distribuídas na bilheteria, com uma hora de antecedência.

Mostras

Uma das mostras da edição especial do Janela concentra a produção da cineasta estadunidense Kelly Reichardt, considerada um dos principais nomes do cinema independente mundial. Sua obra dirige um olhar contemporâneo para a identidade dos Estados Unidos e os efeitos da colonização. Feita pela primeira vez no Brasil, é composta pelos sete longas-metragens já realizados por ela: "Rio de Grama", "Antiga Alegria", "Wendy e Lucy", "O Atalho", "Movimentos Noturnos", "Certas Mulheres" e "First Cow: A Primeira Vaca da América".

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Cena do filme "First Cow - A Primeira Vaca da América", de Kelly Reichardt - DIVULGAÇÃO

Em outra mostra, Ladrões de Cinema, com curadoria dedicada ao protagonismo de atores e atrizes negras na história do cinema brasileiro, serão exibidos cinco longas-metragens. Entre eles, A Rainha Diaba (1974), estrelado por Milton Gonçalves, ator falecido em maio. Para este momento, o Janela realizou a digitalização dos negativos do filme, em parceria com a organização Cinelimite e o laboratório Link Digital.

Com roteiro de Plínio Marcos, Milton Gonçalves interpreta um personagem inspirado em João Francisco dos Santos, conhecido como Madame Satã. O trabalho do ator é reconhecido, hoje, como pioneiro no cinema LGBT+. Antônio Carlos Fontoura, diretor de A Rainha Diaba, e Débora Butruce, consultora do processo de digitalização, vão participar de debate após a exibição, marcada para o dia 19, às 19h30, no Cine Teatro do Parque.

A mostra Ladrões de Cinema exibirá, ainda, a cópia restaurada, e estreada no Festival de Cannes de 2021, de Orfeu Negro (1959), produção francesa filmada no Rio de Janeiro que conquistou a Palma de Ouro.

O festival aproveita esta retomada do encontro presencial para exibir em sala de cinema, como mostra, o conjunto de curtas-metragens Eu me Lembro, com filmes comissionados pelo Janela exibidos online na edição de 2021. As produções abordam a importância das memórias individuais e coletivas, dos arquivos e da preservação das histórias, e foram realizadas por cineastas como Anna Muylaert, Kaique Brito e Bruno Ribeiro.

Estreias e pré-estreia

Nesta edição especial do Janela Internacional de Cinema do Recife, o diretor pernambucano Fellipe Fernandes vai estrear Rio Doce. Gravado em Olinda e estrelado pelo rapper Okado do Canal, já foi premiado no festival Olhar de Cinema, de Curitiba; na mostra Première Brasil Novos Rumos, do Festival do Rio, e no Festival de Cinema Latino-americano de Toulouse.

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Cena de "Rio Doce", de Fellipe Fernandes - DIVULGAÇÃO

Também haverá a estreia do documentário musical Entre Nós Talvez Estejam Multidões, realizado por Aiano Bemfica e o pernambucano Pedro Maia de Brito.

Já a artista Anti Ribeiro apresentará uma peça sonora para uma sala de cinema, criação comissionada pelo Janela. "A ideia é que as pessoas vão à sala de cinema para uma experiência diferente, não com a imagem propriamente, com o som, e Anti Ribeiro tem tido um trabalho artístico notável nessa pesquisa, intimamente ligada às noções de diáspora e da construção de outras percepções", diz o coordenador e curador Luís Fernando Moura.

Em parceria com a Mubi, haverá a pré-estreia de Crimes of the Future, longa de David Cronenberg exibido no Festival de Cannes. A história de terror/ficção científica segue Saul Tenser (Viggo Mortensen), artista que, junto com sua parceira, Caprice (Leá Seydoux), mostra publicamente a metamorfose de seus órgãos em performances de vanguarda. O trabalho tem chamado a atenção pela atuação de Kristen Stewart.

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Viggo Mortensen em "Crimes of the Future", de David Cronenberg - DIVULGAÇÃO

Antônio Pitanga

No ciclo Aulas do Janela, o ator e diretor Antônio Pitanga vai participar de um encontro online intitulado "Cinema que Ginga", com mediação de Lorenna Rocha e Gabriel Araújo, da plataforma Indeterminações, dedicada à pesquisa sobre o cinema negro brasileiro. Será às 19h do dia 20 de julho.

Outras aulas

Presencialmente, serão oferecidas duas aulas dedicadas à preservação de filmes: uma delas com Antônio Carlos Fontoura, diretor de "A Rainha Diaba", e a conservadora Débora Butuce, responsável pela digitalização da obra; na outra, os profissionais preservadores William M. Plotnick e Laura Batitucci, da Cinelimite, vão falar sobre métodos de preservação e digitalização.

Mais duas aulas presenciais miram na produção de imagens fora do circuito de cinema: numa, a artista Lia Letícia fará uma aula-performance em torno de figurinhas de comunicação remota e das maneiras contemporâneas de criar narrativas; na outra, o jornalista e pesquisador GG Albuquerque fará um ensaio comentado com vídeos de música que circulam pela internet, particularmente de artistas negros, como uma espécie de playlist-palestra ao vivo.

Já na área de fomento, será realizada a segunda edição da Janela de Criação, uma oficina para realização de filmes curtos, conduzida pela curadora Rita Vênus e ministrada pelo Archivo da Memória Trans Argentina, por videoconferência. A oficina será aberta à participação de pessoas transgêneras, que irão criar filmes a partir dos seus arquivos pessoais e de imagens do Archivo Trans. As inscrições ainda serão anunciadas nas redes sociais do festival.

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