Aena registra recorde na movimentação de cargas no Aeroporto do Recife

O número de voos cargueiros deve aumentar em 63% neste mês de maio, segundo a empresa espanhola Aena, que administra o Aeroporto Internacional dos Guararapes

Edilson Vieira
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Edilson Vieira
Publicado em 20/05/2020 às 21:35
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Transporte de material médico-hospitalar para combate ao coronavírus colaborou para aumento da demanda por voos cargueiros - FOTO: Divulgação

O Aeroporto Internacional do Recife/Guararapes registrou recorde na movimentação de cargas aéreas. Neste mês de maio, o número de voos cargueiros no terminal do Recife terá aumento de 63% em comparação ao mesmo período de 2019, segundo a empresa espanhola Aena, que administra o Aeroporto do Recife deste março deste ano. Grande parte desse crescimento se deve ao transporte de insumos relacionados aos trabalhos de prevenção e tratamento da covid-19.

Ainda segundo a Aena, esse mês, já estão confirmados 238 voos exclusivos de carga para o Aeroporto do Recife, contra 162 operações em abril, o que representa um aumento de 47%. Em maio do ano passado, foram registrados 146 voos de carga. Sobre a necessidade de adequar o terminal de cargas por conta do aumento da demanda, a Aena informou, através de nota, que o Aeroporto do Recife já tem a infraestrutura necessária para acomodar este aumento da movimentação de cargas.

Em termos de Brasil, segundo dados da Agência nacional de Aviação Civil (Anac), o transporte de cargas e de Correios registrou queda 66,8% no mês de abril deste ano, em relação a abril de 2019. No mês passado, foram transportadas no País 12.216 toneladas, quando em abril de 2019 o montante chegou a 36.387 toneladas.
Para o presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz, o transporte de cargas é uma maneira de manter a atividade das empresas aéreas após a queda vertiginosa do mercado de passageiros. As companhias, inclusive, estão cada vez mais mesclando as operações, aproveitando a “barriga” das aeronaves onde normalmente vão as malas, como espaço para o transporte de cargas.
“Dos 2.700 voos diários que tínhamos pre-crise, hoje nós temos aproximadamente 180 voos diários, cerca de 8,5% da malha normal. O tráfego aéreo doméstico caiu 92% e o tráfego internacional praticamente 100%”.

Eduardo Sanocivz disse ainda que com esses 180 voos todas as 26 capitais do País e o Distrito Federal, além de outras 20 cidades, estão sendo atendidas com o transporte de mercadorias. “Assim, conseguimos manter o país conectado e a logística funcionando, principalmente pela parte de baixo dos aviões. Os porões estão voando cheios porque, além da carga que a gente normalmente transporta, estamos levando respirador, remédio, testes, etc. A parte de cima da aeronave, onde vão os passageiros, voam com bem pouca ocupação, em média, menos da metade do avião”, afirmou o presidente da Abear.

EMPRESAS

As empresas aéreas procuradas pela reportagem do JC confirmam o aumento significativo nos últimos dois meses de transporte de equipamentos de proteção individual (EPIs), medicamentos e aparelhos para hospitais passando pelo Recife, considerado um hub de carga aérea da região.

De acordo com a Azul, já passaram mais de 6 mil toneladas de carga pelo aeroporto da capital pernambucana entre o início da pandemia e o dia 15 deste mês. A maior parte desses materiais veio de Santa Catarina e São Paulo e os principais destinos, além de Pernambuco, foram Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba e Pará. O terminal recifense é hoje o segundo principal no segmento cargueiro para a companhia, ficando atrás apenas de Viracopos, em São Paulo. A receita da Azul Cargo cresceu 41% no primeiro trimestre deste ano comparado com o mesmo período no ano anterior.

Já a Latam informou que a capacidade de cargas da companhia foi afetada pela redução dos voos de passageiros. A forma encontrada para compensar é a utilização de aeronaves de grande porte nas rotas consideradas estratégicas, sendo Recife uma delas, e a adaptação de aeronaves de passageiros para o transporte de cargas. A Latam estima que teve crescimento anual de 56% para 75% na taxa de ocupação do espaço para cargas das aeronaves para o mês de abril, no comparativo com o mesmo período em 2019. Embora tenha registrado em abril de 2020 uma redução de 32% no volume de cargas transportadas no mês e uma diminuição de 49,1% na capacidade cargueira.

A Gol não divulgou detalhes de sua operação, apenas disse através de nota que “realiza o transporte de cargas em seus voos conforme a capacidade disponível atualmente, ajustada à readequação da malha aérea pelo impacto do coronavírus. No momento, a Companhia está priorizando o embarque da carga expressa (animais vivos e fármacos)”.

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