Levantamento com 220 empresários pernambucanos feito pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide) e divulgado nesta terça-feira (31) mostra que 72% dos entrevistados estão insatisfeitos com as medidas econômicas anunciadas pelo governo do Estado para amenizar os efeitos da crise provocada pelo novo coronavírus.
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A pesquisa foi divulgada no mesmo dia em que o governo do Estado anunciou medidas para auxiliar o setor produtivo produtivo do Estado. O governo informou nesta terça (31) que vai prorrogar até o dia 30 de junho os prazos relativos ao cumprimento de obrigações tributárias e contestações, suspensão de execuções fiscais e notificações de débitos.
Em relação aos projetos anunciados pela prefeitura do município onde a empresa atua, um percentual de 70% também se mostrou insatisfeito com o prefeito. Quando são perguntados sobre a atuação do governo federal, a avaliação é ainda pior. 91% dos entrevistados se dizem insatisfeitos em relação às medidas econômicas anunciadas.
A insatisfação detectada na pesquisa deve-se ao perfil das empresas consultadas. De todas, 115 delas, ou 52%, têm faturamento acima de R$ 50 milhões. Ou seja, não são beneficiadas por medidas anunciadas pelo governo federal, como o empréstimo a juros subsidiados para ajudar no pagamento da folha de salários. Essa medida só vai beneficiar pequenas empresas com faturamento entre R$ 360 mil e R$ 10 milhões.
Na segunda (30) o governador Paulo Câmara participou de uma videoconferência com representantes de entidades empresariais do Estado. Na ocasião, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Bruno Schwambach, destacou que o governo de Pernambuco está buscando alternativas para manter a atividade econômica e os empregos. O principal pleito dos empresários ao governador foi relativo à flexibilização tributária.
Segundo divulgou o governo do Estado nesta terça (31), os pleitos defendidos pelo setor produtivo do Estado, como a prorrogação de impostos estaduais, mudanças na base de cálculo do percentual do ICMS e o alongamento dos vencimentos e parcelamentos das dívidas "dependem de decisões que devem ser tomadas em reuniões do Conselho Nacional de Política Fazendária – Confaz e do Comitê Nacional de Secretário da Fazenda, Finanças, Receitas ou Tributação dos Estados e Distritos Federal – Comsefaz".
As empresas ouvidas na pesquisa da Lide atuam em vários segmentos da economia, sendo que a maioria, ou 18%, é do setor de serviços, seguida da indústria (11%) e comércio (10,4%).
O questionário foi aplicado entre os dias 24 e 30 de março com empresas localizadas em Pernambuco. Os executivos dessas companhias responderam um formulário online sobre suas percepções, impactos e projeções sobre a crise do covid-19. O material foi feito em parceria com a Dataflow, empresa de inteligência de mercado e a WHF Design Company, consultoria de design para negócios.
ADAPTAÇÕES
A maioria das empresas ouvidas pela pesquisa passaram a adotar o sistema de home office, total ou parcialmente, num percentual que chega a 80% dos pesquisados. Além de adotarem o trabalho remoto, as companhias também disseram que melhoraram a higienização de suas instalações (47,7%) e um quarto delas, ou 20%, passaram a adotar redução de jornada e 10% já começou a demitir.
Segundo os empresários ouvidos o maior impacto negativo da covid-19 se dá em cima do faturamento da empresa. Cento e vinte empresários (ou 54,5% do pessoal ouvido) respondeu que o coronavírus está afetando a entrada de novas receitas e 67 deles (30%) informaram que há também o desafio de gestão e de adaptação de rotina.
Com relação ao impacto nas receitas, a maioria, ou 31,8%, acredita que vão perder 50% de faturamento neste período de crise. 15,7% acham que as perdas chegarão a 70% e há até mesmo uma pequena parta (8%) que acha que não vai conseguir gerar receita neste período. 50% dos empresários acreditam que a crise vai durar entre 60 e 90 dias e 45% deles acham que vão conseguir atravessar esse período mas fazendo ajustes na operação.
Para passar pela crise, a maioria (30%) informou que o jeito será cortando custos, seguidos daquelas que vão renegociar com fornecedores (20%) e dos que vão adotar novas estratégias comerciais (19%). Redução de funcionários é previsto por 12% dos entrevistados e outros 10% dizem que vão injetar capital no negócio.
Apenas 3% dos entrevistados disseram que não estão preparados para a crise do coronavírus.
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