LUTO

Morre, aos 61 anos, o maestro Letieres Leite

Nome importantíssimo para a cultura nacional, Letieres Leite era arranjador, compositor e multi-instrumentista

Imagem do autor
Cadastrado por

Nathália Pereira

Publicado em 27/10/2021 às 17:04 | Atualizado em 27/10/2021 às 21:35
Notícia
X

*Atualizada às 21h34

Mais uma imensurável perda abala a música nacional. Morreu, nesta quarta-feira (27), em Salvador, o maestro Letieres Leite, aos 61 anos. A informação foi confirmada pela produção do músico ao portal G1 Bahia, mas a causa da morte ainda não foi divulgada. Sabe-se apenas que o artista passou mal, falecendo pouco depois, na casa em que morava, na capital baiana.

Nome importantíssimo para a cultura nacional, Letieres Leite nasceu em Salvador, em dezembro de 1959. Era arranjador, compositor, diretor musical e multi-instrumentista, além de estar à frente do Instituto Rumpilezz, nomenclatura que batiza também a orquestra de percussão e sopros criada há 15 anos. Nela, era regente e responsável por toda a ambientação - sonora e visual - dos espetáculos. 

Governador do estado da Bahia, Rui Costa (PT) lamentou a morte do maestro. "Letieres revelou talentos com o projeto Rumpilezz e levou nossa percussão para o mundo. Sua morte é uma enorme perda para a cultura da Bahia e para todos nós que admirávamos a sua genialidade. Que Deus conforte o coração dos seus familiares", declarou em sua conta no Instagram.

PARCERIAS

Um dos trabalhos mais recentes de Letieres foi a criação dos arranjos para Noturno, álbum de Maria Bethânia lançado em julho, mas as contribuições para a obra de artistas brasileiros foram inúmeras. Só com a conterrânea Ivete Sangalo passou mais de 12 anos como percussionista e saxofonista, elaborando arranjos de hits como Festa, Tô na Rua e Abalou.

Gilberto Gil, Caetano Veloso, Elba Ramalho, Carlinhos Brown, Daniela Mercury, Olodum, Ilê Aiyê e Larissa Luz são outros dos muitos que integram a lista de parceiros do músico.

Leia também: Bongar expande seu repertório musical no simbolismo de 'Ogum Iê!'

GRUPO BONGAR

Letieres Leite foi grande parceiro de trabalho de outro nome fundamental do qual nos despedimos este ano, Guitinho da Xambá, fundador e vocalista do Grupo Bongar, que faleceu em fevereiro, com apenas 38 anos. Letieres produziu o álbum Ogum Iê, lançado pelo Bongar em 2017. O baiano foi incentivador da nova sonoridade experimentada pelos músicos pernambucanos, estimulando que tocassem outros instrumentos além dos tambores. Como resultado, Thulio e Beto da Xambá criaram preciosidades como o arranjo de cordas para Sete Caminhos, que contou ainda com a flauta do maestro.

Leia também: Morre Guitinho da Xambá, vocalista do grupo Bongar

“Com todo respeito a Juliano Holanda e Benjamin Taubkin (que produziram a banda nos CDs anteriores), não poderia ter melhor opção que ele. Como o disco é uma fusão das minhas poesias com cantos iorubanos que ouvi desde menino, precisava ser alguém que vivesse o mundo da composição erudita mas com um pé fincado na questão afro. Ele ficava como babalorixá, no centro dos músicos. Pulando, dançando, conduzindo. Ele fazia gestos que a gente sabia, de um babalorixá quando quer que o ogan faça determinado toque", comentou Guitinho, em entrevista ao JC,  à época do lançamento.

Em resposta, o maestro afirmou: “o som do Bongar é único. Fiquei impactado com a consciência que todos têm de conhecer o seu lugar e o sentimento de pertencimento do grupo na comunidade. É impressionante e lindo de ver".

VELÓRIO

O perfil oficial do Instituto Rumpilezz no Instagram informou que o corpo de Letieres Leite será velado amanhã (quinta-feira, 28), no Cemitério Bosque da Paz, em Salvador. Depois, seguirá para ser cremado no mesmo local. Devido às restrições impostas pela covid-19, a cerimônia será restrita aos familiares.

 
 
 
View this post on Instagram
 
 
 

Uma publicação compartilhada por Instituto Rumpilezz (@rumpilezz)

Tags

Autor