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Demanda por etanol cai 60% e produtores de Pernambuco pressionam por maior tributação da gasolina

No período de entressafra, setor sucroenergético vive incerteza quanto ao cenário econômico do setor

Lucas Moraes
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Lucas Moraes
Publicado em 22/04/2020 às 18:36 | Atualizado em 22/04/2020 às 18:38
BOBBY FABISAK/JC IMAGEM
IBGE diz que queda de 9,59% no preço dos combustíveis em abril foi o principal fator para derrubar a inflação - FOTO: BOBBY FABISAK/JC IMAGEM

A queda do petróleo e a baixa demanda em virtude do isolamento social necessário ao combate da covid-19 têm transformado a entressafra das usinas de cana-de-açúcar em Pernambuco num período de incerteza. Produtores de etanol, os usineiros acompanham apreensivos a desvalorização do preço da gasolina, enquanto buscam amparo do governo para aumento da tributação incidente no combustível - medida apontada como saída para manter o equilíbrio das vendas nas bombas dos postos.

Derivada do petróleo, a gasolina vem acumulando uma série de reduções ao longo deste ano. Embora, em tese, isso seja algo bom para o consumidor, para os donos de postos de gasolina e usineiros produtores de etanol é uma conta que não fecha, e pode agravar ainda mais uma situação de crise no mercado sucroenergético.

“Estamos na entressafra, mas para a safra que vem estamos apreensivos com vários componentes que são imponderáveis.O isolamento causou de fato uma demanda muito menor, quase uma corrosão na demanda pelos combustíveis veiculares. É preciso que pelo menos se mantenha um equilíbrio de competitividade para o etanol, viabilizando a remuneração dos custos de produção”, explica o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool em Pernambuco (Sindiaçúcar), Renato Cunha.

Álcool x Gasolina

A última safra de cana no Estado foi “extremamente álcooleira”, ou seja, com grande vocação para a produção de etanol. No período de 2019 até março de 2020, foram esmagadas 12,5 milhões de toneladas de cana, destinando-se ao etanol 450 milhões de litros. A safra gerou, inclusive, estoque, mas até agora a demanda por etanol já tem caído até 60% em todo o Estado, nas contas do Sindaçúcar.

Nos postos, o preço da gasolina na bomba acumula queda de 10,1% neste ano até a semana do último dia 18, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Na última terça-feira, a Petrobras, acompanhando a desvalorização internacional do petróleo, reduziu em 8% os preços da gasolina. O valor médio da gasolina vendido nos postos brasileiros caiu em 23 Estados e no Distrito Federal na semana passada, ainda conforme a ANP, deixando o etanol vantajoso apenas em Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo.

Para tentar resolver essa equação de forma benéfica para o setor de cana-de-açúcar, a indústria sucroenergética espera que até o fim desta semana o governo se posicione quanto à adoção de medidas como a redução do PIS/Cofins, a abertura de uma linha de crédito para estocagem no valor de R$ 9 bilhões e um ajuste no valor da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina A, saindo dos atuais R$ 0,10 por litro, para R$ 0,50 por litro.

“O mais importante é manter a produção, então o governo precisa primeiro arrecadar. a Cide acarreta receita, para estados membros e municípios, é um colchão. A gradação vai ser muito de acordo com a política de preços do governo. Não é ficar usando, é tentar fazer um colchão para que não caia sucessivamente (o preço da gasolina), porque as quedas inviabilizam a produção”, justifica Cunha.

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